08/07/2015 14h01
Degrada??o ambiental causa seca da foz do Rio Doce
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As águas barrentas do Rio Doce que encantaram os desbravadores do Brasil na época do descobrimento já não colorem mais o mar. Por causa dos grandes períodos de estiagem, extinção de nascentes e assoreamentos, a foz do rio que fica em Regência, litoral de Linhares(ES) secou. Embora inédito e preocupante, esse fenômeno, foi anunciado. Para o ambientalista Henrique Lobo, membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, a ação degradante do homem foi determinante.</p>
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“É um fenômeno natural de maré e do próprio rio, mas em razão da degradação iniciada nas décadas de 50 e 60, temos hoje apenas 4% de floresta natural (Mata Atlântica) e 80% das pastagens degradadas”, justifica. Lobo, que estuda a Bacia há 35 anos, explica que o rio é um delta de 110 quilômetros com três braços naturais. Dois deles, os do sul e do norte, secaram ao longo dos anos, mas o principal resistia até que há dez dias não conseguiu mais transpor um cordão de areia de 15 a 20 metros de largura e chegar ao mar.</p>
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“A concentração de sedimentos e areia dentro do Rio Doce é muito grande, provocando um assoreamento grave. Em 1960 o rio tinha três metros de profundidade média e hoje tem 90 centímetros de profundidade média”, explica. Apesar disso, há esperança. A sugestão do ambientalista é que o canal seja aberto naturalmente, “com a dinâmica do rio realizando a abertura da foz dele”. Segundo ele, a tendência é que esse ano chova 20% a mais que a média histórica na Bacia, que é de 1,5 mililitros por ano.</p>
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Essas chuvas poderão fazer com que o rio aumente a sua vazão e rompa o cordão de areia que o separa do mar. Nesta sexta-feira (26) choveu forte em Linhares. Outra solução é a recuperação das nascentes e dos topos de morros. “A água que infiltra no topo das montanhas gasta até seis meses para sair nas nascentes”, explica, contando que por ser de terreno acidentado, a Bacia que tem 83,4 mil quilômetros quadrados de extensão é considerada “um mar de morros”.</p>
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O Rio Doce é o maior do Espírito Santo e apesar do seu terceiro braço ter secado, Lobo não acredita em desabastecimento na região que seria de planície e rica em água no subsolo. “Não é como acontece na região de Governador Valadares, onde cava-se um poço a 100 e 150 metros de profundidade sem, contudo, encontrar água”, exemplifica.</p>
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<strong>SECA</strong></p>
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“Agora não está faltando água para o consumo, mas nossa preocupação é com o futuro. A vazão está cada dia menor”, explica o empresário de turismo em Vila Regência, Robson Barros da Rocha, de 46 anos. “É preocupante e triste ver essa boca da barra (foz) fechada”, completa, contando que o percurso dos pescadores para chegar ao mar aumentou de três para 12 quilômetros. “E precisam dar uma volta e tanto”. A Bacia do Rio Doce é composta por 228 municípios, sendo 26 capixabas e 202 mineiros.</p>
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<strong>VOLUME</strong></p>
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Semana passada, conforme o ambientalista, o volume de água do Rio Doce está abaixo do pior volume registrado em período de seca, que foi de 330 metros cúbicos por segundo. Em janeiro deste ano, período tradicionalmente chuvoso, entre Colatina e Linhares, ambas no Espírito Santo, a vazão registrada foi 156 metros cúbicos por segundo. “Tão pouca água não consegue mesmo chegar ao mar”, analisou.</p>
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<strong>RIO PIRACICABA</strong></p>
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O ambientalista Henrique Lobo anunciou também, durante palestra realizada na Câmara Municipal de Rio Piracicaba, o esgotamento e seca do Rio Piracicaba até 2030, caso providências não fossem urgentemente tomadas.</p>
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O Bom Dia e o Tribuna de Rio Piracicaba divulgaram o alerta tanto do ambientalista Henrique Lobo quanto de outro especialista da área, engenheiro Cláudio Bueno Guerra.</p>
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<strong>VEJA MAIS</strong></p>
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http://bomdiaonline.com/noticia/25226/crise-hiacutedrica-se-agrava-e-rio-piracicaba-pode-secar</p>
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<strong>FOTOS</strong></p>
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Nas imagens você pode comparar a foz em 2011 e a atual</p>