05/02/2014 08h01
Crescimento de casos de c?ncer em Minas est? acima da m?dia nacional
<p>
Um mal que assombra milhares de brasileiros não dá sinal de trégua. Apenas este ano 576.580 pessoas deverão ter algum tipo de câncer, principalmente de próstata e de mama. A estimativa foi divulgada ontem, no dia mundial de combate à doença, pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). O crescimento é de 11,3% em relação ao ano passado, quando a expectativa foi de 518 mil novos casos. O aumento acompanha o envelhecimento da população e, em alguns estados, a alta taxa de incidência se aproxima daquelas dos países desenvolvidos, segundo o Inca. Em Minas, o número de pacientes com algum tumor deve aumentar mais que a média nacional (13,5% contra 11,3%), passando de 54,2 mil em 2013 para 61.530. Em Belo Horizonte, a previsão é de 10.030 doentes.</p>
<p>
Minas é o terceiro estado com a maior previsão de novos casos, atrás de São Paulo (152.200) e Rio de Janeiro (73.680). O câncer de pele do tipo não melanoma (benigno) será o mais incidente na população brasileira (182 mil casos novos). O mesmo ocorrerá em Minas Gerais (23.300) e em BH (4.010). Na sequência, o de próstata, mama e cólon/reto vão liderar a lista dos tipos da doença que mais vão acometer mineiros e belo-horizontinos, a exemplo do que foi estimado em anos anteriores. Os cálculos do Inca são válidos também para 2015.</p>
<p>
<strong>Câncer Infatil</strong></p>
<p>
O câncer infantil é a doença que mais leva crianças e adolescentes com idade de 1 a 19 anos à morte no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Consideradas também as causas externas, ele fica em segundo lugar entre as causas de morte nesta faixa etária, atrás apenas dos acidentes.</p>
<p>
O atraso no diagnóstico é um dos principais motivos para o insucesso do tratamento. Diante desta constatação, a equipe envolvida no eixo “Qualidade de vida e diagnóstico precoce do câncer na infância e na adolescência”, do Observatório da Saúde da Criança e do Adolescente (Observaped), fez um estudo para identificar o tempo de queixa dos pacientes antes da primeira consulta por especialistas.</p>
<p>
“Por ter sintomas inespecíficos ou parecidos com doenças comuns, o paciente pode demorar a ser encaminhado para a oncologia”, afirma a aluna integrante da equipe, Elena Domingues, do 8º período de Medicina da UFMG. Segundo ela, dentre as queixas mais comuns estão dor de cabeça, náuseas, vômitos e alterações da marcha e coordenação. Em menores de quatro anos, os sintomas inespecíficos que mais aparecem são náuseas, vômitos e irritabilidade.</p>
<p>
Para identificar o tempo de queixa, foi realizada retrospectiva de prontuários do Hospital das Clínicas da UFMG, no período de 2004 a 2012. Dos 488 pacientes atendidos, 364 tiveram diagnóstico de neoplasia maligna, que é a proliferação anormal de células. O tempo que decorre entre o início dos sintomas e o diagnóstico de câncer variou de um dia a até oito anos.</p>
<p>
Elena conta que o diagnóstico mais prevalente foi dos tumores do sistema nervoso central, responsáveis por 42% dos casos de câncer e com tempo de queixa de aproximadamente 13 semanas. Tumores de partes moles (câncer que pode afetar um grupo de tecidos localizados entre a epiderme e as vísceras) demoraram cerca de 26 semanas para serem diagnosticados. “Os tumores do sistema nervoso central são diagnosticados mais rapidamente pelo fato de o Hospital das Clínicas ser referência estadual em neurocirurgia e, consequentemente, um centro receptador desses pacientes”, explica a aluna.</p>
<p>
De acordo com dados da pesquisa, o Brasil apresenta a maior demora entre o início dos sintomas e o diagnóstico ou primeira consulta com o oncologista pediátrico, quando comparado a países desenvolvidos. Nos tumores das partes moles, o tempo de queixa chega a ser cinco vezes maior. “Isso é preocupante, pois o diagnóstico precoce é fundamental no sucesso do tratamento e na redução de sequelas”, alerta Elena Domingues.</p>
<p>
<strong>Diagnóstico</strong></p>
<p>
A demora no diagnóstico pode estar relacionada, além do comportamento da doença, a fatores socioeconômicos como dificuldade de acesso ao atendimento médico, aos métodos diagnósticos e no encaminhamento para os centros de referência em oncologia pediátrica.</p>
<p>
Segundo a professora Karla Emília de Sá Rodrigues, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, uma das orientadoras da pesquisa, outro fator para a baixa suspeição do pediatra é o fato de que ele diagnostica um ou dois casos de neoplasia maligna em cada sete a dez anos. “Assim, o câncer dificilmente será a primeira hipótese considerada diante de queixas inespecíficas”, acrescenta.</p>
<p>
<strong>Óbitos</strong></p>
<p>
Em outro estudo realizado pelo grupo, também no período de 2004 a 2012, dos 364 pacientes identificados, 86 morreram. A prevalência de mortes foi maior para os tumores do sistema nervoso central, que corresponderam a cerca de 45% dos casos. “Esses dados estão em consonância com a literatura, que aponta que esses tumores são as principias causas de morte por câncer”, completa a estudante.</p>
<p>
Já entre as causas de óbito, as principais foram a progressão da doença, que chegou a 45,4% e a sepse – infecção generalizada – que foi de 14,7%. Para a professora Karla, é fundamental a conscientização da população médica e leiga acerca dos sinais e sintomas precoces do câncer. “Em geral, quanto maior o atraso do diagnóstico, mais avançada é a doença, menores as chances de cura”, ressalta.</p>
<p style="text-align: right;">
<em>Fonte: Uai</em></p>