09/03/2021 21h31
DONOS DO MUNDO, DONOS DOS DADOS.
Parte 1
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<div id="/uploads/imagem_arquivo/627899_638359_1614807003017.jpg" style="float:left; margin-top:10px; margin-bottom:5px; width:645px;">
<img alt="Rolam as pedras..." class="3" height="480" name="627899_638359_1614807003017.jpg" src="/uploads/imagem_arquivo/627899_638359_1614807003017.jpg" style="float:left;" title="Rolam as pedras..." width="645" />
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<div style="padding:10px; float:left; font-size:11px; color:#333; line-height:15px;">
Rolam as pedras...</div>
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<span style="font-size: 14px; text-align: justify;"> Desde o final do século XX é muito comum escutar-se que a igualdade virá por meio da globalização, que finalmente chegaremos lá porque a igualdade será obrigatória impulsionada pela força de novas tecnologias, que a vida será outra e mil lorotas mais. O que vemos no século XXI é um mundo bem mais desigual que antes e a luta natural do dia a dia passou a ser entre os GLOBALIZADOS e os GLOBALIZADORES. As lacunas entre os países ficaram mais evidentes graças a Internet, ameaçando aumentar a brecha entre as classes sociais e, quando parecia que os humanos alcançariam a tão desejada unificação global, a espécie ficou dividida em diferentes castas biológicas.</span></p>
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<span style="font-size: 14px;"> A desigualdade é uma das coisas mais antigas da história da humanidade. Se na Idade da Pedra coletores e caçadores enterravam seus mortos em sepulturas suntuosas, com cerimonias demoradas, com todos os seus pertences consistentes em braceletes, contas, joias, objetos de arte, enquanto que outros membros tinham que conformar-se com covas rasas. Mesmo assim, os coletores e caçadores eram mais igualitários que nós e que qualquer outra sociedade porque possuíam poucas propriedades, pré-requisito para uma desigualdade de longo prazo.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Com a revolução agrícola a propriedade multiplicou-se e com ela a desigualdade. Quando os humanos conseguiram aumentar a propriedade de terra, animais, ferramentas e plantas, floresceram poderosas castas hierárquicas, onde pequenas elites monopolizavam a maior parte das riquezas e do poder de forma hereditária. Os humanos aceitaram essa forma de ser como sendo natural e até mesmo proveniente de uma ordem divina. A hierarquia não era apenas uma norma parecia ser o ideal. Não existiria ordem sem uma hierarquia clara entre aristocratas e pessoas comuns, entre homens e mulheres, entre pais e filhos? Filósofos, sacerdotes e poetas explicavam que, assim como no corpo humano os membros não são iguais – a cabeça governa, os pés obedecem. Assim também deveria ser na sociedade, a igualdade só trás o caos.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Aproveito o ensejo para observar que em pleno século XXI estamos vendo a grande quantidade de homens comuns tendo como final a cova rasa, sem pompas, sem nada de valor, sem sepulturas ostentosas, igual que na Idade da Pedra.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Somente na modernidade a igualdade tornou-se um ideal em quase todas as sociedades humanas. Isso de deve ao surgimento de novas ideologias como o comunismo e o liberalismo. Claro que a Revolução industrial ajudou valorizando ainda mais a desigualdade dando-lhe uma importância nunca vista. A economia industrial dependia de massas de trabalhadores comuns.</span></div>
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<span style="font-size:14px;">Nas ditaduras e democracias governos investem massivamente em educação, saúde e bem estar-social das massas porque necessitam de milhões de trabalhadores saudáveis para as linhas de produção e de soldados leais para lutar nas trincheiras, sacrificando a própria vida sem nem mesmo saberem por que. Observação: a referência aqui feita não faz alusões ao Brasil em nenhum momento.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> No século XX a história girou em torno de uma redução da desigualdade entre classes, raças e gêneros.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Mesmo que no alvorecer do século XXI ainda exista lugar para as hierarquias, podemos afirmar que é muito mais igualitário do que o mundo dos finais do século XIX. Só que no século XXI imaginava-se que a igualdade aumentasse e continuasse acelerando-se. Sonhávamos com que a globalização disseminasse a propriedade econômica do mundo, e que como resultado pessoas em Uganda, Iraque e Canada grosasse das mesmas oportunidades e privilégios. Uma grande quantidade de humanos cresceu com esta promessa.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Parece que esta promessa não será cumprida. A globalização beneficiou grandes segmentos da humanidade, mas a brecha de desigualdade também cresceu, entre e dentro das sociedades. Alguns grupos se apoderaram dos frutos da globalização, enquanto bilhões são deixados para trás. Agora o 1% mais rico é dono da metade da riqueza do mundo. Pior ainda, os CEM MAIS RICOS possuem juntos mais que 4 bilhões de pobres.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> É possível que fique bem pior com o surgimento da IA extinguindo o valor econômico e a força política da maioria dos humanos. No mesmo momento, aprimoramentos em biotecnologia pode possibilitar que a desigualdade econômica se transforme em desigualdade biológica. Os super-ricos teriam finalmente o que fazer com sua incomensurável riqueza, já que até agora somente podem comprar status, mas é possível que em pouco tempo possam comprar a própria vida. Se as pesquisas apontam para novos tratamentos que podem prolongar a vida e aprimorar habilidades físicas e cognitivas e que, com certeza, será tão caro, o gênero humano pode dividisse em castas biológicas.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Em toda história humana os ricos e aristocratas sempre ambicionaram qualificações superiores às de todos os controlados. Será que podemos afirmar que isso não será em algum tempo uma verdade? Um Conde mediano não possuía mais talento que um camponês mediano. Sua superioridade devia-se a uma descriminação econômica injusta. Mas temos que pensar que em 2080 os ricos poderiam ser mais talentosos, mais criativos e inteligentes que qualquer favelado. Uma vez aberto o buraco entre ricos e pobres será impossível fecha-lo. Se os ricos utilizarem sua competência para serem mais ricos e se dinheiro a mais pode comprar corpos e cérebros incrementados, com o tempo o buraco vai simplesmente aumentar. Significa que em 2080º 1% mais rico poderia possuir mais riqueza, como também mais beleza, mais criatividade, mais saúde.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Juntando os processos, biotecnologia e IA, resultaria na divisão da humanidade em uma pequena classe de super-humanos e uma massiva subclasse de inúteis. Isso pioraria uma situação que já é nefasta, à medida que as massas perdem importância econômica e poder político, o Estado perderia grande parte do incentivo em saúde, educação e bem-estar social. Tudo pode se tornar obsoleto. O futuro das massas dependerá então da boa vontade de uma pequena elite.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> É possível que esta boa vontade se veja em umas poucas décadas, mas em tempos de crises - como agora, ou uma catástrofe qualquer – será tentador e simples descartar as pessoas inúteis. Não quero comparar ao momento que vivemos, mas é parecido.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Em países de longas tradições, convicções liberais e práticas de bem-estar social, é possível que a elite ainda continue a cuidas das massas mesmo sem precisar delas. Em outros países de mentalidade mais capitalista, a elite poderia aproveitar a oportunidade para desfazer-se do que restava do bem-estar social.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Mais exposto ainda estariam os países em desenvolvimento como África do Sul, Brasil, Colômbia e outros muitos, dependendo da conveniência da elite poderosa. Se as pessoas comuns perdem seu valor econômico será o gatilho para o disparo aumentar a desigualdade.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Então a globalização resultará em propriedade global, resultando na verdade em divisão do gênero humano em diferentes castas biológicas, ou até mesmo em espécies diferentes.</span></div>
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<span style="font-size:14px;"> Seguiremos falando do assunto no capítulo II. Quero que este seja bem digerido para maior compreensão do que vem depois. Não quero tornar-me cansativo e sim claro e instrutivo. O momento requer que assim sejamos....</span></div>