30/10/2018 08h59
Mesmo sem chuva, o Piracicaba permanece tomado de lama
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<strong>Bacia do Piracicaba</strong>- A população da Bacia do Piracicaba, principalmente os que vivem ao longo do rio e ou que tem contato, mesmo que visual, diariamente com ele, já perdeu a conta de quantas vezes o mesmo foi tomado por lama.</p>
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Nas duas últimas semanas, após algumas chuvas espaçadas, o rio foi tomado por uma cor de lama de rejeito de minério, lembrando que, em 14 dias, apenas em 3 dias aconteceram precipitações elevadas, mas apesar disso o rio continuava, até o fechamento dessa edição, com parâmetros, perceptíveis a olho nú, acima do permitido pela legislação em se tratando de turbidez.</p>
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Em contato com um engenheiro ambiental que preferiu não se identificar, o mesmo alegou que nem precisaria de testes para verificar a extrapolação dos limites de turbidez: “Isso é detectado a olho nú. Veja a situação, veja as margens marcadas pela lama? Precisamos sim de promover uma analise onde poderíamos verificar o índice, o quanto ele está acima do permitido e até o tipo de material que vem causando essa situação”, explicou.</p>
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<strong>CBH Piracicaba</strong></p>
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A reportagem entrou em contato com o presidente do CBH Piracicaba, Flamínio Guerra, apresentando a situação.</p>
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Segundo Flamínio ele já estaria a par do caso pois teria recebido outras denuncias sobre o episódio. O presidente se mostrou perplexo com a situação e disse que estaria fazendo contato com o Igam e ainda tentaria falar com o MP – Curadoria Ambiental.</p>
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O CBH Piracicaba criou um Grupo de Trabalho justamente para acompanhar a situação do Piracicaba quanto a essas denuncias de lama no rio que vem ao longo dos anos poluindo o rio e causando indignação à população.</p>
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O Grupo foi criado após o Ministério Público ter detectado responsabilidades das empresas Vale e Samarco pela poluição do rio.</p>
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Segundo Flamínio, ele solicitaria ao GT Piracicaba um posicionamento sobre o episódio.</p>
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<strong>Reincidência </strong></p>
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A desconfiança de que a coloração do rio, ora avermelhada, ora alaranjada, era causada por operações das mineradoras ao longo de seu curso foi confirmada após levantamento feito a pedido do Ministério Público de Minas Gerais.</p>
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O Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (Nucam), após inúmeras denúncias, incluindo do CBH Piracicaba e da Cenibra, solicitou da Polícia Militar do Meio Ambiente uma fiscalização.</p>
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Através do relatório de fiscalização nº 552016, foi detectado que o excesso de turbidez no rio Piracicaba, durante o trabalho, era originado nas operações da Samarco e Vale. A fiscalização foi efetuada por equipe especializada da Polícia Militar do Meio Ambiente composta pelo tenente Marcelos Antônio Marques, os sargentos Pedro de Castro Filho e Valdecir Geraldo do Nascimento e o soldado Jaider da Silva Oliveira.</p>
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As empresas, na época, mesmo diante as provas levantadas, simplesmente informaram que em determinados processos da atividade algum material pode ter sido carreado para o rio com as chuvas, mas que um rigoroso esquema de controle é utilizado sendo todo processo monitorado diuturnamente para que sejam tomadas medidas prévias a esses incidentes.</p>
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<strong>Empresas respondem a nova denúncia </strong></p>
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<strong>Vale</strong></p>
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O Tribuna entrou em contato com a assessoria da mineradora Vale e a mesma enviou o seguinte posicionamento: “A Vale esclarece que todas as suas barragens se encontram em absoluta normalidade, fato comprovado pelo resultado de auditoria externa finalizada em setembro deste ano. A empresa também dispõe de análises físico-químicas dos pontos de monitoramento hídrico de suas estruturas e estas encontram-se em conformidade com os parâmetros legais definidos pelos órgãos competentes”.</p>
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<strong>Samarco</strong></p>
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Já a Mineradora Samarco, que trabalha contra o tempo para retornar com suas operações após a maior tragédia socioambiental do país sob sua responsabilidade, após ter recebido os questionamentos feito pelo Tribuna, solicitou prazo para verificar a situação, entretanto, até o fechamento desta edição a assessoria ainda não havia retornando, mesmo após findar o esse prazo.</p>