Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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07/03/2018 08h34

Especial Mulher: Cresce o n? de mulheres v?timas de homic?dio

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<p> Doze mulheres s&atilde;o assassinadas todos os dias, em m&eacute;dia, no Brasil. &Eacute; o que mostra um levantamento considerando os dados oficiais dos estados relativos a 2017. S&atilde;o 4.473 homic&iacute;dios dolosos, sendo 946 feminic&iacute;dios, ou seja, casos de mulheres mortas em crimes de &oacute;dio motivados pela condi&ccedil;&atilde;o de g&ecirc;nero.</p> <p> <strong>Brasil tem 12 mulheres v&iacute;timas de homic&iacute;dio por dia</strong></p> <p> Trata-se de um aumento de 6,5% em rela&ccedil;&atilde;o a 2016, quando foram registrados 4.201 homic&iacute;dios (sendo 812 feminic&iacute;dios). Isso sem contar o fato de alguns estados ainda n&atilde;o terem fechado os dados do ano passado, o que pode aumentar ainda mais a estat&iacute;stica.</p> <p> Para Samira Bueno e Juliana Martins, do F&oacute;rum Brasileiro de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, o levantamento mostra que n&atilde;o h&aacute; o que comemorar no Dia Internacional da Mulher, nesta quinta (8). &quot;Uma mulher &eacute; assassinada a cada duas horas no Brasil, taxa de 4,3 mortes para cada grupo de 100 mil pessoas do sexo feminino. Se considerarmos o &uacute;ltimo relat&oacute;rio da Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de, o Brasil ocuparia a 7&ordf; posi&ccedil;&atilde;o entre as na&ccedil;&otilde;es mais violentas para as mulheres de um total de 83 pa&iacute;ses.&quot;</p> <p> O delegado Janderson Lube, titular da Delegacia Especializada em Homic&iacute;dios contra a Mulher do Esp&iacute;rito Santo, diz que tem ocorrido mais casos de homic&iacute;dios de mulheres, de uma maneira geral, por envolvimento com o tr&aacute;fico de drogas. &quot;As mulheres acabam se envolvendo no mundo das drogas e s&atilde;o vitimadas por tais circunst&acirc;ncias.&quot;</p> <p> <strong>METODOLOGIA:</strong>Monitor da Viol&ecirc;ncia</p> <p> <strong>O levantamento revela que:</strong></p> <p> - O Brasil teve 4.473 homic&iacute;dios dolosos de mulheres em 2017 (um aumento de 6,5% em rela&ccedil;&atilde;o ao ano anterior)</p> <p> - Do total, 946 s&atilde;o feminic&iacute;dios (dado considerado subnotificado)</p> <p> - Em 2015, 11 estados n&atilde;o registraram dados de feminic&iacute;dios; em 2017, tr&ecirc;s ainda n&atilde;o tinham casos contabilizados</p> <p> - Rio Grande do Norte &eacute; o que tem o maior &iacute;ndice de homic&iacute;dios contra mulheres: 8,4 a cada 100 mil mulheres</p> <p> - Mato Grosso &eacute; o estado com a maior taxa de feminic&iacute;dio: 4,6 a cada 100 mil</p> <p> Os dados exp&otilde;em n&atilde;o apenas uma preocupante escalada na viol&ecirc;ncia contra as mulheres. Eles mostram tamb&eacute;m uma patente subnotifica&ccedil;&atilde;o nos casos de feminic&iacute;dio &ndash; o que os pr&oacute;prios estados admitem. Tr&ecirc;s anos ap&oacute;s a san&ccedil;&atilde;o da Lei do Feminic&iacute;dio, tr&ecirc;s estados ainda n&atilde;o contabilizam os n&uacute;meros. E outros possuem apenas dados parciais.</p> <p> Desde 9 de mar&ccedil;o de 2015, a legisla&ccedil;&atilde;o prev&ecirc; penalidades mais graves para homic&iacute;dios que se encaixam na defini&ccedil;&atilde;o de feminic&iacute;dio &ndash; ou seja, que envolvam &quot;viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica e familiar e/ou menosprezo ou discrimina&ccedil;&atilde;o &agrave; condi&ccedil;&atilde;o de mulher&quot;. Os casos mais comuns desses assassinatos ocorrem por motivos como a separa&ccedil;&atilde;o.</p> <p> Os dados levantados mostram uma lenta evolu&ccedil;&atilde;o dos registros de feminic&iacute;dios no pa&iacute;s. Em 2015, ano em que a lei foi sancionada, 16 estados registraram 492 casos. As outras unidades da federa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o forneceram registros. Um ano depois, em 2016, 20 estados tiveram 812 crimes. J&aacute; em 2017, 24 estados tiveram 946 feminic&iacute;dios.</p> <p> &quot;Os operadores do sistema de justi&ccedil;a criminal precisam olhar para a morte de mulheres e saberem quando registr&aacute;-las como feminic&iacute;dios, em um processo que n&atilde;o &eacute; apenas t&eacute;cnico, mas tamb&eacute;m cultural, j&aacute; que a morte de mulheres &eacute;, de certa forma, naturalizada e as viol&ecirc;ncias contra a mulher no cotidiano s&atilde;o aceitas e reproduzidas&quot;, dizem as pesquisadoras do F&oacute;rum Brasileiro de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica.</p> <p> <strong>Aus&ecirc;ncia de dados</strong></p> <p> Todos os dados foram solicitados via Lei de Acesso &agrave; Informa&ccedil;&atilde;o. Em muitos casos, foi preciso recorrer a uma ou duas inst&acirc;ncias para obter uma resposta. Em outros, foi necess&aacute;rio acionar as assessorias de imprensa das secretarias da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica. Mesmo assim, parte diz n&atilde;o possuir os n&uacute;meros.</p> <p> Alguns estados admitem que n&atilde;o fazem monitoramento estat&iacute;stico do feminic&iacute;dio por conta de &quot;dificuldades t&eacute;cnicas&quot; e &quot;falta de transpar&ecirc;ncia&quot;. H&aacute; estados, como Rond&ocirc;nia, onde n&atilde;o h&aacute; nem sequer distin&ccedil;&atilde;o por g&ecirc;nero quando analisados os n&uacute;meros de homic&iacute;dios dolosos.</p> <p> O Maranh&atilde;o, por exemplo, apenas informa os dados de feminic&iacute;dio de 2017. E justifica que, por conta da &ldquo;novidade&rdquo; da lei que instituiu o crime, muitos casos n&atilde;o foram computados como feminic&iacute;dio, mas sim como homic&iacute;dio, sobretudo nos primeiros anos de vig&ecirc;ncia da lei. Apenas em 2017 houve a cria&ccedil;&atilde;o de um departamento e os dados &ldquo;come&ccedil;aram a ser computados de maneira correta&rdquo;, segundo a unidade de estat&iacute;stica e an&aacute;lise criminal da Secretaria de Estado da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica do Maranh&atilde;o. Em Mato Grosso, os dados s&oacute; foram obtidos com a Corregedoria do Estado.</p> <p> No Distrito Federal, desde o ano passado, houve uma mudan&ccedil;a metodol&oacute;gica nos registros. Todo assassinae de mulher j&aacute; entra no sistema como feminic&iacute;dio. Segundo o subsecret&aacute;rio de Gest&atilde;o da Informa&ccedil;&atilde;o da Secretaria de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica do DF, Marcelo Durante, cabe ao processo de investiga&ccedil;&atilde;o definir se ele ser&aacute; &ldquo;rebaixado ou n&atilde;o&rdquo;. &ldquo;Apesar de a gente ter tido uma redu&ccedil;&atilde;o no n&uacute;mero de mortes de mulheres, os feminic&iacute;dios foram ocupando espa&ccedil;o maior. Isso se d&aacute;, especificamente, por conta de a Pol&iacute;cia Civil estar cada vez mais internalizando esses procedimentos. As institui&ccedil;&otilde;es est&atilde;o aprendendo a lidar com isso.&rdquo;</p> <p> Veja todos os problemas identificados nos estados:</p> <p> <strong>Amap&aacute;:</strong>n&atilde;o tem dados de feminic&iacute;dio de 2015 e 2016</p> <p> <strong>Bahia:</strong>a Ouvidoria diz que n&atilde;o h&aacute; estat&iacute;sticas de feminic&iacute;dio referentes a 2015 e 2016</p> <p> <strong>Cear&aacute;:</strong>n&atilde;o tem dados de feminic&iacute;dio de nenhum ano. A assessoria de an&aacute;lise estat&iacute;stica e criminal da Secretaria da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica e Defesa Social diz que apenas no final do ano de 2017 foi implementada esta categoria de crime no Sistema de Informa&ccedil;&atilde;o Policial e que, por isso, s&oacute; ser&aacute; poss&iacute;vel gerar essa estat&iacute;stica espec&iacute;fica a partir de 2018</p> <p> <strong>Esp&iacute;rito Santo:</strong>n&atilde;o tem dados de feminic&iacute;dio de 2015</p> <p> <strong>Maranh&atilde;o:</strong>n&atilde;o tem dados de feminic&iacute;dio de 2015 e 2016. A Ouvidoria diz que o departamento de feminic&iacute;dio foi criado apenas em 2017, ano em que os crimes come&ccedil;aram a ser tipificados segundo a nova legisla&ccedil;&atilde;o</p> <p> <strong>Mato Grosso:</strong>a Ouvidoria do estado afirma que n&atilde;o tem dados de feminic&iacute;dio para nenhum ano porque a fonte de an&aacute;lise s&atilde;o os boletins de ocorr&ecirc;ncia, e o feminic&iacute;dio &eacute; apurado apenas durante a investiga&ccedil;&atilde;o ou na fase processual. Os n&uacute;meros de feminic&iacute;dio foram obtidos com a Corregedoria do estado</p> <p> <strong>Minas Gerais:</strong>a Ouvidoria diz que os n&uacute;meros de 2017 s&atilde;o parciais. A previs&atilde;o &eacute; que os dados completos sejam divulgados ainda neste m&ecirc;s</p> <p> <strong>Para&iacute;ba:</strong>os dados de feminic&iacute;dio de 2017 se referem apenas ao primeiro semestre do ano. Os dados completos apenas ser&atilde;o divulgados em abril</p> <p> <strong>Paran&aacute;:</strong>o estado diz que n&atilde;o foi poss&iacute;vel elaborar a pesquisa de feminic&iacute;dios do ano de 2015. Os dados passaram a ser contabilizados apenas em 2016. Segundo o governo, &quot;o lapso temporal foi gerado em decorr&ecirc;ncia do tempo necess&aacute;rio para a atualiza&ccedil;&atilde;o dos sistemas de registro&quot;</p> <p> <strong>Pernambuco:</strong>n&atilde;o tem os dados de feminic&iacute;dio de 2015. A Ouvidoria informa que, como a lei entrou em vigor em mar&ccedil;o de 2015, os dados come&ccedil;aram a ser consolidados apenas em 2016</p> <p> <strong>Rio de Janeiro:</strong>n&atilde;o tem dados de feminic&iacute;dio de 2015. Os dados come&ccedil;aram a ser consolidados apenas em outubro de 2016</p> <p> <strong>Rond&ocirc;nia:</strong>o governo n&atilde;o informa os dados de homic&iacute;dio doloso contra mulheres nem de feminic&iacute;dio. A assessoria diz que os crimes de homic&iacute;dio doloso s&atilde;o registrados de forma geral, sem distinguir o g&ecirc;nero da v&iacute;tima</p> <p> <strong>Sergipe:</strong>n&atilde;o tem os dados de feminic&iacute;dio de 2015 e 2016. Em 2017, s&oacute; possui dados da regi&atilde;o metropolitana de Aracaju. O governo informa que passar&aacute; a ter as informa&ccedil;&otilde;es completas em 2018</p> <p> <strong>Tocantins:</strong>os dados de homic&iacute;dio doloso contra v&iacute;timas mulheres em 2016 e 2017 s&atilde;o parciais porque &quot;algumas unidades policiais ainda n&atilde;o entregaram seus relat&oacute;rios estat&iacute;sticos mensais&quot;. O governo diz que n&atilde;o tem dados de feminic&iacute;dio especificados de nenhum dos anos</p> <p> Mato Grosso &eacute; o estado com a maior taxa de feminic&iacute;dio em 2017: quase 5 casos a cada 100 mil mulheres. J&aacute; o Rio Grande do Norte tem o maior &iacute;ndice de assassinatos de mulheres no geral (8,4). Roraima, sem casos de feminic&iacute;dio registrados oficialmente pelas autoridades em 2017, tem a menor taxa do pa&iacute;s. No caso de homic&iacute;dios contra mulheres no geral, S&atilde;o Paulo aparece na &uacute;ltima posi&ccedil;&atilde;o (2,2).</p> <p> <strong>Casos</strong></p> <p> Dineia Batista Rosa: universit&aacute;ria foi estrangulada e morta pelo ex, que n&atilde;o aceitou o fim do relacionamento, em 2017, em Mato Grosso. Ela havia rompido o namoro justamente por descobrir que o namorado j&aacute; tinha matado a mulher.</p> <p> A Pol&iacute;cia Judici&aacute;ria Civil de Mato Grosso diz que tem orientado suas unidades a enquadrar os casos de feminic&iacute;dio aos par&acirc;metros estabelecidos na legisla&ccedil;&atilde;o. E informa que a investiga&ccedil;&atilde;o nesses casos &eacute; c&eacute;lere e a autoria, praticamente certa. &quot;As pris&otilde;es v&ecirc;m ocorrendo tanto no interior quanto na capital. A pol&iacute;cia tamb&eacute;m tem atuado no campo da preven&ccedil;&atilde;o, com amplia&ccedil;&atilde;o dos programas de prote&ccedil;&atilde;o a v&iacute;timas de viiol&ecirc;ncia dom&eacute;stica&quot;, afirma.</p> <p> Al&eacute;m disso, a Secretaria da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica de Mato Grosso criou um campo no Sistema de Boletim de Ocorr&ecirc;ncia Policial chamado &quot;v&iacute;nculo&quot;, para que no ato do registro o policial coloque a informa&ccedil;&atilde;o se a v&iacute;tima tem alguma liga&ccedil;&atilde;o com o suspeito, principalmente nos casos de morte em decorr&ecirc;ncia da viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica.</p> <p> Procurada, a Secretaria da Seguran&ccedil;a do Rio Grande do Norte n&atilde;o comenta o dado.</p> <p> Foi pediu dados de feminic&iacute;dio ao Minist&eacute;rio da Justi&ccedil;a. O &oacute;rg&atilde;o, no entanto, n&atilde;o tem dados tabulados sobre o tipo de crime. Diz que &quot;n&atilde;o tem os subs&iacute;dios necess&aacute;rios para fornecer dados espec&iacute;ficos sobre feminic&iacute;dios, ficando essas informa&ccedil;&otilde;es, caso estejam dispon&iacute;veis, no &acirc;mbito das secretarias de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica de cada unidade da federa&ccedil;&atilde;o&quot;. A aus&ecirc;ncia de uma estat&iacute;stica nacional mostra a necessidade de uma padroniza&ccedil;&atilde;o e de um indicador mais preciso e confi&aacute;vel no pa&iacute;s.</p> <p> <strong>Feminic&iacute;dio x homic&iacute;dio</strong></p> <p> Segundo o delegado Victor Leite, da Pol&iacute;cia Civil de Pernambuco, o procedimento padr&atilde;o de investiga&ccedil;&atilde;o para casos de morte de mulheres &eacute;, primeiro, investigar a vida pregressa da v&iacute;tima para saber o que ela fazia, com quem ela andava e onde trabalhava. Dessa forma, a causa da morte &eacute; delineada e, consequentemente, &eacute; poss&iacute;vel saber se houve feminic&iacute;dio ou n&atilde;o.</p> <p> &ldquo;Com as primeiras informa&ccedil;&otilde;es da fam&iacute;lia, j&aacute; conseguimos identificar se foi feminic&iacute;dio, ou seja, se a v&iacute;tima morreu em decorr&ecirc;ncia de ser mulher, se mataram por achar que a mulher era inferior, ou se foi motivada por outra hip&oacute;tese. Por exemplo, se a mulher morreu por fazer parte de alguma organiza&ccedil;&atilde;o criminosa ou quadrilha&rdquo;, diz o delegado Victor Leite.</p> <p> De acordo com o delegado Janderson Lube, de uma forma geral, os feminic&iacute;dios t&ecirc;m um indicativo de autoria do crime preexistente, j&aacute; que os autores geralmente s&atilde;o conhecidos das v&iacute;timas, como ex-maridos. Por conta disso, o delegado afirma que h&aacute; maior facilidade de investiga&ccedil;&atilde;o.</p> <p> &ldquo;Os crimes de feminic&iacute;dio, no geral, ocorrem em um ambiente dom&eacute;stico, muitas vezes praticado dentro da pr&oacute;pria casa da resid&ecirc;ncia do casal. Diante tamb&eacute;m das circunst&acirc;ncias de fuga do autor, do companheiro da v&iacute;tima, n&oacute;s chegamos a essa constata&ccedil;&atilde;o de que &eacute; feminic&iacute;dio logo no in&iacute;cio das investiga&ccedil;&otilde;es&rdquo;, diz.</p> <p> Nos casos de homic&iacute;dio, a dificuldade de investiga&ccedil;&atilde;o costuma ser maior, ainda mais os que envolvem drogas. &ldquo;S&atilde;o casos muito dif&iacute;ceis de ser apurados por conta das circunst&acirc;ncias. O crime ocorre de madrugada ou &agrave; noite, tem a aus&ecirc;ncia de testemunhas, e os locais onde esses crimes ocorrem t&ecirc;m lei do sil&ecirc;ncio. Gera uma s&eacute;rie de dificuldades para prosseguir as investiga&ccedil;&otilde;es&rdquo;, afirma.</p> <p> <strong>Investiga&ccedil;&atilde;o</strong></p> <p> Os dados mostram que muitos casos de feminic&iacute;dio n&atilde;o eram registrados como tal logo ap&oacute;s a san&ccedil;&atilde;o da lei. Isso vem mudando. Em agosto do ano passado, por exemplo, Marly Ferreira Pereira, de 43 anos, foi morta pelo marido em Contagem, na Regi&atilde;o Metropolitana de Belo Horizonte. Ap&oacute;s esfaquear a mulher, Aldair Pinho de Souza, de 57, tentou se matar, de acordo com a Pol&iacute;cia Militar. O caso foi registrado como homic&iacute;dio, mas acabou denunciado como feminic&iacute;dio pelo Minist&eacute;rio P&uacute;blico.</p> <p> &quot;A den&uacute;ncia se baseou nos dados alcan&ccedil;ados na investiga&ccedil;&atilde;o. Temos a seguran&ccedil;a quanto &agrave; autoria porque o acusado &eacute; confesso. Sabemos que o acusado e a v&iacute;tima tinham um relacionamento de companheiro, um relacionamento est&aacute;vel. Sabemos que ambos se encontravam embriagados. Sabemos que o homic&iacute;dio foi cometido a facadas. E nesse quadro, estando absolutamente claro que o homic&iacute;dio foi cometido num contexto de conviv&ecirc;ncia dom&eacute;stica ou familiar entre acusado e v&iacute;tima, temos um feminic&iacute;dio. Ou seja, um homic&iacute;dio qualificado porque, cometido contra uma mulher, por uma condi&ccedil;&atilde;o relacionada ao seu g&ecirc;nero. Por sua vez, marcado pela fragilidade em que a mulher mais acentuadamente se encontrava, pela vulnerabilidade em que ela, via de regra, se encontra em face do agressor num espa&ccedil;o de conviv&ecirc;ncia dom&eacute;stico familiar&quot;, afirma o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro.</p> <p> No caso do assassinato de Laniele Santos Duque da Silva, de 20 anos, em Mau&aacute;, na Grande S&atilde;o Paulo, a qualificadora foi colocada j&aacute; no registro da ocorr&ecirc;ncia.</p> <p> Ela foi baleada pelo marido, que foi preso e aguarda o julgamento. Um m&ecirc;s antes do crime, ela postou no Facebook: &quot;Jamais trate uma mulher como lixo&quot;.</p> <p> &quot;A lei 13.104, de 9 de mar&ccedil;o de 2015, par&aacute;grafo 1&ordm; artigo 2, considera que h&aacute; raz&otilde;es de condi&ccedil;&atilde;o de sexo feminino quando o crime envolve viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica e familiar ou menosprezo ou discrimina&ccedil;&atilde;o com a condi&ccedil;&atilde;o de mulher. Nesse caso, todas essas circunst&acirc;ncias foram objetivamente verificadas. Havia j&aacute; pela narrativa de testemunhas ouvidas um hist&oacute;rico de viol&ecirc;ncia&quot;, afirma o delegado do caso, Jos&eacute; Carlos de Melo.</p> <p> &quot;Tomamos todas as provid&ecirc;ncias, todos os cuidados necess&aacute;rios, ouvimos testemunhas, ouvimos parentes e tudo indicou ter havido nesse caso realmente um feminic&iacute;dio. A viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica colocando a condi&ccedil;&atilde;o do g&ecirc;nero de mulher, passando por uma esp&eacute;cie de tortura ps&iacute;quica, f&iacute;sica, que se desenrolou por algum tempo.&quot;</p> <p> &quot;Ele a matou pelo fato de ela ser mulher&quot;, afirma a m&atilde;e de Laniele, Marlene Maria dos Santos.</p> <p> A m&atilde;e do acusado, Angela Maria da Silva Azevedo, diz que sempre educou o filho a respeitar as mulheres. &quot;Sempre falei que, se voc&ecirc; est&aacute; em um relacionamento que n&atilde;o d&aacute; certo, voc&ecirc; separa, cada um para o seu lado, porque &eacute; o certo. Mas se foi ele realmente, que ele pague o que ele fez. Se a Justi&ccedil;a provar que foi ele, que se fa&ccedil;a justi&ccedil;a&quot;, diz a m&atilde;e, que n&atilde;o falou com o filho desde o crime.</p> <p> <strong>Ciclo de viol&ecirc;ncia</strong></p> <p> Segundo delegados e promotores, o crime de feminic&iacute;dio costuma ser o fim de um longo ciclo de viol&ecirc;ncia sofrido pela mulher.</p> <p> De acordo com Janderson Lube, a maior parte dos casos &eacute; marcada por uma progress&atilde;o de viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica. &quot;A mulher &eacute; v&iacute;tima de agress&otilde;es inicialmente e, depois, essas agress&otilde;es viram um homic&iacute;dio propriamente dito&quot;, afirma.</p> <p> Em muitas vezes, o crime &eacute; precedido por den&uacute;ncias feitas pela v&iacute;tima ou mesmo de medidas protetivas contra os antigos companheiros. Em outras situa&ccedil;&otilde;es, por&eacute;m, o medo, a vergonha ou mesmo o amor impedem a mulher de denunciar seu agressor.</p> <p> &quot;A mulher resolve n&atilde;o denunciar por estar ligada intimamente ao agressor ou por ter uma depend&ecirc;ncia econ&ocirc;mica e afetiva quanto aos filhos, ou mesmo por achar que pode modific&aacute;-lo. Ent&atilde;o h&aacute; todo um ciclo de viol&ecirc;ncia contra a mulher que &eacute; diferente da viol&ecirc;ncia comum, da viol&ecirc;ncia em um roubo, em outro tipo de delito que n&atilde;o envolve uma rela&ccedil;&atilde;o &iacute;ntima de afeto&quot;, diz Ronaldo Costa Braga, promotor do Paran&aacute;.</p> <p> Foi o caso de Josete do Rocio Ferreira, de 54 anos, que morou 13 anos com o homem denunciado pelo seu assassinato na cidade de Campo Largo, na Regi&atilde;o Metropolitana de Curitiba. Segundo a delegada Tatiana Guzela, Josete ficou no ch&atilde;o da sua casa durante tr&ecirc;s dias antes de ser socorrida, at&eacute; ser encontrada pela irm&atilde;. Ela morreu no hospital.</p> <p> &quot;Tinha um hist&oacute;rico imenso de viol&ecirc;ncia nos &uacute;ltimos anos, e ela [Josete], por ser muito apaixonada pelo homem, nunca se preocupou com a sua vida. Segundo o depoimento dos familiares, ela dizia que, se tivesse que morrer nas m&atilde;os dele, assim ela queria que fosse&quot;, diz a delegada Tatiana Guzela.</p> <p> Segundo Costa Braga, a esperan&ccedil;a &eacute; que a divulga&ccedil;&atilde;o da Lei do Feminic&iacute;dio e de dados de viol&ecirc;ncia contra a mulher aumente a consci&ecirc;ncia coletiva sobre a import&acirc;ncia em denunciar os agressores.</p> <p> &quot;N&oacute;s estamos presenciando movimentos no sentido de empoderar a mulher nesse tipo de situa&ccedil;&atilde;o. Eu acho que tem o poder de mudar a sociedade &ndash; e eu espero que consiga. Os n&uacute;meros ainda s&atilde;o muito altos, mas eu acho que a sociedade est&aacute; se transformando, sim&quot;, diz.</p> <p align="right"> <strong><em>Por: Clara Velasco, Gabriela Caesar e Thiago Reis Fonte: G1</em></strong></p>

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