29/11/2019 08h26
Artista recusa homenagem e acende discuss?o sobre pol?tica cultural em Jo?o Monlevade
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João Monlevade - “Precisamos de mais apoio dos poderes públicos no campo cultural, e menos de medalhas e homenagens”. Essas foram as palavras proferidas pelo jornalista, poeta, escritor, letrista, fotógrafo e ativista cultural Wir Caetano, ao justificar a recusa em receber a Medalha de Honra ao Mérito Cultural Leonardo Diniz Dias, entregue pela Câmara Municipal de João Monlevade. </div>
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A honraria seria concedida a Wir na noite da última quarta-feira, 27, porém, o artista se recusou a receber a homenagem e, à reportagem, Caetano afirmou que é de sua natureza ser avesso a honrarias, mas, no caso, há outro componente, que é a falta de uma política pública de cultura em João Monlevade, problema esse que precisa ser enfrentado. “Nesse cenário, concessões de medalhas, diplomas ou equivalentes acabam servindo como uma cortina de mudança. É como bater palmas para as pessoas, mas não ir além das palmas. Fui indicado outras vezes para recebimento da Medalha do Mérito Cultural e agradeço a quem me indicou. Sei que é, sim, um reconhecimento, mas aceitar a honraria não me parece contribuir em nada para a cultura local”, disse. </div>
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Wir também destacou que a recusa é uma atitude que provoca reflexão, porque não deixa de ser um ato, em certa medida, instigante. “A princípio, eu iria redigir uma carta à Câmara explicando o porquê da recusa, mas acabei por concluir que, dessa forma, minha atitude ficaria oculta, pois a carta não seria levada a público. Por isso, decidi me manifestar em rede social e a reação positiva de tanta gente foi até uma surpresa. Estou seguro de que tomei a decisão correta. Arte é atitude”, afirmou.</div>
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Durante a conversa, Wir lembrou o exemplo do poeta itabirano Carlos Drummond de Andrade, que, embora muitos não saibam, sempre foi muito irreverente e nunca aceitou concorrer à Academia Brasileira de Letras. O que, para ele, é exemplo de atitude.</div>
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Políticas culturais</div>
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Questionado sobre a atual situação das políticas públicas voltadas para a área cultural, Wir salienta que não se refere, apenas, a leis de fomento ou coisas do tipo, mas a políticas mais concretas de incentivo aos artistas e produtores culturais. “Poderia haver, por exemplo, uma política de integração de ações regionais de cultura, com apoio para artistas daqui ocuparem espaços em outras cidades da região e vice-versa. Houve uma pequena tentativa disso anos atrás, mas se perdeu. É preciso também estratégias de formação de público, coisa que só se faz dando a esse público, oportunidade de acesso a amplos repertórios e não apenas ao que o mercado dita no momento. Formação de público é algo que se dá a longo prazo e é preciso paciência e persistência”, destacou.</div>
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Wir é um dos autores, na década de 1980, da revista literária Rebu, que marcou época. É autor dos livros “Paixões e Atrofias” (poemas, Edições Trote, 1982), “Morte Porca” (prosa de ficção, Selo Zero, 2002), “Fragmentos de Poesia Toda” (poemas, Coleção Leve um Livro”, 2017) e “Essa substância chamada infinito” (Clãdestina Cartonera, 2018). Como fotógrafo, realizou a exposição “Fragmento de Lugar”, na galeria de arte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em 2016. Algumas de suas fotos ilustram livros da poeta suíça Prisca Agustoni. </div>
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A medalha</div>
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A Medalha de Honra ao Mérito Cultural Leonardo Diniz Dias é entregue desde 2010 pela Câmara Municipal de João Monlevade com o objetivo de reconhecer o trabalho das personalidades que se destacaram durante o ano na área cultural. Na última quarta-feira receberam a honraria a banda Bonapart, um dos pioneiros do Congado em João Monlevade, José Raimundo Nonato e o jornalista Marcelo Manuel de Melo. </div>