Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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17/04/2018 17h25

C?ncer j? ? a primeira causa de morte em 10% dos munic?pios brasileiros

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<p> Em 516 dos 5.570 munic&iacute;pios brasileiros o c&acirc;ncer j&aacute; &eacute; a principal causa de morte. Esta &eacute; principal conclus&atilde;o de levantamento in&eacute;dito feito com base nos n&uacute;meros oficiais mais recentes do Sistema de Informa&ccedil;&otilde;es de Mortalidade (SIM). De acordo com a an&aacute;lise do Observat&oacute;rio de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o C&acirc;ncer (TJCC), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a doen&ccedil;a avan&ccedil;a a cada ano e, com a manuten&ccedil;&atilde;o dessa trajet&oacute;ria, em pouco mais de uma d&eacute;cada as neoplasias ser&atilde;o as respons&aacute;veis pela maioria dos &oacute;bitos no Brasil.</p> <p> Os dados foram apresentados nesta segunda-feira (16), na sede do CFM, durante a terceira edi&ccedil;&atilde;o do F&oacute;rum Big Data em Oncologia promovido pelo TJCC, com o apoio do CFM, e que reuniu especialistas no assunto, autoridades e representantes de pacientes. Para a coordenadora do movimento e presidente e da Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), Merula Steagall, a expectativa &eacute; de que o estudo contribua para um melhor planejamento das a&ccedil;&otilde;es de controle, preven&ccedil;&atilde;o e tratamento da doen&ccedil;a no Brasil.</p> <p> &ldquo;O aumento da mortalidade pela doen&ccedil;a aqui est&aacute; relacionado, tamb&eacute;m, &agrave;s dificuldades enfrentadas pelo paciente para o diagn&oacute;stico e para o acesso ao tratamento. Diversos tipos de c&acirc;ncer s&atilde;o preven&iacute;veis e outros t&ecirc;m seu risco de morte significativamente reduzido quando diagnosticado precocemente. Nosso objetivo &eacute; alertar e engajar os m&uacute;ltiplos atores a somarem esfor&ccedil;os no combate ao c&acirc;ncer&rdquo;, destacou Merula.</p> <p> J&aacute; o 1&ordm; secret&aacute;rio do CFM, Hermann von Tiesenhausen, enfatizou a import&acirc;ncia de se discutir o avan&ccedil;o do c&acirc;ncer, especialmente no momento em que os candidatos a cargos eletivos elegem suas prioridades para as Elei&ccedil;&otilde;es Gerais de 2018. &ldquo;Este diagn&oacute;stico revela um grave problema de sa&uacute;de p&uacute;blica que, a cada ano, assume maior relev&acirc;ncia na lista de prioridades dos gestores. Na vis&atilde;o do CFM, &eacute; preciso envidar todos os esfor&ccedil;os para conter essa epidemia e manter a obedi&ecirc;ncia &agrave;s diretrizes e aos princ&iacute;pios constitucionais que regulam a assist&ecirc;ncia nas redes p&uacute;blica, suplementar e privada no Brasil&rdquo;.</p> <p> Os dados mostram que a maior parte das cidades onde o c&acirc;ncer j&aacute; &eacute; a principal causa de morte est&aacute; localizada em regi&otilde;es mais desenvolvidas do Pa&iacute;s, justamente onde a expectativa de vida e o &Iacute;ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) s&atilde;o maiores. Dos 516 munic&iacute;pios onde os tumores matam mais, 80% ficam no Sul (275) e Sudeste (140). No Nordeste, est&atilde;o 9% dessas localidades (48); no Centro-Oeste, 34 (7%); e no Norte, 19 (4%).</p> <p> Ao todo, estes munic&iacute;pios concentram uma popula&ccedil;&atilde;o total de 6,6 milh&otilde;es de habitantes. Onze munic&iacute;pios s&atilde;o considerados de grande porte, sendo Caxias do Sul (RS) o mais populoso deles, com quase meio milh&atilde;o de habitantes. Outros 27 s&atilde;o de m&eacute;dio porte (com popula&ccedil;&atilde;o entre 25 mil e 100 mil) e a grande maioria (478) est&aacute; situada na faixa de pequenos munic&iacute;pios, com menos de 25 mil habitantes. Araguainha, menor cidade do Mato Grosso, &eacute; tamb&eacute;m a menor cidade da lista identificada pelo TJCC e CFM.&nbsp;&nbsp;</p> <p> O Rio Grande do Sul &eacute; o Estado com o maior n&uacute;mero de munic&iacute;pios (140) onde o c&acirc;ncer &eacute; a primeira causa de morte. Enquanto em todo o Pa&iacute;s as mortes por c&acirc;ncer representam 16,6% do total, no territ&oacute;rio ga&uacute;cho esse &iacute;ndice chega a 33,6%. Um dos fatores que pode explicar a alta incid&ecirc;ncia de c&acirc;ncer na regi&atilde;o s&atilde;o as caracter&iacute;sticas gen&eacute;ticas da popula&ccedil;&atilde;o, que pode apresentar maior predisposi&ccedil;&atilde;o para desenvolver o c&acirc;ncer de pele (melanoma), por exemplo.</p> <p> Das 27 unidades federativas, 24 contam com pelo menos uma localidade onde o c&acirc;ncer &eacute; a principal causa de mortalidade. Alagoas e Amap&aacute; foram os &uacute;nicos estados onde essa situa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o aconteceu, al&eacute;m do Distrito Federal, que, por sua caracter&iacute;stica administrativa, n&atilde;o se divide em munic&iacute;pios. Nos tr&ecirc;s, a principal causa de &oacute;bito est&aacute; relacionada &agrave;s doen&ccedil;as do aparelho circulat&oacute;rio.</p> <p> <strong>Perfil &ndash;</strong>O Observat&oacute;rio analisou os dados do SIM e identificou que, das 9.865 mortes registradas nas 516 cidades, a maioria foi entre os homens (57%). Seguindo a tend&ecirc;ncia do grupo, em 23 estados os homens lideram o n&uacute;mero absoluto de mortes. Em 21 cidades, n&atilde;o houve sequer registro de &oacute;bito entre as mulheres. Apenas no Cear&aacute; e em mato Grosso do Sul elas foram maioria nos registros de &oacute;bitos. Em 62 munic&iacute;pios as mortes registradas em 2015 foram iguais para os dois sexos.</p> <p> Com rela&ccedil;&atilde;o &agrave; idade, metade dos &oacute;bitos se concentra nas faixas de 60 a 69 anos (25%) e 70 a 79 anos (25%). Em seguida, a maior propor&ccedil;&atilde;o aparece no grupo dos que tinham mais de 80 anos (20%). Crian&ccedil;as e adolescentes, grupo que compreende a faixa et&aacute;ria de zero a 19 anos, somaram 1,3% dos &oacute;bitos naquele ano.</p> <p> <strong>Hist&oacute;rico &ndash;</strong>Atualmente, as complica&ccedil;&otilde;es no aparelho circulat&oacute;rio, especialmente o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o infarto agudo do mioc&aacute;rdio, ainda s&atilde;o respons&aacute;veis pela maior parte dos &oacute;bitos. Em geral, s&atilde;o doen&ccedil;as associadas a m&aacute; alimenta&ccedil;&atilde;o, consumo excessivo de &aacute;lcool, tabagismo e sedentarismo. Contudo, os registros que ficam sob a supervis&atilde;o do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de mostram que a incid&ecirc;ncia de neoplasias com desdobramentos fatais tem avan&ccedil;ado.</p> <p> No ano de 2015 (&uacute;ltimo per&iacute;odo com estat&iacute;sticas dispon&iacute;veis), foram registradas 209.780 mortes por c&acirc;ncer e 349.642 relacionadas a doen&ccedil;as cardiovasculares e do aparelho circulat&oacute;rio. No entanto, quando comparados com os dados de 1998, por exemplo, percebe-se uma grande diferen&ccedil;a no comportamento desses dois tipos de transtornos.</p> <p> Os registros mostram que o n&uacute;mero de mortes por c&acirc;ncer aumentou 90% em 2015 com rela&ccedil;&atilde;o a 1998, quando 110.799 pessoas foram &agrave; &oacute;bito por conta da doen&ccedil;a. Nos mesmos per&iacute;odos, houve uma alta de 36% entre as v&iacute;timas de doen&ccedil;as cardiovasculares, que na &eacute;poca somavam 256.511 pessoas. Ou seja, o crescimento das mortes por neoplasias foi quase tr&ecirc;s vezes mais r&aacute;pido do que daquelas provocadas por infartos ou derrames.</p> <p> No mundo, o c&acirc;ncer &eacute; respons&aacute;vel por 8,2 milh&otilde;es de mortes por ano em todo o mundo, segundo a Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS). Aproximadamente 14 milh&otilde;es de novos casos s&atilde;o registrados anualmente e o organismo internacional calcula que essas notifica&ccedil;&otilde;es devam subir at&eacute; 70% nas pr&oacute;ximas duas d&eacute;cadas.</p> <p> <strong>Doen&ccedil;a da modernidade &ndash;</strong>Na avalia&ccedil;&atilde;o da presidente da Abrale, a mudan&ccedil;a nos indicadores desses munic&iacute;pios reflete o novo perfil epidemiol&oacute;gico do Brasil, pois o c&acirc;ncer pode ser considerado uma doen&ccedil;a vinculada ao desenvolvimento e &agrave; moderniza&ccedil;&atilde;o em sociedade. &ldquo;Dentre as hip&oacute;teses que justificam esses n&uacute;meros est&atilde;o: o aumento da expectativa de vida e consequente mudan&ccedil;as gen&eacute;ticas decorrentes do envelhecimento da popula&ccedil;&atilde;o; e o comportamento n&atilde;o saud&aacute;vel de milh&otilde;es de brasileiros, que ainda s&atilde;o adeptos do consumo do tabaco, n&atilde;o realizam atividades f&iacute;sicas, sofrem com os efeitos da obesidade ou se exp&otilde;em ao sol de forma excessiva e sem prote&ccedil;&atilde;o&rdquo;, aponta Merula Steagall.</p> <p> Para ela, ao contr&aacute;rio de doen&ccedil;as infectocontagiosas, que sugerem a fal&ecirc;ncia do sistema em seu n&iacute;vel b&aacute;sico &ndash; com dificuldade de fazer o rastreamento de casos, de ampliar a cobertura vacinal ou de promover medidas com impacto direto na sa&uacute;de, como amplia&ccedil;&atilde;o da rede de &aacute;gua e esgoto tratados &ndash;, o aumento do n&uacute;mero de casos de c&acirc;ncer tamb&eacute;m pode ter outra explica&ccedil;&atilde;o: &ldquo;a melhoria do acesso aos m&eacute;todos de diagn&oacute;stico, o que tem facilitado a descoberta precoce dos tumores&rdquo;.</p> <p> <strong>Principais entraves</strong>&ndash; Embora tamb&eacute;m acredite que a realiza&ccedil;&atilde;o de exames diagn&oacute;sticos tenha melhorado, sobretudo na rede particular e suplementar, o representante do CFM pondera que o tratamento do c&acirc;ncer no Sistema &Uacute;nico de Sa&uacute;de (SUS) ainda enfrenta muitas dificuldades. &ldquo;Apesar dos investimentos realizados no controle e tratamento do c&acirc;ncer, o n&uacute;mero de estabelecimentos e equipamentos dispon&iacute;veis no SUS ainda s&atilde;o insuficientes para absorver a demanda crescente&rdquo;, destacou Hermann von Tiesenhausen.</p> <p> Outra preocupa&ccedil;&atilde;o &eacute; a concentra&ccedil;&atilde;o da rede referenciada para tratamento do c&acirc;ncer. Atualmente, o c&acirc;ncer pode ser tratado nos hospitais gerais credenciados pelos gestores locais e habilitados pelo Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de como unidades de Assist&ecirc;ncia de Alta Complexidade (UNACON) e Centros de Assist&ecirc;ncia de Alta Complexidade em Oncologia (CACON).</p> <p> Segundo o levantamento do TJCC e CFM, que tamb&eacute;m mapeou a distribui&ccedil;&atilde;o da infraestrutura, atualmente existem 296 estabelecimentos de assist&ecirc;ncia oncol&oacute;gica habilitados nos SUS e 410 dispon&iacute;veis &agrave; rede privada. Na rede p&uacute;blica, s&atilde;o oferecidas 2.065 salas de quimioterapias e 496 aparelhos de radioterapia (braquiterapia, ortovoltagem e aceleradores lineares).</p> <p> Embora todos os estados brasileiros tenham pelo menos um hospital p&uacute;blico habilitado em oncologia, as regi&otilde;es Sul e Sudeste concentram 69% (205) deles. Al&eacute;m disso, nestas duas regi&otilde;es est&atilde;o 66% (1.354) das salas de quimioterapias e 72% (355) dos aparelhos de radioterapia. Em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; sa&uacute;de suplementar ou particular, para as mesmas regi&otilde;es est&atilde;o dispon&iacute;veis 75% (308) dos hospitais que realizam tratamento oncol&oacute;gico.</p> <p style="text-align: right;"> <em>Fonte: CFM</em></p>

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