08/12/2017 18h41
Cen?rios - APOCALIPSE CULTURAL
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<strong>APOCALIPSE CULTURAL</strong></p>
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A tecnologia vem passando o rodo e mudando tudo na vida cotidiana e não seria diferente com a arte. A cultura como conhecíamos não existe mais. Virou outra coisa, desmaterializou, virou nuvem.</p>
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<strong>NOVILÍNGUA</strong></p>
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Os novos tempos carregam um forte elogio à ignorância. A simplicidade tornou-se virtude hipervalorizada . As pessoas consomem mensagens a cada dia mais reduzidas. Muitos só leem as fotos e legendas ( daí o sucesso do instagram). As pessoas passaram a ter preguiça de textos maiores, vídeos maiores, conteúdos densos. Há um certo enfastio da profundidade.</p>
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<strong>PIRATARIA SEM CONTROLE</strong></p>
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Hoje em dia, com a facilidade de se copiar e colar qualquer coisa, como ganhar dinheiro? Se você compartilha, caiu na rede, não é seu mais. Temos templates de quase tudo e está só piorando. Direitos autorais sobre fotos? Sobre música? Sobre textos? Esqueça! Se tiver dinheiro pra contratar advogados, vá em frente...</p>
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<strong>FIM DA MATERIALIDADE</strong></p>
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De repente ficou tudo fluido, comprimido, evanescente. Quem consumia música há algumas décadas, precisava de LPs, K7s, Mds, Cds, pendrive. E hoje tá tudo na descomunal nuvem. Você paga um tikim e tem um tantão... quase um infinito de músicas.</p>
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<strong>TEM O LADO BOM</strong></p>
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Tem quem defenda que os artistas nunca tiveram um meio tão democrático para atingir seus fãs. É só ter um canal no youtube, um facebook da hora, instagram com belas fotos e pá: tá resolvido. Mas como conseguir audiência no meio de um barulho desses?</p>
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<strong>DÁ PRA GANHAR DINHEIRO COM MÚSICA?</strong></p>
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Antes alguns artistas faturavam com direitos autorais. O ECAD arrecadava na execução em rádios e tvs, nos eventos, nos bares. Havia a perversidade dos jabás e ainda há. Mas hoje, nem isso tem mais. A internet vem mordendo o bolo das rádios continuamente e parece ser um caminho sem volta. Num cenário como este, poucos ganham com direitos autorais. A saída para os músicos é tocar ao vivo, vender shows. Mas como vender se a banda não for famosa?</p>
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<strong>DITADURA DO COVER</strong></p>
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E pra completar o elenco notícias cabulosas para a nova música, temos essa covermania. Os donos de barzinho não querem saber de artistas autorais considerados chatos e alternativos. E dá-lhe bandas imitações tocando o hit parade de alguma banda. E com isso, não há renovação. Nas artes plásticas, as cópias ( artesanato) costumam dar mais lucro que os originais. Santa ironia, Batman.</p>
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<strong>E COMO FICAM OS AUTORAIS?</strong></p>
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Terão de cavar novos veios, procurar novos espaços de fruição e monetização do trabalho. Por enquanto a situação está nebulosa. Mas tem gente por aí se dando bem. Tem gente emplacando no spotfy, até mesmo no youtube.</p>
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<strong>SÓ O PROFISSIONALISMO PRA SALVAR...</strong></p>
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Reclamar não adianta. Qualquer parceria precisa passar firmeza. Os artistas e seus empresários precisam se profissionalizar e somar no esforço de levar público, o que será bom pra quem contrata e para o contratado. Muitas bandas vão lá, levam um lero com o dono e esperam que as casas façam tudo e inclusive levem público. E na hora do show, tocam como se estivessem nos ensaios, mal olham pra cara da platéia, não se comunicam, não oferecem uma experiência positiva. Muito pelo contrário: olham pro nada, não fazem questão de interagir, de causar algum impacto ou emoção. Alguns dizem que tocam pra agradar a eles mesmos. Bom, creio que para masturbação o palco não seja um espaço adequado.</p>
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<strong>A DIREITA NÃO TEM DISCURSO PARA A CULTURA</strong></p>
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Eu vejo algumas pessoas xingando os artistas, que em sua maioria, nutrem simpatia pela esquerda. Isso é fácil de explicar. Não se vê a direita abraçando nada em termos culturais. Nem a turma tucana. Enquanto isso, a esquerda abraça. Para a direita, a arte é um devaneio, coisa de cigarras num mundo de formigas. </p>