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<p> - Mestre, n&oacute;s estamos em d&uacute;vida. Qual caminho o senhor nos recomenda? Esquerda ou da direita?</p> <p> - Sigam os cora&ccedil;&otilde;es de voc&ecirc;s...</p> <p> - O cora&ccedil;&atilde;o &eacute; vermelho...ent&atilde;o o caminho &eacute; da esquerda n&eacute;?</p> <p> - &Eacute; assim que voc&ecirc; interpreta?</p> <p> - A esquerda n&atilde;o significa sensibilidade social, distribui&ccedil;&atilde;o das riquezas?</p> <p> - Sim. Mas a direita tamb&eacute;m tem qualidades. Representa o ordenamento p&uacute;blico, a possibilidade da prosperidade, do desenvolvimento.</p> <p> - Mas mestre...a vida inteira nos ensinaram que a direita &eacute; da elite...</p> <p> - Mas voc&ecirc; n&atilde;o almeja prosperar tamb&eacute;m? Ter um triplex, um sitio bacana, carro do ano, conforto?</p> <p> - Sim.</p> <p> - Ent&atilde;o tamb&eacute;m quer ser elite?</p> <p> - A&iacute; n&atilde;o. Pode me chamar de bicha, maconheiro, mas n&atilde;o me xingue de elite.</p> <p> - Mas rapaz...se voc&ecirc; quer enriquecer, ter uma vida melhor, qual o problema de ser elite?</p> <p> - Ah. Eu prefiro n&atilde;o ter posses, para n&atilde;o me tornar escravo delas.</p> <p> - Muito bem. O desapego &eacute; uma &oacute;tima pol&iacute;tica.</p> <p> - Mas mestre. O senhor chama desapego de pol&iacute;tica?</p> <p> - Mas &eacute; claro. &Eacute; um ato pol&iacute;tico radical de extrema esquerda. A direita &eacute; acumulativa. A esquerda distribuitiva.</p> <p> - Ent&atilde;o o senhor tamb&eacute;m &eacute; de esquerda?</p> <p> - Eu n&atilde;o sou de esquerda nem de direita, nem de fora nem de dentro.</p> <p> - AH, mestre. O senhor est&aacute; em cima do muro.</p> <p> - Na verdade eu sou o muro.</p> <p> - Mas como assim, mestre? Voc&ecirc; n&atilde;o pode ser o muro...voc&ecirc; &eacute; o caminho.</p> <p> - N&atilde;o. Eu sou o muro. Voc&ecirc; pode subir em cima e observar o outro lado. Vai ver que n&atilde;o &eacute; t&atilde;o ruim assim. Tem gente boa do lado de l&aacute; tamb&eacute;m.</p> <p> - Ah n&atilde;o, mestre. O senhor est&aacute; parecendo tucano.</p> <p> - Meu querido. Eu v&ocirc;o um pouco mais alto.</p> <p> - Uma &aacute;guia? Mas a &aacute;guia &eacute; um s&iacute;mbolo americano. O senhor &eacute; de direita, mestre?</p> <p> - Eu v&ocirc;o um pouco mais alto ainda.</p> <p> - Mais alto ainda? Mas o que voa mais alto que uma &aacute;guia? N&atilde;o sei...ser&aacute; um foguete...os discos voadores? Ah n&atilde;o mestre. N&atilde;o v&aacute; me dizer que o senhor &eacute; um alien&iacute;gena?</p> <p> - N&atilde;o precisamos nem de asas pra voar, meu querido. S&oacute; a imagina&ccedil;&atilde;o j&aacute; nos basta.</p> <p> - Mas e ent&atilde;o? Esquerda ou direita?</p> <p> - Eu recomendo que olhem o mundo sem as lentes das ideologias. Elas distorcem as vis&otilde;es. Busquem a pureza dos sentimentos.</p> <p> - O senhor est&aacute; nos enrolando, mestre. Imagine que estamos numa estrada e de repente chegamos a uma bifurca&ccedil;&atilde;o. Um caminho vai pra esquerda, outro pra direita. Qual devemos seguir?</p> <p> - Que tal seguirem pelo caminho do meio?</p> <p> - Mas mestre...n&atilde;o existe caminho do meio.</p> <p> - Ent&atilde;o construam um...e sigam juntos de m&atilde;os dadas.</p>