22/05/2014 15h07
Terapia ou terabits?
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Ficamos tentando interpretar o cotidiano, mas não há interpretação estática possível e nos frustramos.</p>
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O cotidiano é dinâmico. Constrói-se e se desconstrói a cada segundo Trocamos de pele sem perceber. Não somos os mesmos de alguns dias atrás, assim como o rio que passa em nossas cidades é outro. Trem doido.</p>
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Ficamos por exemplo tentando entender o que se passa na política. O problema é que não temos acesso ao “making off” desse filme, que foi pensado por alguém ( ou por vários roteiristas), foi produzido, tem seus efeitos especiais, edições, é um simulacro da realidade e não a realidade em si. Além do mais, para uma análise racional, precisaríamos do distanciamento histórico e talvez nem este seja suficiente. As coisas ficam muito embaralhadas enquanto acontecem. Aparentemente o testemunha sensorial da história deveria ter um conhecimento mais fidedigno. Mas cada um tem suas convicções e interpreta o que testemunha através dos próprios filtros. Além do mais, sempre aparece alguém pra reescrever à história a partir dos interesses dominadores.</p>
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Quem leu 1984 de George Orwell deve se lembrar das passagens em que as notícias eram modificadas a posteriori para agravar o sistema vigente e os inimigos da vez inventados.</p>
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O cinema e a história são fábricas de ilusões, mas mesmo sabendo disso, ficamos inebriados, apaixonados pelo enredo. Nos sentimos quase protagonistas, mesmo sendo menos que dublés coletivos.</p>
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O cinema e a literatura nos influenciam, sem dúvida alguma. As mensagens ficam subliminarmente na mente das pessoas.</p>
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Quem viu “The Wall” do Pink Floyd teve seus impactos.</p>
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Quando vemos filmes como “A onda”, temos a impressão de que o cinema transbordou e invadiu a realidade. Quantas “ondas” e quantos surfistas? E dá-lhe filmes que parecem ser inspirados na realidade.</p>
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Quem já viu “a Teoria da Conspiração”? Alguém viu o último do Costa Gravas, “Le Capital”? Conta a história de investidores que manipulam as finanças mundiais, um game global, onde crises são criadas para gerar lucros, um mundinho frio e vil muito longe do mundo dos mortais. Aliás, os mortais são como aqueles monstros dos games que lutam contra os heróis. O sangue que jorra enfeita a trama. Aliás, que sede de sangue tem a humanidade desde tempos imemoriais. O sangue dos games não suja a sala, não dói fisicamente. Mas que há uma perversidade esquizofrênica, isso há.</p>
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E esse facebook? Esse negócio é a droga mais viciante jamais inventada e totalmente liberada, sem contra-indicações. Uma espécie de psicanálise compartilhada. As pessoas andam ávidas por audiências, querendo encontrar quem se sensibilize com seus dramas pessoas, suas lutas, seus lutos.</p>
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Terapia ou Terabits? Eis a questão!</p>
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Um ex-amigo passou por mim na rua, me olhou no fundo dos olhos e não me cumprimentou. Ficou meu inimigo por causa das minhas opiniões na net. Não admite pensamentos divergentes. Seu partido político é um espécie de Deus inquestionável. Qualquer crítica é encarada como profanação, blasfêmia passível de demonização.</p>
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Eu hein? Mas esse facebook tem isso. Antes, os grupos de afinidade se reuniam e conspiravam. Hoje expõem na net o seu ponto de vista e fomentam algumas inimizades desnecessárias.</p>
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As pessoas se encontram e se desencontram por afinidades. Esse face é uma praga. Depois da Bomba H, talvez seja a arma mais poderosa jamais inventada.</p>
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Ironia que essas invenções da pátria do capitalismo tenham essa denominação de mídias sociais.</p>
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A esquerda havia se apropriado desse termo "sociais". Mas os americanos vão inventando as modinhas virtuais e disseminando pelo mundo.</p>
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Hoje tem o whatsapp por exemplo que realmente conecta as pessoas e os mais pessimistas preveem uma geração idiotizada. Será?</p>
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Hoje em dia, um adolescente pode ir ao polo norte, mas ainda assim estará conectado com sua turma. E da-lhe selfies com esquimós. Se isso é bom ou mal, só o tempo...</p>
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MARCOS MARTINO</p>
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Email: marcos.martino@gmail.com</p>
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Facebook: https://www.facebook.com/martinonews?ref=tn_tnmn</p>
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Site vitrine: http://marcosmartino.wix.com/marcosmartino</p>
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