23/07/2021 10h59
Coluna de Nádia Guimarães
Pessoas que não gostam de sexo existem. São chamadas de assexuais.
A assexualidade é um tipo de orientação sexual onde a pessoa não sente atração por ninguém. Mas ser assexual vai muito além de fazer sexo ou não. É algo muito mais complexo, e que pode ser vivido com fluidez em todas as suas variações.
Precisamos falar sobre esse assunto, que também é sério. Sempre falo sobre sexualidade, dando dicas de empoderamento, procurando quebrar tabus, preconceitos, incentivando o autoconhecimento e também o prazer. Mas não se trata de uma cobrança e muito menos uma obrigação.
Uma pesquisa feita pelo biólogo Alfred Kinsey, no fim dos anos 40, apontou que, ao menos, 1% da população não possui interesse em sexo. O estudioso fez a descoberta enquanto criava a Escala Kinsey, que avalia o comportamento sexual das pessoas, variando de homossexual a heterossexual.
Em 2004, o sexólogo canadense Anthony Bogaert fez um estudo que explorou a assexualidade e, novamente, foi apontado que 1% da população mundial não tem interesse em sexo.
Para especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, o número correspondente a assexuais em todo o mundo é superior ao relatado pelos estudos de Kinsey e Bogaert. Entre os brasileiros, conforme o Programa de Estudo da Sexualidade (ProSex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, 7,7% das mulheres e 2,5% dos homens, na faixa de 18 a 80 anos, não se interessam por relações sexuais.
A assexualidade é uma forma de manifestação da sexualidade humana., tendo como característica a falta de atração sexual. Mas isso não quer dizer que a pessoa sofra com a falta de desejo ou algo do tipo. O assexual é capaz de amar e ter um relacionamento. Também possui libido, como qualquer outra pessoa. A diferença é que esse instinto não é necessariamente erótico. Ou seja, é voltado para outros aspectos.
Ressalto que a assexualidade não tem relação alguma com celibato ou com abstinência sexual. É preciso deixar claro que são assuntos totalmente diferentes, porque não se trata de uma escolha ou uma opção. A assexualidade é uma orientação sexual, assim como a heterossexualidade, a homossexualidade ou a bissexualidade.
As pessoas que se dizem assexuadas são julgadas, como se fosse obrigatório ter desejo sexual. Desejo não pode ser cobrado. Nem é uma questão de escolha. Ninguém escolhe a própria orientação sexual, e precisamos entender e respeitar as escolhas e decisões de cada um.
Saiba que se você não gosta de sexo, e não quer se masturbar ou ter orgasmos, ninguém pode e nem tem o direito de cobrar de você uma vida sexual.
E deixando bem claro, ser assexual não é sinônimo de não ter vida sexual ativa, e muito menos significa não se apaixonar. Assexualidade diz respeito ao desejo, apenas isso. Na prática a pessoa pode ser assexual praticando sexo ou não. E ao contrário do que muitos pensam, a pessoa assexual também pode se envolver em relacionamentos, beijos e abraços.
Precisamos ter mais respeito. Respeitar a sexualidade do outro significa entender que a sua opinião ou as suas crenças servem apenas para você, e que você não pode medir as outras pessoas usando a sua régua.
Refletindo, cada pessoa tem o seu tempo e que esse tempo deve ser respeitado. E nosso corpo é nosso templo e as vezes queremos manter as portas fechadas para arrumar a cassa.
O importante quando falo desse tema e como em toda a sexualidade, é sabermos que somos únicos, dono das nossas vontades, desejos, prazeres, escolhas e principalmente do nosso corpo. Mesmo que isso não se acomode no politicamente correto em que o mundo nos mergulha.
Maturidade deve ser sinônimo de liberdade, inclusive para abdicar da vida sexual, se esse for o seu desejo.
Liberdade para encontrar nossas formas de prazer ou do não prazer.
Enfim, o que importa é sermos felizes, o resto é resto.
Nádia Guimarães
Sexóloga, Consultora em Saúde e Educação Sexual
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