02/02/2014 15h28
Lusco Fusco - Pinceladas
<p>
Um pombo engaiolado foi condicionado a, quando com fome, bicar um botão localizado no interior de sua casa. A cada bicada, uma portinhola se abria e dava acesso a um cocho recheado de ração. Isso levava o pombo a crer que ele dominava sua vida, era senhor da situação. Porém, a partir de uma época, os cientistas interromperam a relação bicada-alimento.</p>
<p>
A portinha passou a se abrir a cada 20 segundos, automaticamente, e o pombo, analisaram os cientistas, se perguntava o que havia feito para merecer comida. Isso porque os pombos, como a maioria dos animais, não acreditam em vida fácil. Eles associam pressão à sobrevivência.</p>
<p>
Para não embaralhar sua lógica, o pombo inicia um bater de asas frenético e logo associa a ação ao fornecimento do alimento, à recompensa. Ele assim volta à situação confortável de senhor do destino, onde está convencido de que seus atos são soberanos sobre os rumos futuros. O experimento ficou conhecido como A Superstição do Pombo.</p>
<p>
Assisti a um filme que contava essa história. De tão clara a mensagem, sequer vou me alongar em comentários e análises. A quem interessar, a película se chama Sr. Ninguém, um filme ruim por sinal.</p>
<p>
</p>
<p>
<strong>Competir</strong></p>
<p>
Partamos para outra pílula de curiosidade. Já meio que pescando no mar de Orfeu, captei um documentário no qual um cientista estudava porque seres humanos e chipanzés carregam traços do que hoje chamamos maldade, animais capazes de matar, guerrear, trair e roubar, enquanto os bonobos, primatas que têm 98,7% de semelhança genética conosco e 99,6% com os chipanzés, são considerados os exemplos da bondade.</p>
<p>
Em um experimento, foi colocada uma porção de comida em frente a uma cela onde estava preso um bonobo. Um segundo primata da mesma espécie foi solto e encaminhado para o local. Ao invés de aproveitar a oportunidade e degustar as guloseimas sozinho, comportamento mais que comum em chipanzés (e em vários humanos), o bonobo livre abriu a cela para que o semelhante também comesse.</p>
<p>
Devido a ações como essas, o cientistas consideram que o bonobo carrega o gene do altruísmo, ou do amor, ou da paz, ou todos esses conceitos juntos e misturados.</p>
<p>
Eis que surge um senhor no vídeo com uma explicação mais que plausível para esse traço da personalidade bonobiana: uma questão geográfica teria sido a responsável pelo comportamento amistoso do nosso primo. O território onde viviam os bonobos, chipanzés e os primeiros hominídeos era cortado pelo Rio Congo, o segundo maior do mundo, que funcionava como uma barreira natural.</p>
<p>
Ao sul, ficaram os bonobos, isolados. Ao norte, rascunhos de seres humanos, chipanzés e outros primatas. À época da Era Glacial, quando a coisa apertou para a turma, os bonobos não tiveram competição para sobreviver, enquanto no território vizinho o pau quebrava. O instinto de perpetuação se desenvolveu de forma completamente diferentes nessas três espécies. De um lado, matar ou morrer. Do outro, tranquilidade para cooperar.</p>
<p>
É óbvio que seres humanos e chipanzés são capazes de ações de afeto, carinho, bondade. Porém, não hesitam um instante sequer em usar a violência quando se sentem ameaçados. Gato escaldado tem medo de água fria.</p>
<p>
<strong>Vodka</strong></p>
<p>
Por fim, gostaria de acrescentar uma dose sobre os russos. O povo que venceu as duas maiores guerras da história, contra Napoleão e contra Hitler, está perdendo a batalha contra a vodca, não que eles se importem.</p>
<p>
A expectativa de vida dos russos é baixa, entre as 50 piores do mundo. A cada quatro homens, um morre antes dos 55 anos, ou 25%. Na Inglaterra, esse índice não passa de 7%. As mortes precoces são diretamente associadas ao consumo de álcool.</p>
<p>
“Para os russos a coisa mais importante na vida é a família. Em sua maioria, eles olham para o futuro com esperança de dias melhores, querem ter amigos leais, acreditam que é necessário ser vigilante e cauteloso nas relações com os outros, não se interessam pela aposentadoria, acreditam que ninguém poderá protegê-los de ataques terroristas e são cautelosos no que diz respeito aos EUA e à Europa”.</p>
<p>
Esses são os resultados de uma pesquisa sobre o povo russo. Para entender essa paixão perigosa dessa gente mucho doida, assista isso: <a href="http://youtu.be/Uib2d5OH1Ag">http://youtu.be/Uib2d5OH1Ag</a></p>