Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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07/03/2018 11h02

Especial Mulher: Ser mulher custa caro

Convivendo com o eterno paradoxo: ganhar menos e pagar mais

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<p> Uma constata&ccedil;&atilde;o: produtos e servi&ccedil;os voltados para o p&uacute;blico feminino s&atilde;o sempre mais caros do que os similares masculinos. A diferen&ccedil;a de valor entre eles &eacute; conhecida com pink tax, a taxa rosa. &Eacute; uma quest&atilde;o social, uma distin&ccedil;&atilde;o criada pelo pr&oacute;prio mercado de consumo, que afeta cotidianamente a carteira das mulheres.</p> <p> Segundo pesquisa da MPCC &ndash; ESPM (Mestrado Profissional em Comportamento do Consumidor), com apoio da InSearch, as mulheres desembolsam, em m&eacute;dia, 12,3% a mais por produtos que podem ser id&ecirc;nticos &agrave;queles destinados aos homens. Especificamente em alguns servi&ccedil;os, a diferen&ccedil;a &eacute; ainda mais marcante. Corte, escova, hidrata&ccedil;&atilde;o, depila&ccedil;&atilde;o e manicure, por exemplo, pesam 27% a mais nos bolsos femininos. Quando falamos em vestu&aacute;rio, pe&ccedil;as b&aacute;sicas como camisetas e cal&ccedil;as jeans, a diferen&ccedil;a fica em torno dos 17%. Mas, os arm&aacute;rios femininos s&atilde;o mais amplos e complexos, repletos de uma diversidade de roupas e acess&oacute;rios para todas as esta&ccedil;&otilde;es. Na moda, o fast fashion, as novas cole&ccedil;&otilde;es, est&atilde;o focadas no p&uacute;blico feminino. A ind&uacute;stria especializada sabe bem como suscitar o desejo de compra.&nbsp; E o que dizer sobre a infinidade de produtos de beleza? O Brasil &eacute; o terceiro maior consumidor! H&aacute; um ass&eacute;dio publicit&aacute;rio fortemente estimulador para o consumo de itens de beleza.</p> <p> &Eacute; fato: as mulheres dificilmente visitam um shopping e n&atilde;o compram nada, s&atilde;o atra&iacute;das por uma boa vitrine. Elas t&ecirc;m consci&ecirc;ncia de que usam mais acess&oacute;rios e, culturalmente, investem em produtos para cuidados com o corpo, rosto, pele, cabelos etc.</p> <p> Mas, como conviver com a taxa rosa ganhando sal&aacute;rios, em m&eacute;dia, 22% mais baixos para o desempenho da mesma fun&ccedil;&atilde;o? A diferen&ccedil;a salarial entre homens e mulheres registrada no Brasil &eacute; uma das maiores do mundo, apontam an&aacute;lises do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE). A diferen&ccedil;a salarial aumenta quando se refere a cargos executivos, chega a mais de 50%. Mulheres ocupam apenas 37% das fun&ccedil;&otilde;es de chefia nas empresas. A situa&ccedil;&atilde;o fica mais desestimulante quando a nossa aten&ccedil;&atilde;o se volta para o topo nas hierarquias de poder. Nas mais altas posi&ccedil;&otilde;es, nos comit&ecirc;s executivos, elas s&atilde;o apenas 10%.</p> <p> A isonomia salarial varia no mundo conforme a cultura de cada pa&iacute;s. Considerando a posi&ccedil;&atilde;o brasileira no ranking, verifica-se que, historicamente, &eacute; natural que os homens brasileiros assumam uma posi&ccedil;&atilde;o mais provedora. As mulheres conquistaram muitos direitos, mas n&atilde;o concorrem em igualdade de condi&ccedil;&otilde;es com os homens, pelo menos n&atilde;o como em pa&iacute;ses mais desenvolvidos.</p> <p> A busca das mulheres por um parceiro com estabilidade econ&ocirc;mica &eacute; milenar e antropol&oacute;gica. Em nossos c&oacute;digos gen&eacute;ticos existe a tend&ecirc;ncia a procurar e escolher este parceiro que, no momento da procria&ccedil;&atilde;o, possa proteger e sustentar a fam&iacute;lia. Ningu&eacute;m precisa ser escravo dos seus c&oacute;digos gen&eacute;ticos e culturais, seguir repetindo a hist&oacute;ria da m&atilde;e, que refez a da av&oacute;, mas &eacute; importante reconhecer que eles existem. Nem sempre uma gera&ccedil;&atilde;o consegue revolucionar processos culturais t&atilde;o arraigados.</p> <p> Neste contexto, o conceito de relacionamento sugar tamb&eacute;m pode ser visto como algo que sempre aconteceu, mas n&atilde;o tinha uma nomenclatura espec&iacute;fica. Na rela&ccedil;&atilde;o sugar, as quest&otilde;es financeiras e as expectativas de vida do casal s&atilde;o alinhadas desde o in&iacute;cio. Jennifer Lobo, matchmaker e CEO da plataforma de relacionamentos Meu Patroc&iacute;nio, pondera que &ldquo;principalmente mulheres jovens, estudantes ou em in&iacute;cio de carreira, t&ecirc;m buscado na figura do provedor uma forma de driblar as consequ&ecirc;ncias das diferen&ccedil;as salariais que ocorrem no mercado de trabalho, garantindo a manuten&ccedil;&atilde;o do seu estilo de vida. O dinheiro ainda &eacute; um tabu e est&aacute; em jogo nas parcerias emocionais. &Eacute; evidente que ser mulher custa mais caro. O sal&aacute;rio, muitas vezes, n&atilde;o &eacute; capaz de propiciar todos os produtos e servi&ccedil;os que a mulher deseja. De certa forma, contar com um provedor garante uma posi&ccedil;&atilde;o mais igualit&aacute;ria, mesmo que seja somente para bancar os estudos, permitindo &agrave; mulher, l&aacute; na frente, usar as suas pr&oacute;prias armas de conhecimento e experi&ecirc;ncia para lutar por seus direitos&rdquo;.</p>

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