Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

notícias

16/12/2016 06h25

Medio Pira - Lut?cia, a onipresente

Compartilhe
<p> O MEDIOPIRA dessa semana entrevista a fot&oacute;grafa, rockeira, agente cultural e pol&iacute;tica, poetisa e banc&aacute;ria, a monlevadense &nbsp;Lut&eacute;cia Espeschit, testemunha ocular e sensorial de quase tudo que aconteceu em sua Jo&atilde;o Monlevade e no MEDIO PIRACICABA nas &uacute;ltimas d&eacute;cadas. Lembro-me de uma fase em que apareciam fotografias Lutecianas de tr&ecirc;s eventos diferentes no mesmo dia e me perguntava: como ela consegue? Alias, as irm&atilde;s Espechidt&nbsp; s&atilde;o um caso lindo de amor ao rock. &nbsp;N&atilde;o perdem um grande show das grandes bandas que desembarcam no pa&iacute;s. Mas vamos ent&atilde;o &agrave; entrevista com a Lut&eacute;cia, &nbsp;uma das pessoas mais &ldquo;pau pra toda obra&rdquo; que conhe&ccedil;o, participando de tudo que diga respeito &agrave; arte e a cultura.</p> <p> <strong>MEDIOPIRA &ndash;</strong>Voc&ecirc; desde sempre esteve conectada aos movimentos art&iacute;sticos e culturais de Monlevade. Como foi o seu despertar para esse olhar? Quais foram suas influ&ecirc;ncias?</p> <p> <strong>Lut&eacute;cia -</strong> Minha m&atilde;e era poetisa, piadista, pintora, artes&atilde;, cantora e, desde menina, acompanhava os ensaios que aconteciam em minha casa, na Monlevade dos Anos Dourados, quando ela cantava acompanhada por um Regional, em festas, jantares e acontecimentos sociais, e nos ensaios do Coral Monlevade, na d&eacute;cada de 70. Al&eacute;m disso, ela abria a nossa casa para v&aacute;rios m&uacute;sicos, como Eust&aacute;quio Ambr&oacute;sio, Weber Costa, Severino Miguel, Vilminha, que se reuniam ora para ensaiar, ora para transformar a nossa vida numa constante festa. E era.</p> <p> <strong>MEDIOPIRA &ndash; </strong>Sua paix&atilde;o pela fotografia &eacute; recente? Voc&ecirc; &eacute; contempor&acirc;nea dos processos produtivos anal&oacute;gicos, de revelar fotografias, das t&eacute;cnicas cl&aacute;ssicas ou totalmente digital?</p> <p> <strong>Lut&eacute;cia -</strong> Sempre fui uma amante das imagens, dos reflexos e at&eacute; das sombras que s&atilde;o projetadas por corpos em movimento. A fotografia veio para &ldquo;materializar&rdquo; o meu olhar, quando ganhei, aos 16 anos de idade, uma Kodak, daquela de filmes de cartucho. Fotografava pouco, por causa do custo das revela&ccedil;&otilde;es, e ainda tenho muitos filmes a serem revelados, perdidos em muitos guardados. Mas quando as m&aacute;quinas digitais se popularizaram, no in&iacute;cio desse Mil&ecirc;nio, comecei a fotografar quase que diariamente e, de alguns anos pra c&aacute;, compulsivamente. Posso dizer que sou formada por quatro partes: cabe&ccedil;a, tronco, membros e c&acirc;mera fotogr&aacute;fica.</p> <p> <strong>MEDIOPIRA &ndash;</strong> Vejo que em sua fotografia tem um lado muito forte de capturar paisagens.&nbsp; Nesse tipo de enfoque a fot&oacute;grafa torna-se quase uma poetisa visual, uma ca&ccedil;adora de acasos revelando a alma das coisas. Voc&ecirc; se sente um pouco poetisa tamb&eacute;m quando fotografa?</p> <p> <strong>Lut&eacute;cia </strong>- Troquei os meus poemas caligrafados no passado, pelos fotografados na atualidade, rsrsrsrs. Meu olhar, naturalmente, enquadra tudo o que vejo, e vejo que estamos cercados de belezas que passam despercebid&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; as para a maioria das pessoas, ocupadas demais, preocupadas demais em como viver e at&eacute; sobreviver nesse mundo de tantas mazelas. No instante em que fotografo paisagens, ou p&aacute;ssaros e aves, que s&atilde;o os meus motivos preferidos, sinto que aquele belo e &uacute;nico momento precisa ser mostrado, admirado, &nbsp;e as redes sociais s&atilde;o a melhor ferramenta para compartilha-lo com todos. N&atilde;o comercializo fotos e raramente as imprimo. Elas s&atilde;o feitas pelo puro prazer de registrar e distribuir toda a beleza que o Universo nos presenteia a cada dia, a todos que eu puder alcan&ccedil;ar.</p> <p> <strong>MEDIOPIRA &ndash;</strong> Na sua fotografia tem um lado forte tamb&eacute;m de jornalismo cultural. A sua cobertura de eventos era marcante, independente, quase onipresente. Parece que voc&ecirc; diminuiu bastante essa presen&ccedil;a nos &uacute;ltimos tempos. Por que?</p> <p> <strong>Lut&eacute;cia -</strong> Porque os eventos culturais tamb&eacute;m diminu&iacute;ram, tornando-se quase uma raridade. De um lado, o Poder P&uacute;blico, que nada realiza. Do outro, a iniciativa privada, que n&atilde;o diversifica. Outro motivo &eacute; que precisei sair de Monlevade para dar prosseguimento &agrave; minha carreira de banc&aacute;ria, cuja oportunidade de promo&ccedil;&atilde;o veio quando fui emprestada para a ag&ecirc;ncia de Dom Silv&eacute;rio por um m&ecirc;s, e aqui estou desde janeiro de 2013.</p> <p> <strong>MEDIOPIRA &ndash;</strong> Voc&ecirc; sempre foi uma roqueira fan&aacute;tica, quase torcedora (rs). Como avalia a atual situa&ccedil;&atilde;o do rock? Acha que rock virou m&uacute;sica para coroas ou que a coroa continuar&aacute; sendo do rock como estilo mais popular do planeta?</p> <p> <strong>Lut&eacute;cia -</strong> O Rock sempre ter&aacute; o seu espa&ccedil;o e tenho percebido que nos &uacute;ltimos dois, tr&ecirc;s anos, tem tido presen&ccedil;a garantida e concorrida no cen&aacute;rio musical brasileiro. A alma do rock &eacute; inquieta, rebelde, revolucion&aacute;ria, e o Brasil tem oferecido muita &ldquo;mat&eacute;ria-prima&rdquo; para o surgimento de novas composi&ccedil;&otilde;es e novas bandas roqueiras, que aos poucos vem retomando o seu lugar no trono dos mais apreciados estilos musicais por todo o mundo.</p> <p> <strong>MEDIOPIRA &ndash; </strong>E em termos de ROCK BRASIL? Tem visto alguma coisa digna de nota? Apontaria algum trabalho novo que tenha te balan&ccedil;ado?</p> <p> <strong>Lut&eacute;cia -</strong> Se dermos uma voltinha pela internet, pelo YouTube por exemplo, veremos centenas de bandas independentes de Rock, da melhor qualidade, em todos os cantos desse nosso Brasil. Mas vou citar duas que me impressionaram: Carne Doce, uma banda goiana, quase l&iacute;rica e Amazon, de Valinhos-SP, que esteve no 1&ordm; Festival Marmotas em Monlevade, em 2014. Fugindo um pouco do Rock, mas indo na sua origem, a que mais curto na atualidade &eacute; Alexandre da Mata &amp; The Black Dogs, de Belo Horizonte.</p> <p> <strong>MEDIOPIRA &ndash;</strong> E em Jo&atilde;o Monlevade? J&aacute; houve um tempo de muita efervec&ecirc;ncia da cena roqueira. Vc conseguiria citar algum trabalho em especial ou s&atilde;o os mesmos de sempre? E no M&eacute;dio Piracicaba? Citaria algum trabalho novo interessante?</p> <p> <strong>Lut&eacute;cia - </strong>Sou f&atilde; incondicional da Derramasters, cujo trabalho autoral, em Monlevade, &eacute; insuper&aacute;vel, mas por for&ccedil;a de trabalho e estudo de seus integrantes, est&aacute; em stand-by. &nbsp;A Dizarm tamb&eacute;m tem feito um trabalho autoral bem interessante. Mas sem est&iacute;mulo, sem apoio e sem palco, v&aacute;rias bandas surgem do nada e desaparecem da mesma forma. &nbsp;</p> <p> <strong>MEDIOPIRA &ndash;</strong> H&aacute; alguns anos atr&aacute;s a meninada quando chegava &agrave; adolesc&ecirc;ncia queria tocar numa banda de rock ou jogar num time de futebol. O que a galera nova quer hoje?</p> <p> <strong>Lut&eacute;cia -</strong> Iphone, rsrsrsrsrs.</p> <p> <strong>MEDIOPIRA &ndash;</strong> Voc&ecirc; hoje vive entre Monlevade e Dom Silv&eacute;rio. Como foi essa transi&ccedil;&atilde;o entre o movimento fren&eacute;tico de Monlevade e a tranquilidade de DS?</p> <p> <strong>Lut&eacute;cia -</strong> Vivo muito bem integrada a esses dois mundos. Em Dom Silv&eacute;rio, levo uma vida de trabalho e enrique&ccedil;o minha alma com as &ldquo;saidinhas de banco&rdquo; para a &Aacute;rea Rural, onde fa&ccedil;o minhas fotos. Em Monlevade, vida noturna, sempre onde tem boa m&uacute;sica, n&atilde;o necessariamente s&oacute; Rock, e estar com a fam&iacute;lia, novos e velhos amigos e boas companhias. Sou uma pessoa de f&aacute;cil adapta&ccedil;&atilde;o, acostumada na estrada desde 1978, quando sa&iacute; de Monlevade para estudar em Porto Alegre, e nunca mais parei de rodar por a&iacute;.</p> <p> <strong>MEDIOPIRA &ndash;</strong> Existe um grande pessimismo no meio cultural com rela&ccedil;&atilde;o ao futuro. H&aacute; uma percep&ccedil;&atilde;o de que a arte vem perdendo import&acirc;ncia na lista de prioridade das pessoas. Como voc&ecirc; acha que a arte vai sobreviver nesse clima de &ldquo;apocalipse now&rdquo;?</p> <p> <strong>Lut&eacute;cia - </strong>Nada sobreviver&aacute; &agrave; insensibilidade das pessoas para o que realmente tem valor: a beleza da vida.</p>

Bom Dia Online- Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.

by Mediaplus