01/04/2021 11h04
ON LINE X OFF LINE
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<header aria-label="Cabeçalho da newsletter" id="reader-article-header" style="box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 16px; vertical-align: baseline; background-image: initial; background-position: initial; background-size: initial; background-repeat: initial; background-attachment: initial; background-origin: initial; background-clip: initial; color: rgba(0, 0, 0, 0.9); font-family: -apple-system, system-ui, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, "Helvetica Neue", "Fira Sans", Ubuntu, Oxygen, "Oxygen Sans", Cantarell, "Droid Sans", "Apple Color Emoji", "Segoe UI Emoji", "Segoe UI Symbol", "Lucida Grande", Helvetica, Arial, sans-serif;"> </header></p>
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<div id="/uploads/imagem_arquivo/691618_onoff.png" style="float:left; margin-top:10px; margin-bottom:5px; width:645px;">
<img alt="on line off line" class="3" height="344.23180593" name="691618_onoff.png" src="/uploads/imagem_arquivo/691618_onoff.png" style="float:left;" title="on line off line" width="645" /><strong style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14px; background-color: transparent; color: var(--color-text);">Você sabia que o Facebook tem mais de 2 bilhões de usuários ativos on-line? Pois é. E para programar essa nova visão ele terá que cobrir o abismo que existe entre o on-line e o off-line. Uma comunidade pode começar com um agrupamento on-line, mas para poder crescer e solidificar-se terá que plantar suas raízes no mundo off-line igualmente. Se um dia um governo qualquer quiser banir o Facebook de seu país, será que as comunidades destruídas se evaporarão, ou se reagruparão para agir em contrário? Será que serão capazes de terem uma comunicação on-line? </span></strong></div>
<div style="float: left; margin-top: 10px; margin-bottom: 5px; width: 645px; text-align: justify;">
<strong><span style="font-size: 14px; background-color: transparent; color: var(--color-text);">Zuckerberg diz que as comunidades on-line ajudam a formar comunidades off-line. Em alguns casos isso pode ser verdade. Mas em muitos casos o on-line acontece em prejuízo do off-line. Existe uma diferença fundamental entre os dois. Comunidades físicas têm uma profundidade que comunidades virtuais não são capazes de atingir. Se eu estiver doente de cama em minha casa em São Paulo, meus amigos on-line em São Francisco podem falar comigo, mas não poderá alcançar-me um copo de leite, um pacote de biscoites, etc.</span></strong></div>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Humanos têm corps. Durante o século passado a tecnologia nos distanciou de nossos corpos. Se foi a capacidade de atenção ao cheiro e ao gosto. Passamos a ser chupados por nossos celulares e computadores. Estamos mais interessados no que está acontecendo no espaço do que o que está acontecendo na esquina da nossa própria rua. Está mais fácil do que nunca falar com meu irmão que mora em Amsterdam, mas é quase impossível falar com o meu filho na hora do café da manhã, ele não tira os olhos do telefone e não olha para mim em nenhum momento.</span></span></h1>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> Olhando para o passado veremos que não era assim. E bem mais para trás veremos nossos ancestrais coletores sempre atentos a tudo que os rodeava. Percorriam a floresta em busca de cogumelos comestíveis, espreitando o solo buscando qualquer relevo revelador. Davam muita atenção ao movimento das plantas rasteiras para saber se havia alguma cobra de tocaia. Quando encontravam um cogumelo, provam com atenção para saber se não eram venenosos. Os membros das atuais sociedades não necessitam desta atenção. Caminham pelos corredores de um supermercado digitando mensagens no celular comprando qualquer item, pois já foram vistos e analisados pelas autoridades sanitárias para saborear oque compraram diante de uma tela verificando e-mails ou vendo televisão, sem dar nenhuma atenção ao gosto ou cheiro do alimento.</span></span><o:p></o:p></h1>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> As ferramentas que nos proporciona os meios virtuais não nos permite compartilhar nossas experiências com os outros. É possível que o que necessitamos sejam ferramentas para que nos comuniquemos com nossas próprias experiências. No compartilhamento de experiências somos incentivados a compreender o que nos está acontecendo pelo que os outros veem. Se acontecer algo extraordinário, o nosso instinto será fotografar e esperar pelas curtidas. Durante o processo mal percebemos o que sentimos. Nossa atenção está voltada para as reações on-line.</span></span><o:p></o:p></h1>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> Pessoas separadas dos seus corpos, sentidos e entornos físicos alienados e desorientadas. Especialistas costumam culpar por estes sentimentos de alienação no decaimento de ligações religiosas e nacionais. mas a perda de contato com o corpo talvez seja o mais importante. Os humanos viveram milhões de anos sem religiões e sem nações, e são capazes de viverem felizes no século XXI também. Mas não serão capazes de gozarem da felicidade de viveram desconectados dos seus corpos. Se seu corpo não for a sua casa e você não se sentirem feliz dentro dela, jamais se sentirá feliz dentro do mundo.</span></span><o:p></o:p></h1>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> O modelo de negócio das redes sociais estimula as pessoas a passarem cada vez mais tempo on-line, mesmo que isso proporcione menos tempo e energia que devem ser aplicadas nas atividades off-line. O ideal seria um modelo que estimule as pessoas a ficarem on-line somente quando seja necessário, e dedicar mais atenção ao entorno físico, aos seus próprios corpos e sentidos. Mas o que será que os acionistas acharão desta ideia? Um modelo alternativo foi sugerido por Tristan Harris, ex-funcionário do Google e filósofo de tecnologia que desenvolveu uma nova métrica de “tempo bem utilizado”. Acontece que os relacionamentos on-line têm limitações e as soluções apresentadas sofrem com a polarização social. Elas mostram, com muita razão, que só juntar pessoas e exibir a diferentes opiniões não servira para unir divisões sociais, porque mostra a pessoa um produto com uma forma de ver contrária e isso aprofunda a polarização e enquadra outras formas de ver estranhas. É possível que uma melhor solução possa vir de cada um conhecer o outro como uma pessoa inteira e não somente como opinião – algo para o qual o Facebook possa ser o único instrumento possível e adequado. Se nos conectarmos com pessoas com base no que seja comum – como equipes esportivas, programas de televisão, interesses – pode se tornar mais fácil falar sobre aquilo que discordamos.</span></span><o:p></o:p></h1>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> O problema é que é muito difícil conhecer o outro como uma pessoa inteira. Para isso é necessário muito tempo, e se faz necessário uma interação física direta. Nos humanos somos incapazes de conhecer inteiramente mais de 120 pessoas. No mundo ideal, a construção de comunidades não pode ser um jogo de soma zero. Os humanos podem ser leais a diversos grupos ao mesmo tempo. O problema é que relações íntimas se torna um jogo de soma zero. Depois de certo ponto, o tempo e a energia que você gasta para formar conhecimento com seus amigos on-line no Canadá ou no Chile será as expensas de sua disponibilidade para conhecer seu vizinho ao lado.</span></span><o:p></o:p></h1>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> A grande prova de fogo será quando um engenheiro de qualquer uma das redes sociais criarem uma ferramenta que faça as pessoas passar menos tempo comprando objetos on-line e mais tempo em atividades off-line interessantes com amigos. A rede social adotará ou suprimirá uma ferramenta assim? Será que a rede vai mudar sua convicção e privilegiar preocupações sociais em detrimento de interesses financeiros? Será que conseguirão evitar a falência. Se assim for será uma transformação extraordinária.</span></span><o:p></o:p></h1>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> Consagrar mais precaução ao mundo off-line do que a o seu faturamento trimestral mexerá também em sua política de impostos. Então todas as redes sociais como Amazon, Google, Apple e todas as outras, gigantes ou não da tecnologia que sofrem acusações de sonegação fiscal terão ainda mais problemas. As dificuldades correspondentes à cobrança de tributos pelas atividades fiscais tornam fáceis para essas redes globais a prática de contabilidade criativa. Se pensarmos que as pessoas vivem principalmente on-line, e que você lhes fornece todas as fermentas necessárias para sua existência on-line, você pode considerar- se um serviço social bem benéfico, mesmo evitando pagar impostos para os governos off-line. Mas, quando lembrar que os humanos têm corpos, e que também necessitam de estradas, hospitais, sistemas de irrigações e esgotos, se tornará bem mais difícil praticar e justificar a sonegação fiscal. Como elogiar as virtudes da comunidade e ao mesmo tempo recusar dar-lhe apoio financeiro aos seus mais importantes serviços?</span></span><o:p></o:p></h1>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> A única coisa que podemos esperar é que as grandes redes sociais sejam capazes de mudar seu modelo de negócio, adotar uma política mais voltada para o off-line e, ao mesmo tempo, ajudem a unificar o mundo e ainda continuar lucrando. Mas não podemos esperar probabilidades irreais quanto a sua capacidade de concretizar essa visão de uma comunidade global. Não conhecemos na história corporações que se tonaram veículos ideais para liderar revoluções sociais e políticas. As verdadeiras revoluções pedirão em algum momento sacrifícios que corporações, seus empregados e seus acionistas não vão querer fazer. É por esta razão que revolucionários estabeleceram igrejas, partidos políticos e exércitos. As chamadas revoluções das redes sociais no mundo árabe começaram com esperançosas comunidades on-line, mas quando viram a tona no dúbio mundo off-line, foram sequestradas por religiosos fantásticos e juntas militares. Se as redes sociais têm agora como objetivo estimular uma revolução global, terá que fazer um trabalho primoroso na criação de uma ponte que atravesse o buraco existente entre on-line e off-line. Todos esses gigantes da comunicação tendem a ver os humanos como animais audiovisuais – um par de olhos e um par de orelhas conectado a dez dedos, uma tela e um cartão de crédito. Esse passo é cruel para a unificação do gênero humano porque eles são obrigados a entenderem que os humanos têm corpos.</span></span><o:p></o:p></h1>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> Essa consideração trás desvantagens. A constatação das limitações dos algoritmos on-line pode instigar os gigantes da tecnologia a entender ainda mais seu alcance. Dispositivos como o Google Glass e jogos como o Pokemón Go soa projetados para eliminar a distinção entre on-line e off-line, unindo-os e uma única realidade aumentada. Em um nível ainda mais profundo, sensores biométricos e interfaces cérebro-computador visam a erodir a fronteira entre máquinas eletrônicas e corpos orgânicos e, literalmente, entrar debaixo de nossa pele. Quando os gigantes da tecnologia adquirirem compreensão completa do corpo humano, poderão acabar manipulando todo nosso corpo da mesma maneira que manipulam nossos olhos, dedos, ouvidos e cartões de crédito. É possível que venhamos a sentir saudades dos bons tempos em que on-line era separado de off-line. </span></span><o:p></o:p></h1>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> Essa separação somente nos poderá promovê-la. ON-LINE. Temos que saber quando devemos estar ON-LINE e quando é necessário desligar as máquinas e ativar o corpo soltando a vida para a liberdade individual e a prática de ações que dependam unicamente de nossos corpos. Olhar com a devida atenção o que nos rodeia, a família os filhos, os amigos e todo o belo que cada dia proporciona, absolutamente grátis, pleno e sem repetições. Nada substitui a vitamina D que vem do sol, o encanto de cada flor ao desabrochar e jogar conversa fora com amigos, sem falta de ar por estar off-line e pelo mero prazer de falar sentindo que estamos praticando o ON-VIDA com a maior das motivações, o prazer de viver e se dá sem cobranças.</span></span></h1>