Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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11/04/2014 09h44

Miscel?nea - Com Lucas Alves Castelli

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<p> Certa vez uma professora minha come&ccedil;ou uma aula perguntando &ldquo;O que &eacute; arte?&rdquo;. Algu&eacute;m poderia enumer&aacute;-las de acordo com a lista do Manifesto das Sete Artes (no original, Manifeste des Sept Arts), proposta por Ricciotto Canudo em 1912: arquitetura, escultura, pintura, m&uacute;sica, dan&ccedil;a, poesia e cinema. Felizmente, ningu&eacute;m o fez. Pois a professora que mal nos olhava durante a aula, n&atilde;o ficaria nada contente com algu&eacute;m subestimando a intelig&ecirc;ncia dela, dessa maneira. Foi assim que em resposta a pergunta e ao sil&ecirc;ncio da classe, ela escreveu na lousa uma frase de um autor brasileiro (no momento, n&atilde;o me recordo qual) que nunca mais saiu da minha cabe&ccedil;a e dizia mais ou menos:</p> <p> &ldquo;Arte &eacute; tudo aquilo que arrepia. Arte tem que arrepiar!&rdquo;.</p> <p> Foi com essa ideia que parti para encontrar meu amigo para irmos no MAC USP (Museu de Arte Contempor&acirc;nea da Universidade de S&atilde;o Paulo), no Pavilh&atilde;o Ciccillo Matarazzo no Parque Ibirapuera, que possui um acervo com mais de mil obras em diversas exposi&ccedil;&otilde;es e todas com entrada gratuita. Visto que meu amigo &eacute; um fot&oacute;grafo em constante pesquisa e que chegamos faltando cerca de apenas 1 hora para fechar o Museu, nos dirigimos diretamente ao andar em que est&aacute; sendo exposta &ldquo;Fronteiras Incertas: arte e fotografia no acervo do MAC USP&rdquo;, at&eacute; o dia 27 de julho.</p> <p> S&atilde;o cerca de 120 trabalhos de artistas como Antoni Mikolajczyk, David Hockney, D&eacute;sir&eacute;e Dolron, Ding Musa, Edward Grochowicz, Jadwiga Przybylak, Josef Myszkowski, Jozef Robakowski, Luiz Braga, Rafael Assef, Vicente de Mello, entre outros. Trinta e oito dessas obras foram incorporadas ao MAC no ano de 1974, quando foi apresentada a exposi&ccedil;&atilde;o &ldquo;Fotografia Experimental Polonesa&quot; em sua sede. H&aacute; alto teor de experimenta&ccedil;&atilde;o nessas obras, desde os materiais usados (gelatina, prata, madeira, tecido e cartolina) &agrave;s quebras das duas dimens&otilde;es usuais &agrave; fotografia at&eacute; a &eacute;poca, conhecidos atualmente por &ldquo;campo expandido&rdquo; e comuns na arte contempor&acirc;nea.</p> <p> Os mais de 80 trabalhos restantes s&atilde;o obras que foram incorporadas recentemente ao Museu e, por serem mais novas, apresentam as liberdades e conveni&ecirc;ncias proveniente das tecnologias digitais. Dispostos de maneira proposital, os trabalhos que abrangem um per&iacute;odo de 1962 a 2010, confundem quanto a data de origem de cada um. Eles compartilham do mesmo anseio cultural, pol&iacute;tico e art&iacute;stico pelo novo, talvez, ainda n&atilde;o alcan&ccedil;ado ou em constante muta&ccedil;&atilde;o.</p> <p> Como 18 horas fechava o MAC USP no dia, e ainda era cedo, aproveitamos e fomos ao MIS. Era a estr&eacute;ia da &ldquo;It&rsquo;s Rock!&rdquo;, a instala&ccedil;&atilde;o fotogr&aacute;fica de Mick Rock, conhecido como &ldquo;O homem que fotografou os anos 70&rdquo;.</p> <p> Tudo come&ccedil;ou no final da d&eacute;cada de 60, quando Mick Rock conheceu o fundador e alma do Pink Floyd, Syd Barrett e decidiu, durante uma viagem de lsd, nunca mais parar de tirar fotos. Talvez seja por isso, que logo na entrada, tenha uma amplia&ccedil;&atilde;o nunca feita de Barrett, num momento de genialidade. Mas foi a parceria com David Bowie o ponto-chave da sua carreira. Fot&oacute;grafo oficial na &eacute;poca em Bowie havia tornado-se Ziggy Stardust, &ldquo;Um alien&iacute;gena andr&oacute;gino e bissexual&quot; nas palavras de Mick Rock. Isso &eacute; o sujeito e artista p&oacute;s-moderno intr&iacute;seco tanto na exposi&ccedil;&atilde;o do MAC quanto nessa, que como disse Stuart Hall &ldquo;&hellip; &agrave; medida em que os sistemas de significa&ccedil;&atilde;o e representa&ccedil;&atilde;o cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades poss&iacute;veis, com cada uma das quais poder&iacute;amos nos identificar, ao menos temporariamente&quot;.</p> <p> Dentre os artistas ic&ocirc;nicos expostos na &ldquo;It&rsquo;s Rock!&rdquo;, al&eacute;m dos j&aacute; falados, temos Iggy Pop (em diferentes fases da d&eacute;cada de 70), Lou Reed, Mick Ronson (Ronno), Debbie Harry, Kate Moss, Madonna, Freddie Mercury e Ozzy. Os retratos intimistas de Rock e algumas vezes em situa&ccedil;&otilde;es e lugares &iacute;ntimos dos artistas, tirando a cenografia &ldquo;punk&rdquo; e &ldquo;glam&quot;, fazem da experi&ecirc;ncia algo marcante que merece a visita&ccedil;&atilde;o.</p> <p> O porqu&ecirc; da fotografia n&atilde;o entrar logo na lista das &quot;Sete Artes&quot;, eu n&atilde;o sei. T&atilde;o pouco o porqu&ecirc; dos artistas dos anos 70 terem que provar o valor de algo que arrepia s&oacute; de olhar. J&aacute; Mick Rock tem um palpite do que faz o artista e, do qu&ecirc; para ele possivelmente falte hoje em dia, mesclando a pontualidade e a eleg&acirc;ncia londrina, &ldquo;Tes&atilde;o&rdquo;.</p> <p style="text-align: right;"> <em>Por:&nbsp;<span style="background-color: rgb(247, 247, 247); color: rgb(62, 69, 76); font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.222222328186035px; line-height: 17.066667556762695px; white-space: pre-wrap;">LUCAS ALVES CASTELLI</span></em></p>

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