19/03/2021 22h59
DONOS DO MUNDO , DONOS DOS DADOS
Segunda parte
<div id="/uploads/imagem_arquivo/304672_cyborgman1280x720.jpg" style="float:left; margin-top:10px; margin-bottom:5px; width:645px;">
<img alt="CYBER LIFE" class="3" height="362.8125" name="304672_cyborgman1280x720.jpg" src="/uploads/imagem_arquivo/304672_cyborgman1280x720.jpg" style="float:left;" title="CYBER LIFE" width="645" />
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CYBER LIFE</div>
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<p style="text-align: justify;">
<span style="font-size:14px;"><span style="text-align: justify;">A gl</span><span style="text-align: justify; font-family: arial, helvetica, sans-serif;">obalização unirá mundo horizontalmente, exterminando fronteiras nacionais, mas dividirá a humanidade verticalmente. As oligarquias no poder em países tão diversos como Estados Unidos e Rússia podem unir-se contra as massas de homens comuns. Assim vendo o atual ressentimento popular em relação “às elites” é bem justificado. Se não tivermos cuidado os netos dos magnatas do Vale do Silício e dos bilionários de Moscou podem tornar-se uma espécie superior à dos netos dos lenhadores do resto do mundo inclusive dos vilarejos da Sibéria. Lentamente o mundo se desglobulizará já que a casta superior se congregará numa autoproclamada “civilização” e construirá muros e valas profundas para isolá-la das hordas de bárbaros fora dos seus limites. No século XX a civilização dependia dos “bárbaros” para ter mão de obra barata, matéria prima e mercados. Por isso ela os conquistou, absorveu e tolerou. Mas no século XXI, uma civilização pós-industrial baseada na IA, bioengenharia e nanotecnologia pode ser muito mais autocontida e autossustentada. Não apenas classes, mais países e continentes inteiros podem tornar-se irrelevantes. Fortificações guardadas por drones e robôs poderiam separar a zona autoproclamada civilizada, onde ciborgues lutarão entre si em código, das terras bárbaras e o que tiverem nas mãos. Onde humanos selvagens lutarão entre si com machados, foices e Kaláshnikovs. Penso no que teremos que fazer para solucionar nossos problemas. Só que é possível que já não haja “nós”. Possivelmente um dos nossos maiores problemas seja o de que diferentes grupos humanos têm futuro absolutamente diferente. É possível que em algumas partes do mundo você deva ensinar seus filhos a escrever programas de computadores, enquanto em outras seria melhor ensiná-los a atirar com precisão.</span></span></p>
<h4 style="text-align: justify;">
<span style="font-size:14px;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;"> As divisões serão tão drásticas que uma parte do mundo, “a dominante” será totalmente desconhecida. Quem são como vivem o que fazem seus nomes, idades, famílias, costumes, para falar de algumas coisas, porque na verdade, deles, não saberemos nada. Nem mesmo quantos são apesar de sabermos que são poucos.</span><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;"> A outra parte do mundo, numerosa ao extremo, é conhecida de cabo a rabo. Tudo, absolutamente tudo que fazem e o que não fazem. Esta parte será a que trabalha e se comporta de uma forma parecida á nossa só que mais controlada. Não lhe faltará nada, não lhe sobrará nada, terão tudo que seja necessário para produzir mais riquezas, facilidades e possibilidades de alcance para a classe dominante.</span></span></h4>
<h4 style="text-align: justify;">
<span style="font-size:14px;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;"> A única forma de impedir a concentração de toda a riqueza e de todo poder nas mãos de uma pequena classe dominante, a possibilidade existente é a regulamentação da propriedade dos dados. A terra já foi o ativo mais importante do mundo, a política o esforço para controlar a terra e se muitas terras acabassem se concentrando em poucas mãos. A sociedade virou aristocracia e pessoas comuns. Na época moderna foram as máquinas, as fábricas que se tornaram mais importante que a terra e os esforços políticos ficaram no controle desses meios de produção. Se um número excessivo de fábricas ficasse em poucas mãos, a sociedade passaria a ser capitalistas e proletários. Isso já falamos antes. Repetimos para exaltar as diferenças. Mas no século XXI os dados suplantarão as terras e as fábricas como o ativo mais importante e a política será o esforço para controlar o fluxo de dados. Isso já se sabe que é impossível. Quase que diariamente vemos bilhões de dados de todas as espécies saindo misteriosamente para mãos de pessoas que não sabemos quem são e com isso o gênero humano se dividirá em espécies diferentes.</span></span></h4>
<h4 style="text-align: justify;">
<span style="font-size:14px;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;"> A corrida pelos dados já se deflagrou, liderada por gigantes como Google, Facebook eTencent. Estes parecem ter adotado o modelo de negócio dos “mercadores de atenção”. Capturaram nossa atenção fornecendo-nos gratuitamente informação, serviços e entretenimentos depois revendem nossa atenção aos anunciantes. Mas provavelmente visam a muito mais que qualquer mercador de atenção anterior. Seu verdadeiro negócio não é vender o anúncio. E sim, captando nossa atenção, eles conseguem acumular imensa quantidade de dados sobre nós, o que vale muito mais que qualquer receita de publicidade. Deixamos de serem seus clientes, passamos a serem seus produtos.</span></span></h4>
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<span style="font-size:14px;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;"> Em curto prazo este acúmulo de dados abre caminho para um modelo de negócio inédito, cuja primeira vítima será a própria indústria da publicidade. O novo modelo baseia-se na transferência de autoridade de humanos para algoritmos, inclusive autoridade para escolher e comprar coisas. Quando algoritmos escolherem e compre coisas para nós a indústria da publicidade atual chegará à falência absoluta. Eles venderão aos fabricantes quantidades exatos do que fabricar. Exemplo: “Esse ano produzam 4.322.690 geladeiras”. O mesmo com carro roupas e tudo mais que você chegue a pensar. O Google quer chegar a um ponto no qual poderemos perguntar-lhe qualquer coisa e obteremos a melhor resposta do mundo.</span></span></h4>
<h4 style="text-align: justify;">
<span style="font-size:14px;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;"> “Oi, Google com base a tudo que você sabe sobre automóveis e com base em tudo quanto você sabe sobre mim (inclusive minhas necessidades, meus hábitos , minhas opiniões sobre o aquecimento global e até mesmo minhas ideias sobre política no Oriente Médio e Estados Unidos), qual é o melhor veículo para mim?” Se o Google for capaz de dar uma boa resposta, e se aprendermos a experiência a confiança no bom senso do Google em vez de em nossos sentimentos totalmente manipuláveis, qual será a utilidade das propagandas de carros? Bem pior que isso. <em style="box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 0.975em; vertical-align: baseline; background: transparent; outline: 0px; font-family: Georgia, "Source Serif Pro", serif;">QUAL SERÁ A UTILIDADE DE PENSAR? DESSE MOMENTO EM DIANTE PASSAREMOS A SER OBSOLETOS.</em></span></span></h4>
<h4 style="text-align: justify;">
<span style="font-size:14px;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;"><em style="box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 0.975em; vertical-align: baseline; background: transparent; outline: 0px; font-family: Georgia, "Source Serif Pro", serif;"> GENTE ESTÁ TUDO ABSOLUTAMENTECALCULADO NOS SEUS MIIIIIIIIIIIIIINIMOS DETALHES!</em></span></span></h4>
<h4 style="text-align: justify;">
<span style="font-size:14px;"><span style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;"><em style="box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; border: 0px; font-size: 0.975em; vertical-align: baseline; background: transparent; outline: 0px; font-family: Georgia, "Source Serif Pro", serif;"> “Chegou a hora de pensar!”</em></span></span></h4>