19/12/2016 10h06
Samarco quer usar flota??o para conter lama de Mariana
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Pressionada pelos órgãos ambientais a acabar com a poluição do Rio Gualaxo do Norte, o mais afetado pelo trágico rompimento da Barragem de Fundão há um ano, em Mariana (MG), a Samarco estuda implantar um sistema de flotação (técnica de remoção de sujeira) semelhante ao que foi testado e descartado há menos de dez anos no Rio Pinheiros, em São Paulo, para impedir que a lama de rejeitos de minério de ferro continue chegando até o Rio Doce, provocando danos ambientais e sociais.</p>
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O Estado apurou que a flotação virou a principal alternativa em análise pela Samarco depois que o projeto de construção de três diques em série ao longo do Rio Gualaxo apresentado pela mineradora foi rejeitado há menos de um mês pelo Comitê Interfederativo (CIF), criado para orientar e validar as ações de recuperação do desastre que matou 19 pessoas e deixou 1.500 pessoas desabrigadas.</p>
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A proposta de construir três diques galgáveis e filtrantes entre as cidades de Mariana e Barra Longa para impedir que a lama do Gualaxo chegue até o Rio do Carmo, um dos formadores do Rio Doce, foi feita em agosto pela Samarco. Após sete reuniões, os técnicos dos governos federal, de Minas, do Espírito Santo que compõem o comitê reprovaram a medida emergencial, alegando ineficiência.</p>
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No dia 24 de novembro, o CIF publicou uma deliberação na qual afirma que "a documentação apresentada pela Samarco foi considerada tecnicamente insuficiente para demonstrar a eficiência dos diques para a melhoria da qualidade da água do Rio Gualaxo do Norte". Segundo o despacho, "os produtos químicos propostos para serem aplicados nas bacias dos diques não possuem registro no Ibama e seus efeitos ecotoxicológicos ainda são desconhecidos".</p>
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O CIF recomendou que a Samarco apresente aos órgãos ambientais "soluções eficazes e definitivas visando a cessação dos danos ambientais na calha e margens do rio Gualaxo do Norte" que sejam "adotadas antes do próximo período chuvoso", que começa em outubro de 2017, "não sendo admitida a continuidade da poluição gerada em decorrência do desastre ambiental".</p>
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De acordo com Marcelo Belisário, superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Belo Horizonte, os três diques até poderiam reter sedimentos maiores, mas não conseguiriam impedir a passagem de partículas menores de óxido de ferro, por exemplo, que dão o tom alaranjado à água e provocam turbidez, comprometendo a vida aquática.</p>
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"Os diques do Gualaxo não são eficientes para a contenção de todos os rejeitos, principalmente para recuperação da água. Eles não eliminam o DNA da mineração que ainda está na água. E pelo prazo de sete meses para execução proposto pela Samarco (a previsão inicial era de quatro meses), eles perdem a característica de emergência", afirma Belisário. "Agora, a alternativa analisada é a da Unidade de Tratamento de Rio, da flotação, como é feito no Zoológico de São Paulo. Já existem exemplos no País de estações de tratamento instaladas no leito do rio e isso está em estudo pela Samarco", completou.</p>
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A flotação é uma técnica de remoção de sujeira que utiliza produtos químicos para agrupar os detritos em blocos e depois suspendê-los na água por meio de injeção de bolhas de ar, formando um lodo que pode ser removido com mais facilidade. O método já é utilizado há anos nos lagos dos parques do Ibirapuera e Aclimação, em São Paulo, na Lagoa da Pampulha, em Minas, e no Rio Arroio do Fundo e Piscinão de Ramos, no Rio de Janeiro.</p>
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Em 2001, o governo de São Paulo anunciou a flotação como solução para limpar o Rio Pinheiros e poder bombeá-lo para a Represa Billings, aumentando o potencial energético na Usina Henry Borden, em Cubatão. Após paralisação motivada por ação judicial movida pelo Ministério Público Estadual (MPE), testes chegaram a ser feitos entre 2007 e 2010, mas foram considerados insuficientes para eliminar todos os poluentes, como o nitrogênio amoniacal, encontrado no esgoto.</p>