Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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26/12/2017 17h51

Lembraram de mim? Os rios s? s?o lembrados durante enchentes

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<p> Na edi&ccedil;&atilde;o 235 do Tribuna do Piracicaba &ndash; A Voz do Rio, foi estampado na capa uma exclama&ccedil;&atilde;o relativa &agrave; situa&ccedil;&atilde;o de abandono e de descaso das autoridades constitu&iacute;das e da&nbsp; popula&ccedil;&atilde;o em geral em rela&ccedil;&atilde;o aos rios.</p> <p> <em>Esqueceram de mim!</em>, (foto abaixo) a exclama&ccedil;&atilde;o, fazia refer&ecirc;ncia ao dia 24 de novembro, quando se deveria comemorar ou mesmo &ldquo;lembrar&rdquo; do Rio, j&aacute; que essa data &eacute; oficialmente o Dia do Rio.</p> <p> &nbsp;Ainda na capa foi estampada uma imagem de um rio com seu leito totalmente seco, com o leito todo ressecado mostrando a crise h&iacute;drica que assola a regi&atilde;o, o estado e o pa&iacute;s.</p> <p> Apesar de haver um depend&ecirc;ncia umbilical da humanidade em rela&ccedil;&atilde;o os rios, no Brasil, diante a fartura de recursos h&iacute;dricos, nem mesmo a &ldquo;Grande M&iacute;dia&rdquo; deu import&acirc;ncia &agrave; data e a data passou batida.</p> <p> Mas, t&atilde;o logo uma precipita&ccedil;&atilde;o concentrada atingiu a regi&atilde;o da Zona da Mata mineira e os rios e cursos d&acute;&aacute;gua, totalmente assoreados e debilitados, expuseram suas entranhas, causando enormes preju&iacute;zos, todos os telejornais destacaram os at&eacute; ent&atilde;o esquecidos.</p> <p> <strong>As Secas e Enchentes e sua Estreita Rela&ccedil;&atilde;o com o desmatamento</strong></p> <p> Dentro do funcionamento do ciclo hidrol&oacute;gico, fica bem claro que n&atilde;o adianta chover para haver produ&ccedil;&atilde;o de &aacute;gua doce na bacia hidrogr&aacute;fica. &Eacute; necess&aacute;rio haver a floresta (e/ou reten&ccedil;&atilde;o das &aacute;guas de chuva pelo solo) e a conseq&uuml;ente preserva&ccedil;&atilde;o do h&uacute;mus do solo. Com isso, durante os per&iacute;odos chuvosos, o h&uacute;mus funciona como uma verdadeira &ldquo;esponja&rdquo; retentora de &aacute;gua da chuva, que depois se infiltrar&aacute; no solo devido &agrave;s fissuras promovidas pelas ra&iacute;zes dos vegetais, produzindo &aacute;gua doce e alimentando com mais &aacute;gua os rios durante os per&iacute;odos de estiagem, e amortecendo os transbordamentos de &aacute;gua pela calha dos rios durante os per&iacute;odos chuvosos. Se a &aacute;gua das chuvas n&atilde;o se transformar em infiltra&ccedil;&atilde;o h&iacute;drica subterr&acirc;nea (que &eacute; o grande reservat&oacute;rio de &aacute;gua doce na natureza), vai ocorrer maximiza&ccedil;&atilde;o das enchentes nos per&iacute;odos chuvosos (e essa &aacute;gua &eacute; encaminhada a curto-prazo para o mar, transformando-se em &aacute;gua salgada), e durante os per&iacute;odos de estiagem, os rios ficam com menos &aacute;gua, pois o principal alimentador de &aacute;gua dos rios nessa &eacute;poca s&atilde;o os len&ccedil;&oacute;is h&iacute;dricos fre&aacute;ticos, que est&atilde;o em n&iacute;vel mais baixo; isto ocorre porque n&atilde;o houve a sua recarga natural durante os per&iacute;odos chuvosos; isto por sua vez ocorre porque o desmatamento descontrolado, a antropiza&ccedil;&atilde;o desordenada da bacia hidrogr&aacute;fica (pr&aacute;ticas agr&iacute;colas perniciosas, pecu&aacute;ria com degrada&ccedil;&atilde;o do solo, desenvolvimento urbano crescente e sem sustentabilidade ambiental com a polui&ccedil;&atilde;o dos rios por lixo e esgotos e a impermeabiliza&ccedil;&atilde;o crescente do solo, pr&aacute;ticas extrativistas com impactos ambientais negativos, e outros) e o conseq&uuml;ente carreamento do h&uacute;mus do solo fazem com que a recarga natural das &aacute;guas das chuvas no solo seja bastante minimizada, gerando como conseq&uuml;&ecirc;ncia a maximiza&ccedil;&atilde;o do escoamento h&iacute;drico superficial do solo e polui&ccedil;&atilde;o e assoreamento dos rios, agravando as enchentes durante os per&iacute;odos de chuvas intensas, e tamb&eacute;m agravando as secas durante os per&iacute;odos de estiagem (pela diminui&ccedil;&atilde;o da alimenta&ccedil;&atilde;o dos rios pela &aacute;gua subterr&acirc;nea).</p> <p> Desta forma, como j&aacute; vem acontecendo no Brasil, nas bacias hidrogr&aacute;ficas degradadas costumam existir, com freq&uuml;&ecirc;ncia, enchentes e secas, &agrave;s vezes no mesmo ano e no mesmo local.</p> <p> Observando com um n&iacute;vel de detalhe t&eacute;cnico ambiental mais profundo, vai se verificar que as bacias hidrogr&aacute;ficas onde ocorreram essas trag&eacute;dias est&atilde;o com n&iacute;vel elevado de degrada&ccedil;&atilde;o ambiental, com crescente desmatamento, ocupa&ccedil;&atilde;o irregular e descontrolada do solo, atividades que geram recursos e lucros aos propriet&aacute;rios das terras e empres&aacute;rios respons&aacute;veis por empreendimentos, mas que est&atilde;o por sua vez aumentando a degrada&ccedil;&atilde;o ambiental, os danos &agrave; popula&ccedil;&atilde;o e, em pouco tempo, levar&atilde;o &agrave; desvaloriza&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica dessas &aacute;reas devido &agrave; destrui&ccedil;&atilde;o dos ecossistemas naturais que l&aacute; haviam e de sua biodiversidade ecol&oacute;gica.</p> <p> A impermeabiliza&ccedil;&atilde;o do solo dessas bacias hidrogr&aacute;ficas tem crescido em grande escala, aumentando o escoamento superficial da &aacute;gua durante os per&iacute;odos chuvosos, ampliando as enchentes; e por sua vez, agravando as secas nos per&iacute;odos de estiagem.</p> <p> <strong>Zona da Mata</strong></p> <p> A regi&atilde;o j&aacute; n&atilde;o mais faz refer&ecirc;ncia ao pr&oacute;prio nome e devido a quest&atilde;o do desmatamento, a regi&atilde;o foi duramente atingida por uma precipita&ccedil;&atilde;o al&eacute;m da capacidade de o solo absorver, do rio de comportar e que, devido a velocidade das &aacute;guas por falta de prote&ccedil;&atilde;o vegetal do solo e pelo excesso de impermeabiliza&ccedil;&atilde;o, provocou uma trag&eacute;dia (anunciada) em diversas cidades daquela &aacute;rea, jogando lama no Natal de milhares de pessoas.</p> <p> Segundo especialistas, n&atilde;o basta culpar apenas as autoridades j&aacute; que toda popula&ccedil;&atilde;o, de alguma forma, contribui para essa degrada&ccedil;&atilde;o. Conforme an&aacute;lise dos acontecimentos, eles dizem que seria preciso, com urg&ecirc;ncia, que toda a sociedade se mobilize para iniciar uma revers&atilde;o desse quadro, muitas vezes com a&ccedil;&otilde;es simples &ndash; como por exemplo, apenas n&atilde;o jogando lixo nos cursos d&acute;&aacute;gua, n&atilde;o desmatando, entre outras atitudes de f&aacute;cil implementa&ccedil;&atilde;o. Fazendo isso estariam prevenindo novas e tamb&eacute;m anunciadas trag&eacute;dias.</p> <p align="right"> <em>Fonte: </em><a href="http://www.mpf.mp.br/"><em>http://www.mpf.mp.br/</em></a></p> <p> <em>Na foto a cidade de Rio Casca inundada onde n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel identificar o leito normal do rio </em></p>

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