Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

notícias

01/02/2019 09h16

Rotina de acidentes com barragens desperta popula?es

Dormindo com o perigo

Compartilhe
<p style="text-align: justify;"> <strong>Geral -</strong>Acidentes com barragens v&ecirc;m deixando um rastro de morte e destrui&ccedil;&atilde;o, rompendo fronteiras do estado de Minas Gerais e atingindo o mar.</p> <p style="text-align: justify;"> Enquanto os acidentes estavam acontecendo al&eacute;m dos olhos da maioria da popula&ccedil;&atilde;o, matando 5 pessoas, atingindo c&oacute;rregos, ou levando a vida de apenas (sic) 9 pessoas, com pouco alarde, as popula&ccedil;&otilde;es que vivem abaixo de estruturas que podem matar &ndash; como Rio Piracicaba, S&atilde;o Gon&ccedil;alo do Rio Abaixo, Itabira, Bar&atilde;o de Cocais e Santa B&aacute;rbara, permaneciam adormecidas.</p> <p style="text-align: justify;"> Entretanto, com o cheiro da morte chegando cada dia mais perto &ndash; com a trag&eacute;dia da Samarco (Vale / BHP Billiton) em Mariana e agora com a trag&eacute;dia da Vale (Vale) na Mina do C&oacute;rrego do Feij&atilde;o em Brumadinho, que ainda nem se tem as dimens&otilde;es do desastre, as pessoas passaram a questionar sobre a seguran&ccedil;a delas, de seus familiares e de suas respectivas cidades.</p> <p style="text-align: justify;"> <strong>Pre&ccedil;o</strong></p> <p style="text-align: justify;"> Ap&oacute;s mais de 50 anos de explora&ccedil;&atilde;o de min&eacute;rio de ferro na regi&atilde;o, a atividade come&ccedil;a a cobrar um pre&ccedil;o bem mais alto que al&eacute;m da degrada&ccedil;&atilde;o ambiental. Se por um lado a minera&ccedil;&atilde;o gera emprego, renda e impostos, por outro vai deixando um legado perigoso para as presentes e futuras gera&ccedil;&otilde;es &ndash; as barragens de rejeito.</p> <p style="text-align: justify;"> Agora n&atilde;o s&oacute; os rios, enlameados, s&atilde;o reflexo da atividade; aos poucos as minas, antes longe dos olhos da cidade, v&atilde;o aparecendo conforme a lavra vai avan&ccedil;ando e apesar de deterem tecnologias para mudar o quadro, diante o lucro, as empresas teimam em manter as barragens amea&ccedil;adoras sobre as cabe&ccedil;as dos at&eacute; ent&atilde;o desavisados.</p> <p style="text-align: justify;"> <strong>Cidades amea&ccedil;adas se mobilizam cobrando seguran&ccedil;a</strong></p> <p style="text-align: justify;"> Diante a nova trag&eacute;dia da Vale na Mina do C&oacute;rrego do Feij&atilde;o, em Brumadinho &ndash; ainda em andamento &ndash; todas as cidades que convivem com o perigo das barragens de rejeitos sob suas cabe&ccedil;as iniciaram movimentos buscando informa&ccedil;&otilde;es e cobrando a&ccedil;&otilde;es para a seguran&ccedil;a dessas popula&ccedil;&otilde;es.</p> <p style="text-align: justify;"> Tanto os governos federal quanto o estadual tamb&eacute;m tomaram atitudes frente ao fato que tem repercutido negativamente mundo afora.</p> <p style="text-align: justify;"> O Governo Federal ordenou &agrave;s ag&ecirc;ncias federais de controle um total recadastramento de todas as estruturas de barragens e o Governo Estadual proibiu a perman&ecirc;ncia de barragens alteadas no modelo a montante, ordenando seus descomissionamentos&nbsp; ou seja- o esvaziamento das mesmas.</p> <p style="text-align: justify;"> Nas cidades n&atilde;o poderia ser diferentes e praticamente todas se movimentam em torno do trma.</p> <p style="text-align: justify;"> Em Rio Piracicaba, S&atilde;o Gon&ccedil;alo do Rio Abaixo e Itabira, tanto o executivo quanto o legislativo se mobilizaram e iniciaram uma s&eacute;rie de a&ccedil;&otilde;es, conforme segue.</p> <p style="text-align: justify;"> <strong>Rio Piracicaba: Legislativo e executivo alinham a&ccedil;&otilde;es</strong></p> <p style="text-align: justify;"> Ainda na sexta-feira, 25, o presidente da C&acirc;mara Municipal, vereador Tayrone Guimar&atilde;es, convidou o secret&aacute;rio municipal de meio ambiente, Augusto Henrique da Silva para uma reuni&atilde;o no dia 28, objetivando alinhar a&ccedil;&otilde;es frente a situa&ccedil;&atilde;o que a cidade vive, com uma barragem a poucos metros da popula&ccedil;&atilde;o e um plano de a&ccedil;&atilde;o de emerg&ecirc;ncia que at&eacute; ent&atilde;o caminhava a passos lentos.</p> <p style="text-align: justify;"> Na reuni&atilde;o, que do dia 28, o secret&aacute;rio posicionou o presidente sobre as a&ccedil;&otilde;es j&aacute; tomadas, incluindo um pedido liminar para suspen&ccedil;&atilde;o de alteamento previsto para a barragem do Diogo e ainda quanto ao andamento do Plano de A&ccedil;&atilde;o de emerg&ecirc;ncia para Barragem de Minera&ccedil;&atilde;o.</p> <p style="text-align: justify;"> Augusto ainda informou ao presidente Tayrone que estaria promovendo reuni&otilde;es conjuntas com o Comdec e Codema para deliberarem sobre as provid&ecirc;ncias a serem tomadas.</p> <p style="text-align: justify;"> A C&acirc;mara, por sua vez, oficiou o Minist&eacute;rio Publico, solicitando provid&ecirc;ncias quanto ao alteamento da barragem &ndash; apontando seu cancelamento como forma mais racional no momento.&nbsp;</p> <p style="text-align: justify;"> <strong>S&atilde;o Gon&ccedil;alo do Rio Abaixo: Prefeitura e C&acirc;mara acionam empresa</strong></p> <p style="text-align: justify;"> O presidente da C&acirc;mara Municipal de S&atilde;o Gon&ccedil;alo do Rio Abaixo, vereador Fl&aacute;vio Silva de Oliveira, entrou em contato com a ger&ecirc;ncia da Vale solicitando uma reuni&atilde;o para tratar sobre a seguran&ccedil;a da cidade, j&aacute; que a mesma vive sob duas grandes barragens.</p> <p style="text-align: justify;"> A assessoria de comunica&ccedil;&atilde;o da empresa informou que ir&aacute; agendar e entraria em contato informando a data. O encontro dever&aacute; acontecer entre a Vale, C&acirc;mara Municipal, Prefeitura e Defesa Civil.</p> <p style="text-align: justify;"> Um of&iacute;cio, assinado por todos os vereadores foi enviado &agrave; empresa solicitando que a reuni&atilde;o seja marcada entre os dias 31 de janeiro e 8 de fevereiro.</p> <p style="text-align: justify;"> J&aacute; a prefeitura, em um primeiro momento soltou uma nota declarando solidariedade ao munic&iacute;pio de Brumadinho e informando que o prefeito Ant&ocirc;nio Carlos solicitou aos respons&aacute;veis laudos t&eacute;cnicos atualizados com um diagn&oacute;stico sobre as barragens.</p> <p style="text-align: justify;"> O prefeito informou ainda via comunicado que solicitou junto a Ag&ecirc;ncia Nacional de Minera&ccedil;&atilde;o (ANM), provid&ecirc;ncias relacionadas &agrave; fiscaliza&ccedil;&atilde;o sobre a estabilidade e seguran&ccedil;a dessas estruturas existentes no munic&iacute;pio.</p> <p style="text-align: justify;"> O prefeito de S&atilde;o Gon&ccedil;alo faz coro com os demais prefeitos das cidades que se encontram na mesma situa&ccedil;&atilde;o quanto a morosidade da implanta&ccedil;&atilde;o dos planos de a&ccedil;&otilde;es de emerg&ecirc;ncia, solicitando a agilidade para conclus&atilde;o dos mesmos.</p> <p style="text-align: justify;"> <strong>Itabira: jornal O Trem provoca popula&ccedil;&atilde;o diante a grave situa&ccedil;&atilde;o da cidade</strong></p> <p style="text-align: justify;"> Uma das cidades mais afetadas pela implanta&ccedil;&atilde;o de barragens talvez seja Itabira.</p> <p style="text-align: justify;"> Cercada por gigantescas estruturas que somadas ultrapassam aos 500 milh&otilde;es de metros c&uacute;bicos de lama e rejeito &ndash; 10 vezes em rela&ccedil;&atilde;o ao material vazado da barragem de Fund&atilde;o &ndash; que levou destrui&ccedil;&atilde;o e morte at&eacute; o mar; Itabira vive hoje com um futuro incerto.</p> <p style="text-align: justify;"> Diante essa situa&ccedil;&atilde;o o jornal O Trem tem provocado debates entre os moradores e o fato atraiu a aten&ccedil;&atilde;o da imprensa da capital que desenvolveu in&uacute;meras mat&eacute;rias.</p> <p style="text-align: justify;"> Um dos principais questionamentos dos moradores das &aacute;reas de risco da cidade &eacute; quanto ao Plano de A&ccedil;&atilde;o de Emerg&ecirc;ncia de Barragens de Minera&ccedil;&atilde;o &ndash; os PAEBM.</p> <p style="text-align: justify;"> Em nenhuma cidade o PAEBM, exig&ecirc;ncia de lei, foi conclu&iacute;do.</p> <p style="text-align: justify;"> <strong>Conselhos se re&uacute;nem em Rio Piracicaba</strong></p> <p style="text-align: justify;"> Os membros titulares e suplentes dos conselhos municipais de Defesa Civil e Meio Ambiente, COMDEC e CODEMA, respectivamente, reuniram-se na tarde desta ter&ccedil;a-feira, 29, na Casa do Aprender em Rio Piracicaba, para deliberarem sobre a atual crise de seguran&ccedil;a do setor miner&aacute;rio envolvendo barragens de rejeito.</p> <p style="text-align: justify;"> A reuni&atilde;o foi convocada e presidida pelo Coordenador da Defesa Civil Municipal e Secret&aacute;rio de Meio Ambiente e Agricultura, Augusto Henrique da Silva e contou tamb&eacute;m com a participa&ccedil;&atilde;o de representantes da Vale lotados na cidade.</p> <p style="text-align: justify;"> Durante a reuni&atilde;o o Conselho Municipal de Defesa Civil e o Conselho de Defesa do Meio Ambiente, atrav&eacute;s de seus membros, ap&oacute;s debates definiram as seguintes a&ccedil;&otilde;es a serem tomadas:</p> <p style="text-align: justify;"> &ndash; Solicitar ao Minist&eacute;rio P&uacute;blico para que seja proposta uma a&ccedil;&atilde;o de paralisa&ccedil;&atilde;o do alteamento da Barragem do Diogo at&eacute; que seja apresentado ao poder p&uacute;blico os documentos necess&aacute;rios e informa&ccedil;&otilde;es a respeito do alteamento e a realiza&ccedil;&atilde;o de audi&ecirc;ncia p&uacute;blica para que a popula&ccedil;&atilde;o possa opinar a respeito da barragem e da obra;</p> <p style="text-align: justify;"> &ndash; Solicitar &agrave; Vale revis&atilde;o do atual PAEBM tendo em vista identificar e sanar problemas;</p> <p style="text-align: justify;"> &ndash; Solicitar a Vale para que a mesma realize estudos de novos m&eacute;todos e tecnologias alternativos aos atuais, de forma a abandonar o atual m&eacute;todo de &ldquo;barragens de rejeitos&rdquo;, apresentando ao munic&iacute;pio os resultados;</p> <p style="text-align: justify;"> &ndash; Solcitar ao executivo municipal contrata&ccedil;&atilde;o de empresa externa e independente para realizar inspe&ccedil;&atilde;o nas barragens de rejeito de Diogo, Porteirinha e Monjolo;</p> <p style="text-align: justify;"> &ndash; Cria&ccedil;&atilde;o e designa&ccedil;&atilde;o de uma Comiss&atilde;o de Barragens, composto por 7 membros, com autonomia para representar o munic&iacute;pio e atuar junto &agrave; Vale cobrando, investigando e exigindo melhorias nos processos que se referem &agrave; seguran&ccedil;a da popula&ccedil;&atilde;o ficando assim constitu&iacute;da: 3 membros indicados representando a Prefeitura Municipal e 4 membros do COMDEC e CODEMA, sendo estes, Augusto Henrique da Silva, Geraldo Viana, &Ecirc;nio J&uacute;nior, Roberto Nascimento, Tarc&iacute;sio Bertoldo, Thaisa Emiliano e Valdetty Silva.</p> <p style="text-align: justify;"> Ao final da reuni&atilde;o, foi dado a palavra aos representantes da Vale, que primeiramente expressaram solidariedade aos colegas e popula&ccedil;&atilde;o de Brumadinho e disseram que repassariam as informa&ccedil;&otilde;es obtidas durante aquela reuni&atilde;o &agrave; empresa.</p> <p style="text-align: justify;"> Augusto enfatizou que reconhece a minera&ccedil;&atilde;o como essencial para a economia da cidade, mas nem por isso, os &oacute;rg&atilde;os de Defesa Civil devam estar omissos em suas obriga&ccedil;&otilde;es junto &agrave; popula&ccedil;&atilde;o, desta forma, h&aacute; de se encontrar solu&ccedil;&otilde;es para ambas as partes.</p> <p style="text-align: justify;"> <strong>Nenhuma barragem &eacute; segura, afirmam especialistas</strong></p> <p style="text-align: justify;"> O Estado tem mais de 400 estruturas voltadas para o armazenamento de rejeitos de min&eacute;rio, todas com algum risco de rompimento, segundo o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em Minas, J&uacute;lio C&eacute;sar Grilo.</p> <p style="text-align: justify;"> Para J&uacute;lio, &ldquo;as mais de 400 barragens que temos seriam seguras apenas se houvesse uma avalia&ccedil;&atilde;o di&aacute;ria, o que n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel. Al&eacute;m disso, as an&aacute;lises levam em conta aspectos superficiais. Mas o fato &eacute; que nenhuma barragem do Estado &eacute; segura&rdquo;, afirmou. Ele j&aacute; tinha, inclusive, alertado o governo do Estado sobre a possibilidade de desastre em Brumadinho.</p> <p style="text-align: justify;"> Outro engenheiro que concorda com essa afirma&ccedil;&atilde;o entrou em contato com nossa reda&ccedil;&atilde;o e pedindo para que n&atilde;o fosse identificado informou: &ldquo;Passei seis anos operando barragens a leiras de granulados, tal como agora dessas barragens que eles dizem a montante ou a jusante, para conten&ccedil;&atilde;o de rejeitos. Entenda: esse tipo de conten&ccedil;&atilde;o &eacute; feita para dep&oacute;sitos tempor&aacute;rios e n&atilde;o fornecem seguran&ccedil;a, demandando leiras de redund&acirc;ncia, bacias de derramamento e isolamento de &aacute;rea, conforme procedimentos industriais internacionais. Tais procedimentos e aplica&ccedil;&otilde;es s&atilde;o sequer conhecidos pelas nossas autoridades. Entretanto nossas &quot;normas&quot;, e agora o bando de &quot;entendidos&quot;, ainda continuam discutindo o uso de leiras de granulados como op&ccedil;&otilde;es vi&aacute;veis para barragens altas. Resumindo, barragens de material granulado, dispostos tanto a jusante ou de qualquer jeito, n&atilde;o s&atilde;o op&ccedil;&otilde;es de seguran&ccedil;a. Fiscaliza&ccedil;&atilde;o nenhuma ser&aacute; capaz de garantir a seguran&ccedil;a de uma barragem feita de material granulado. Somente estruturas armadas deveriam ser aceitas para conten&ccedil;&atilde;o de qualquer material&rdquo; disparou.</p>

Bom Dia Online- Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.

by Mediaplus