Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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21/11/2016 10h11

Um ano ap?s explos?o de microcefalia, Brasil n?o est? preparado para conter zika e doen?a deve devastar Sudeste

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<p> H&aacute; pouco mais de um ano houve uma explos&atilde;o nos casos de beb&ecirc;s com microcefalia e outras m&aacute;forma&ccedil;&otilde;es no Brasil, especialmente no Nordeste (onde os primeiros casos foram detectados). No in&iacute;cio, tudo era um verdadeiro mist&eacute;rio tanto para a popula&ccedil;&atilde;o e para a ci&ecirc;ncia. Ao longo do tempo, constatou-se que as deformidades em beb&ecirc;s eram consequ&ecirc;ncia de um inimigo poderoso: o zika v&iacute;rus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. O Pa&iacute;s viveu uma das epidemias mais assustadoras e intrigantes.</p> <p> Por&eacute;m, passado um ano do inicio dos casos, o Pa&iacute;s ainda n&atilde;o est&aacute; preparado para conter o zika e as demais enfermidades causadas pelo Aedes, como a dengue e a chikungunya. E, agora, com a &eacute;poca das chuvas, a previs&atilde;o &eacute; de que haver&aacute; uma explos&atilde;o de casos na regi&atilde;o Sudeste, que pode ser ainda mais devastadora.</p> <p> De acordo com o infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arbovirose, Artur Timerman, o poder p&uacute;blico precisa ser mais ativo para conter a epidemia.</p> <p> &mdash; O que foi feito de um ano para c&aacute; foi s&oacute; enxugar gelo. Entrar na casa das pessoas e falar para cuidarem de suas plantinhas e dizer &ldquo;O Mosquito n&atilde;o vai vencer o Pa&iacute;s&rdquo; n&atilde;o resolvem. [O mosquito] j&aacute; venceu faz tempo! Se voc&ecirc; quer mudar o jogo, mude de campo.</p> <p> Ele ainda diz que &quot; em curto prazo &eacute; preciso educar as pessoas sobre o h&aacute;bito do mosquito, como usar manga cumprida e usar repelente&quot;.</p> <p> &mdash; Quando teve a epidemia de AIDS, o governo come&ccedil;ou a distribuir camisinha para as pessoas como m&eacute;todo de preven&ccedil;&atilde;o. Ent&atilde;o, porque n&atilde;o distribuem repelente para todo mundo?&nbsp; Por&eacute;m, em m&eacute;dio e longo prazos, o governo deveria dar mais &ecirc;nfase ao saneamento b&aacute;sico, mudar o modelo de urbaniza&ccedil;&atilde;o e aumentar as &aacute;reas verdes nas cidades, para diminuir a incid&ecirc;ncia de casos.</p> <p> Nesta temporada de chuvas, o zika deve fazer mais v&iacute;timas, especialmente no Sudeste do Brasil, segundo o pediatra e membro do comit&ecirc; t&eacute;cnico assessor em Imuniza&ccedil;&otilde;es do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de do Brasil, Marco Aurelio Palazzi S&aacute;fad.</p> <p> &mdash; O surto deste ano ser&aacute; na regi&atilde;o Sudeste e, n&atilde;o no Nordeste, porque [provavelmente] quem teve a doen&ccedil;a criou certa imunidade. Al&eacute;m disso, a magnitude ser&aacute; maior talvez por causa [do n&uacute;mero] da popula&ccedil;&atilde;o.</p> <p> As doen&ccedil;as causadas por insetos s&atilde;o mais comuns no ver&atilde;o, com o aumento das temperaturas e da umidade &mdash; condi&ccedil;&otilde;es ideais para a prolifera&ccedil;&atilde;o do aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya &mdash;. De acordo com o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de, historicamente, o pico de casos destas tr&ecirc;s doen&ccedil;as dengue ocorre entre dezembro e abril. Neste ano, a maior incid&ecirc;ncia deve ser de chikungunya.</p> <p> <strong>Consequ&ecirc;ncias devastadoras</strong></p> <p> A microcefalia &eacute; apenas uma das consequ&ecirc;ncias do zika, mas &eacute; a mais simb&oacute;lica e percept&iacute;vel. Gr&aacute;vidas infectadas tamb&eacute;m podem ter filhos com sequelas no sistema nervoso, comprometimento ocular, problemas auditivos, atraso no desenvolvimento motor, entre outras complica&ccedil;&otilde;es. Esse conjunto de sintomas provocados pela zika em beb&ecirc;s &eacute; a chamada Sindrome Cong&ecirc;nita de Zika V&iacute;rus, explicou S&aacute;fadi.</p> <p> &mdash; As manifesta&ccedil;&otilde;es tardias s&atilde;o desconhecidas, como o comprometimento da aprendizagem, por exemplo. N&atilde;o sabemos como elas v&atilde;o se desenvolver mais tarde. Essas crian&ccedil;as diagnosticadas [durante o surto de 2015] t&ecirc;m apenas um ano. [S&oacute; sabemos que] quanto mais cedo a crian&ccedil;a &eacute; acometida pelo v&iacute;rus, mais danos ela ter&aacute;.</p> <p> Em 2015, 71% dos casos de microcefalia provocados por zika foram detectados no Nordeste. At&eacute; o dia 5 de novembro deste ano, foram confirmados 2.143 casos de microcefalia e outras altera&ccedil;&otilde;es do sistema nervoso. Outros 3.086 casos s&atilde;o investigados por suspeita de microcefalia em todo o Pa&iacute;s, segundo dados mais recentes do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de.</p> <p> Ainda segundo a pasta, desde outubro do ano passado, 10.119 casos foram notificados ao Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de. Destes, 4.890 foram descartados por apresentarem exames normais ou por serem casos de microcefalia ou malforma&ccedil;&otilde;es relacionadas a outras causas. Do total de casos confirmados (2.143), 417 t&ecirc;m rela&ccedil;&atilde;o com com o v&iacute;rus.</p> <p> No mesmo per&iacute;odo, foram registradas 514 mortes suspeitos de microcefalia e/ou altera&ccedil;&atilde;o do sistema nervoso central ap&oacute;s o parto ou durante a gesta&ccedil;&atilde;o no Pa&iacute;s. Destes, 176 foram confirmados com o v&iacute;rus zika, informou o minist&eacute;rio.</p> <p> O v&iacute;rus tamb&eacute;m pode ser um dos gatilhos para a s&iacute;ndrome de Guillain-Barr&eacute;. Ainda n&atilde;o se sabe quantos casos da doen&ccedil;a foram desencadeados pelo zika, mas j&aacute; foi comprovado o aumento.</p> <p> <strong>H&aacute; esperan&ccedil;a de preven&ccedil;&atilde;o?</strong></p> <p> Das doen&ccedil;as provocadas pelo aedes aegypti, apenas a dengue tem vacina, mas ela s&oacute; est&aacute; dispon&iacute;vel na rede privada. O Instituto Butantan est&aacute; produzindo outra vacina, que est&aacute; na terceira e &uacute;ltima fase de testes antes de ser submetida &agrave; aprova&ccedil;&atilde;o da Anvisa (Ag&ecirc;ncia Nacional de Vigil&acirc;ncia Sanit&aacute;ria). O medicamento deve ser produzido em larga escala e distribu&iacute;do na rede p&uacute;blica de sa&uacute;de a partir de 2018.</p> <p> <strong>Reuters</strong></p> <p> Uma vacina contra o zika seria a &uacute;nica solu&ccedil;&atilde;o para o problema, mas ainda n&atilde;o existe este tipo de medica&ccedil;&atilde;o. Tamb&eacute;m, por enquanto, n&atilde;o h&aacute; ind&iacute;cios de que o v&iacute;rus sofreu alguma muta&ccedil;&atilde;o gen&eacute;tica desde o seu descobrimento, como o v&iacute;rus da gripe. Segundo Wilson Savino, diretor da Fiocruz (Instituto Oswaldo Cruz), atualmente cerca de 30 institui&ccedil;&otilde;es no mundo est&atilde;o desenvolvendo projetos para obter o prot&oacute;tipo para testar a vacina contra o z&iacute;ka v&iacute;rus.</p> <p> &mdash; Isso demora muito. Se tudo ocorrer bem, talvez em cinco anos.</p> <p> Enquanto isso, a popula&ccedil;&atilde;o pode adquirir h&aacute;bitos para evitar a picada do mosquito. O Aedes aegypti tem h&aacute;bitos diurnos e costuma voar entre 9h e 13h, a aproximadamente 1,5 metro de altura &mdash; por isso, o mosquito costuma picar as crian&ccedil;as no rosto e os adultos, nos bra&ccedil;os &mdash;. Esse &eacute; o hor&aacute;rio mais recomendado para passar repelente.</p> <p> Para quem &eacute; adepto de inseticidas essa n&atilde;o &eacute; a melhor solu&ccedil;&atilde;o para o problema, na opini&atilde;o de Timerman.</p> <p> &mdash; Tem gente que fala em jogar inseticida, mas n&atilde;o d&aacute; para fazer isso numa cidade como S&atilde;o Paulo. Isso s&oacute; funciona em locais pequenos porque o veneno mata mais gente do que mosquito.</p> <p> Em nota, o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de esclarece que tem se preparado para enfrentar o Aedes aegypti durante o pr&oacute;ximo ver&atilde;o. &ldquo;As a&ccedil;&otilde;es de preven&ccedil;&atilde;o e combate ao mosquito &mdash; que s&atilde;o permanentes e cont&iacute;nuas &ndash; t&ecirc;m sido intensificadas. Est&atilde;o sendo realizadas mobiliza&ccedil;&otilde;es nacionais para coleta de pneus em diversos munic&iacute;pios&rdquo;. Ainda segundo a pasta, tamb&eacute;m &eacute; essencial a conscientiza&ccedil;&atilde;o de toda a popula&ccedil;&atilde;o para o refor&ccedil;o nos cuidados para eliminar poss&iacute;veis criadouros.</p> <p> Fonte: R7</p>

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