27/01/2019 10h33
"Nenhuma das 400 barragens no Estado ? segura", afirma Ibama
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Em três anos, Minas Gerais registrou duas grandes tragédias envolvendo barragens, com perdas irreparáveis. E outros casos poderiam ter ocorrido. O Estado tem mais de 400 estruturas voltadas para o armazenamento de rejeitos de minério, todas com algum risco de rompimento, segundo o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em Minas, Júlio César Grilo.</p>
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Em relatório da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) divulgado em fevereiro de 2018, 12 estruturas não tinham garantia de segurança, e dez apresentavam condições indefinidas no ano de 2017. A lista, contudo, não incluía a mina Córrego do Feijão, que se rompeu nesta sexta-feira (25), em Brumadinho, na região metropolitana.</p>
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Já em nota enviada às 20h15 desta sexta, o governo do Estado informou, com base no relatório da Feam referente ao ano de 2018, que sete estruturas não têm garantia de segurança e outras quatro estão com condições indefinidas. O órgão não informou, no entanto, quais são essas barragens.</p>
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Conforme a Feam, na realização do relatório, os técnicos levam em conta estudos geotécnicos, hidrológicos e hidráulicos. São consideradas seguras as estruturas que não apresentam risco iminente de rompimento.</p>
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<strong>Risco total</strong></p>
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Mas, para o superintendente do Ibama em Minas, a análise é superficial. “As mais de 400 barragens que temos seriam seguras apenas se houvesse uma avaliação diária, o que não é possível. Além disso, as análises levam em conta aspectos superficiais. Mas o fato é que nenhuma barragem do Estado é segura”, afirmou Grilo. Ele já tinha, inclusive, alertado o governo do Estado sobre a possibilidade de desastre em Brumadinho.</p>
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<strong>‘Bombas-relógio’</strong></p>
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O geólogo e membro do Movimento pelas Serras e Águas de Minas Paulo Rodrigues classifica as estruturas como “bombas-relógio”. Segundo ele, elas são vulneráveis porque recebem influência de vários fatores. Um deles é a frequência de abalos sísmicos, que atingiram Mariana, na região Central de Minas, no dia em que a barragem de Fundão se rompeu, em novembro de 2015. “Quando a barragem está para romper, qualquer tremor causa uma tragédia. E os pequenos tremores são recorrentes no quadrilátero ferrífero”, disse Rodrigues.</p>
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Outro fator de risco é a forma como as barragens são construídas. “As mineradoras sempre montam a estrutura mais barata, que é também a mais suscetível”, completa o especialista.</p>
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<strong>É preciso rever todo o sistema</strong></p>
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Os municípios mineradores querem rever a forma de atuação das empresas no Estado. “É preciso rever o processo, incluir técnicas novas, para acabarmos com as barragens em Minas Gerais. Não dá para acabar com a atividade minerária porque precisamos dela. Mas é possível fazer de uma forma mais limpa”, afirmou o consultor de desenvolvimento econômico e relações institucionais da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), Waldir Salvador. Para ele, a culpa não é apenas da empresa de minério, mas, também, do poder público, responsável pela fiscalização da atividade. “Quero crer que as causas não são as mesmas do rompimento em Mariana. Senão é absurdo. Mas a culpa é de todo mundo”, declarou Salvador.</p>
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<strong><em>Com Informações d´O Tempo</em></strong></p>