17/10/2024 09h08
Coluna do Marcos Martino
Eu fico muito indignado quando vejo homens desrespeitando suas mulheres. Homens que ficam pelos cantos falando dos defeitos de sua mulher, exaltando a beleza das novinhas, se vangloriando de suas escapadas sexuais, de seu complexo de garanhão. E pra piorar temos a volta de um conservadorismo tacanho, que prega a volta das mulheres às cozinhas, cama e mesa, que parem de se meter em assuntos “sérios” e que assumam seu papel de reprodutoras, uma dama na sociedade e uma cortesã na cama.
Esses ogros infelizmente vem aumentando. Quem deixou as portas do inferno abertas?
E proporcionalmente, vem aumentando a violência contra as mulheres. Estupros e agressões são a cada dia mais comuns. A piração é tamanha, que alguns homens achem que tem direito bíblico de agredir e punir suas companheiras. E nas rodinhas machistas, ainda tem o desplante de dizer de dizer que as mulheres são pervertidas e gostam de apanhar.
Não tenho dúvidas de que a nossa civilização está regredindo. Há algumas décadas atrás, os homens eram mais elegantes. O cavalheirismo estava na moda. Homens ofertavam flores, faziam serenatas, levantavam as cadeiras para as mulheres sentarem, convidavam para jantar, pagavam as contas, eram muito mais respeitosos.
Mas de uns tempos pra cá, as mulheres foram conquistando direitos e demonstrando que eram tão ou mais inteligentes que muitos homens. E muitas vezes se tornaram chefes de muitos homens, donas de empresas e chefes de família.
O homens começaram a sentir saudades do tempo das cavernas, em que os machos, mais fortes, caçavam e lutavam pra defender suas tribos. Durante muito tempo imperou a lei do mais forte, da força física sobre a sensibilidade. Mas a humanidade foi desenvolvendo a tecnologia. O conhecimento se sobrepôs à força bruta e os papéis foram mudando.
Mas estamos tendo essa onda retrô turbinada pelas redes sociais. Tem até certos coachs que convencem seus influenciados, que o homem tem de ser provedor e protetor e a mulher, tem de ser submissa e cuidar do lar. Senhores da razão querendo impor sua lógica aviltada. E tem teorias de que ah, as mulheres estão sobrecarregadas. Elas não suportam o peso de serem empresárias, advogadas, médicas, dirigentes de empresas, CEOs e a ainda dar conta de cuidar da casa, da família. Tem até aquelas que gostam do papel de donas de casa. Ok. Mas e as que tem vocações e propósitos diferentes? Terão então de sucumbir aos machinhos provedores, que quando a idade chegar, vão trocá-las por novinhas pra continuarem provando pra si que são garanhões até o fim?
Eu sou é grato e respeitoso com as mulheres na minha vida e mulheres ao derredor. As mulheres são muito mais aparelhadas que os homens para a vida. São mais sensitivas, muito mais solidárias, resilientes, são geralmente elas que seguram as relações. São elas que cosem o tecido social.
Quando alguém adoece na família, são elas que dão suporte. São elas que se desdobram pra minorar a dor dos que sofrem, são elas geralmente que cuidam dos bebês quando nascem, que embalam e educam. E também são elas que cuidam dos pais na velhice, que tem de engolir o recato de anos pra ajudar os pais em ações simples, como urinar, limpar sua sujeira, trocar fraudas.
Os neomachos tem uma narrativa, de que as mulheres, ao assumir papéis antes destinados aos homens, ficaram sobrecarregadas. Ah é? Não seria o caso então dos homens serem mais presentes? Participarem mais das tarefas da casa? Serem humildemente donos de casa, quando a mulher tiver um emprego melhor?
Ah não! Esse novo homem quer a mulher domesticada, obediente, do lar.
E esse novo homem quando é abandonado, rejeitado pelas mulheres, fica revoltado e culpa o globalismo, o progressismo, chamam todas as mulheres de vagabundas. Se dizem conservadores. Querem preservar o patriarcado e enaltecem suas vantagens. E ainda usam o argumento de que uma sociedade sem fortaleza patriarcal, não tem potência para as guerras. Mas espere aí! Guerras? Pra que guerras?