13/08/2019 09h24
Professores relatam problemas com Di?rio Escolar digital
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<strong>Professores</strong> têm que comprar pacotes de dados e <strong>usar sua própria internet para acessar o Diário Escolar Digital (DED)</strong>, passam madrugadas acordados, tentando lançar frequência e notas dos alunos, muitas vezes sem sucesso. Sem um sistema adequado e sem conectividade nas escolas, enfrentam <strong>lentidão e erros constantes na plataforma</strong>, sofrem <strong>pressões para cumprimento de prazos</strong> e podem até perder o emprego, no caso dos designados.</p>
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Esse é o resumo das reclamações trazidas pelos professores de diversas partes de Minas Gerais à audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na noite desta segunda-feira (12/8/19). Para os professores, a tentativa de modernizar o trabalho nas escolas estaduais com o uso do DED fracassou totalmente.</p>
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Segundo os relatos, o <strong>diário digital</strong>, implantado na rede estadual de ensino em 2017, não funciona e<strong> tem sido mais um fator de estresse e de adoecimento dos professores</strong> públicos. A burocracia e o tempo gasto com os problemas técnicos do diário eletrônico estariam sobrecarregando ainda mais os docentes.</p>
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A presidente da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), informou que <strong>será produzido um relatório</strong>, para ser encaminhado à Secretaria de Estado da Educação (SEE), <strong>com as principais reclamações trazidas pelos professores</strong> sobre o diário escolar digital. Ela também afirmou que apresentará um requerimento para que a comissão visite a secretária de Estado Julia Figueiredo Goytacaz Sant´Anna, para entregar as demandas pessoalmente a ela.</p>
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<strong>Dados desaparecem e notas são somadas incorretamente</strong></p>
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Para Adriano José de Paula, professor da rede estadual em Ribeirão das Neves (RMBH), o diário escolar eletrônico só gera tumulto e problemas nas escolas. "<strong>Plataforma não funciona</strong>, fica <strong>fora do ar ou em manutenção constantemente</strong>, dá erro de acesso a todo momento. E o <strong>aplicativo para celular consegue ser pior ainda</strong>!", disse o docente.</p>
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O professor Marcos Rogério, de Ipatinga (Vale do Aço), leciona filosofia e sociologia em 30 turmas diferentes, tem que abrir um arquivo para cada aula, em cada turma, e preencher 30 diários. "Além de toda a lentidão, <strong>alguns dados simplesmente desaparecem</strong>, notas vêm somadas de maneira errada", lamentou. Ele contou que, em sua escola, tiveram que aprender a fazer <strong>planilha de Excel, para lançar ali os dados e se resguardar</strong>, em caso de questionamentos dos pais de alunos.</p>
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<strong>Desmonte</strong> - Alguns dos professores presentes à audiência acreditam que o não investimento para melhorar o diário digital, até hoje, atende a uma estratégia de desmonte da educação pública. "<strong>A quem interessa que esse diário seja tão ruim?</strong>! É para depois dizer que nada na escola pública funciona, que tem que privatizar mesmo!", afirmou Marcos Rogério.</p>
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Na opinião do deputado Professor Cleiton, autor do requerimento de deu origem à audiência, juntamente com a deputada Beatriz Cerqueira, <strong>Minas Gerais está na contramão</strong>, uma vez que a corrente mundial, para melhorar o ensino, é a <strong>desburocratização do trabalho do professor</strong>.</p>
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"O docente precisa ter <strong>mais tempo para pensar a prática pedagógica</strong> em sala, para ler, se capacitar. Não pode perder tanto tempo preenchendo planilhas e lutando com internet que não funciona", ponderou.</p>
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Como exemplo de boa prática, o deputado citou o Estado do Tocantins, onde o governo implantou um sistema de diário digital, mas deu um tablet para cada professor, com sistema de <em>wi-fi</em> de boa qualidade, para que ele possa usar a ferramenta.</p>
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<strong>Notificações a professores podem ser consideradas assédio moral</strong></p>
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A coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores na Educação (Sind-Ute), Denise de Paula Romano, afirmou que a entidade tem recebido várias denúncias de professores que tem sido constrangidos e expostos, injustamente, tendo seus nomes afixados no mural da escola, em uma lista de “devedores do diário preenchido”. </p>
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Ela acredita que o <strong>diário tem sido utilizado como instrumento de pressão </strong>e assédio dos professores e informou que no site da entidade há um formulário para registros de problemas referentes ao diário eletrônico. “Nível de cobrança é muito superior às condições de trabalho que têm sido dadas aos docentes”, afirmou Denise Romano.</p>
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A advogada e professora de Direito Público da UFMG, Maria Tereza Fonseca Dias, confirmou que, do ponto de vista legal, as pressões e o constrangimento a que os professores da rede estadual têm sido submetidos por causa do diário digital podem, sim, ser <strong>classificados como assédio moral</strong>. Ela disse que espera que os problemas relatados na audiência possam ser resolvidos, sem a necessidade da via judicial.</p>
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<strong>Secretaria garante que está trabalhando para melhoria do sistema</strong></p>
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A representante da Secretaria de Educação, Simone Emerick, coordenadora do Sistema Mineiro de Administração Escolar, não conseguiu responder a todas as questões apresentadas durante a audiência, mas afirmou que o<strong> diário digital é uma ferramenta em constante construção</strong> e garantiu que a equipe da <strong>Prodemge</strong>, empresa responsável pelo desenvolvimento da plataforma,<strong>está trabalhando para oferecer um sistema melhor</strong> para os professores.</p>
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Segundo ela, os <strong>erros estão sendo corrigidos</strong>, o tempo de consulta e de processamento de dados no Diário Escolar Digital já diminuiu, e a migração de dados será mais rápida daqui por diante. Ainda de acordo com a representante da secretairia, um <strong>aplicativo para celular, reformulado</strong>, será entregue em breve aos professores.</p>
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Uma das demandas apresentadas pela deputada Beatriz Cerqueira é que, <strong>enquanto o sistema não estiver funcionando bem</strong>, enquanto todas as escolas não tiverem conectividade adequada, que os prazos de preenchimento do diário sejam repactuados e <strong>que não sejam feitas listas de professores devedores</strong> do diário.</p>
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Beatriz Cerqueira lamentou o fato de que, até agora, o diálogo entre as entidades sindicais e a Secretaria de Estado não tenha sido suficiente para resolver os problemas do diário eletrônico. Ela também <strong>vai questionar o governo do Estado</strong>, por meio de requerimento, sobre os custos de manutenção do sistema do Diário Digital Eletrônico e sobre quais correções já estão sendo implementadas.</p>
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A deputada informou que outros requerimentos, desdobramentos dessa audiência, serão votados nas próximas reuniões da Comissão de Educação. </p>