Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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22/07/2014 09h16

Lusco Fusco - Las Lobas Ciendientes - P1

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<div id="cke_pastebin"> Estamos h&aacute; quatro dias cruzando o inferno. Caminhamos por uma mata fechada, abarrotada por mosquitos, animais pe&ccedil;onhentos e perigos inimagin&aacute;veis. O grupo &eacute; formado por 45 pessoas. S&atilde;o 30 velhinhas combatentes e 15 ref&eacute;ns. Falta apenas um ser: Aquele que ir&aacute; nos salvar desse mart&iacute;rio.</div> <div id="cke_pastebin"> Fomos capturados h&aacute; mais de um m&ecirc;s pelas Lobas Ciendientes. Nos pr&oacute;ximos cap&iacute;tulos explicarei quem s&atilde;o essas senhoras e o combust&iacute;vel que as move. Agora, prefiro relatar o que se passa nesse lugar que afugentaria at&eacute; mesmo Rambo, o bruto da faixa vermelha. As velhinhas, apesar de franzinas e aparentemente debilitadas, t&ecirc;m for&ccedil;a e capacidade f&iacute;sica invej&aacute;veis. Realmente, fomos capturados por uma matilha muito bem preparada.</div> <div id="cke_pastebin"> A rotina &eacute; extenuante. Acordamos &agrave;s quatro da madrugada com chicotadas no rosto. O algoz &eacute; sempre Dona L&eacute;ia. Que mulher &aacute;cida! A&ccedil;oita-nos com prazer. Cada chicotada seguida por um gemido de dor faz com que ela se derreta de alegria. Pobres daqueles que n&atilde;o conseguem levantar-se rapidamente, isto devido &agrave; exaust&atilde;o profunda que toma conta de todos. Para estes existe o Banho de Fogo, uma brincadeirinha que as Lobas adoram praticar.</div> <div id="cke_pastebin"> Os atrasados recebem dezenas de furos, feitos com agulhas de tric&ocirc;, que logo depois s&atilde;o preenchidos com iodo e &aacute;lcool. O toque final, atear fogo nas feridas, &eacute; dado por aquela que matou mais inimigos no dia anterior. Na maioria das vezes essa tarefa cabe a Dona Cissa, a mais estourada de todas, um tanque de batalha que n&atilde;o conhece a compaix&atilde;o ou o amor ao pr&oacute;ximo. Certa vez presenciamos Dona Cissa matar cinco inimigos de uma s&oacute; vez e ainda comer seus &oacute;rg&atilde;os genitais cozidos na baba de caramujo, prato que, segundo ela, &eacute; o segredo de sua ferocidade e for&ccedil;a.</div> <div id="cke_pastebin"> Ap&oacute;s o desjejum (&aacute;gua barrenta e broa de fub&aacute;, que de t&atilde;o endurecida &eacute; tamb&eacute;m usada como arma) nos preparamos para seguir mata adentro. Dona Cl&ocirc;, uma das l&iacute;deres do grupo e a que aparenta ser a mais inteligente, define as coordenadas e d&aacute; a ordem para que todos peguem sua bagagem.&nbsp;</div> <div id="cke_pastebin"> N&atilde;o consigo abrir meu olho esquerdo, est&aacute; muito inchado devido aos socos desferidos por Dona Santinha. Por acidente, rasguei a echarpe dela em um galho e isso despertou o drag&atilde;o da maldade.&nbsp;</div> <div id="cke_pastebin"> Toda caminhada &eacute; um horror. O peso &eacute; enorme em nossas costas, em grande parte decorrente das roupas &iacute;ntimas das Lobas Ciendientes. Elas est&atilde;o cada vez mais irritadas, parece que algo n&atilde;o vai bem. O grupo ainda n&atilde;o sofreu nenhuma baixa, mas algo deixa o ar mais pesado que chumbo.</div> <div id="cke_pastebin"> Antes de sair, Dona Cl&ocirc; mira o c&eacute;u e repete a mesma senten&ccedil;a cuspida em todas as outras manh&atilde;s: &ldquo;J&aacute; perdi muito tempo com voc&ecirc;. Se quiser ajudar, que ajude. Se n&atilde;o, foda-se&rdquo;. Este &eacute; o seu di&aacute;logo com o homem l&aacute; de cima, seu antigo companheiro que hoje se transformou num fiapo de consci&ecirc;ncia, uma desagrad&aacute;vel lembran&ccedil;a.&nbsp;</div> <div id="cke_pastebin"> E assim, abatidos e amedrontados, fracos e incr&eacute;dulos, apertamos o passo em dire&ccedil;&atilde;o ao desconhecido.</div>

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