08/12/2016 14h31
Samarco planeja volta e faturamento de US$ 1 bi em 2017
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Pouco mais de um ano após o rompimento da barragem de Fundão, que matou 19 pessoas e causou, segundo especialistas, a maior tragédia ambiental do país, a Samarco já estima faturar US$ 1,1 bilhão em 2017 com a reativação de suas operações minerárias. Nessa quarta (7), o presidente da empresa, Roberto Carvalho, confirmou os planos e disse que os processos de licenciamentos se iniciam na semana que vem, com audiências públicas em Ouro Preto e Mariana.</p>
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O plano da mineradora é usar a cava da antiga mina Alegria Sul, nas imediações do complexo de Germano, onde está a barragem de Fundão, para depositar os rejeitos. A expectativa é que as operações se iniciem em meados de 2017, já que a Samarco espera que todas as licenças estejam liberadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em um prazo de seis meses. Essa alternativa permitirá à empresa voltar a operar com 60% de sua capacidade, aproximadamente 18 milhões de toneladas por ano, já que a empresa é capaz de extrair e beneficiar 30 milhões de toneladas anuais.</p>
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A liberação dessas licenças não deve ser um grande problema, já que o governo mineiro é favorável à volta das atividades da mineradora, que, em 2014, foi responsável pela geração de R$ 1,5 bilhão em tributos e por 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) total de Minas Gerais. “Temos o apoio do governador (Fernando Pimentel), de empresários e de prefeituras, mas a Semad é um órgão independente e é ela quem decide as licenças”, disse o executivo.</p>
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Roberto Carvalho explicou que, com esse nível de 60% de operação, seria possível vender no mercado cerca de 9 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro, o produto carro-chefe da mineradora, no ano que vem, o que daria cerca de US$ 1,1 bilhão, considerando o atual preço da tonelada no mercado internacional de US$ 110. Esse montante, com base no dólar comercial dessa quarta (7), seria de R$ 3,6 bilhões. O valor é mais de três vezes maior do que os R$ 1,05 bilhão que a Samarco gastou até outubro para minimizar os impactos da tragédia de Fundão, que afetou cidades mineiras e do Espírito Santo, além de ter poluído rios, como o rio Doce.</p>
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Com a retomada das atividades, a empresa seria capaz de arcar com as despesas dos 41 programas de recuperação das áreas atingidas pela tragédia, que, segundo Carvalho, são estimadas em R$ 11,8 bilhões em dez anos. “Teremos capacidade de gerar caixa e de ter lucro”, completou.</p>
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O executivo garante que tem demanda até se conseguissem operar a 100% da capacidade. Com a paralisação de um ano da atividade da empresa, segundo Carvalho, os clientes da Samarco tiveram alta nos custos ao comprarem minério de ferro de empresas do Hemisfério Norte, pois “a qualidade do produto não é a mesma”, disse.</p>
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<strong>PDV</strong></p>
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A mineradora conclui, neste mês, o Plano de Demissão Voluntária acordado com o Ministério do Trabalho. Houve, segundo o executivo, a adesão de mais de 900 funcionários. Antes da tragédia, a Samarco possuia 3.000 trabalhadores. Hoje, o número foi reduzido para 1.800, contingente suficiente para tocar as atividades com 60% da capacidade. “Se as licenças demorarem, teremos que fazer mais cortes. Mas, se aumentarmos a produção, pode haver contratações”, garantiu.</p>
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<strong>LICENÇAS</strong></p>
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<strong>Empresa minimiza saída de promotores</strong></p>
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Para retomar as atividades, a Samarco precisa reverter a suspensão da licença de operação da empresa, cassada após a tragédia de Mariana, e ainda conseguir um novo licenciamento ambiental para usar a mina de Alegria Sul. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), a mineradora apresentou em junho o pedido para utilizar a mina de Alegria para depositar os rejeitos. Já foi entregue o Estudo de Impacto Ambiental, que está sendo analisado pela pasta. Além disso, a Samarco apresentou nos últimos dias o pedido de licenciamento de todo o complexo de Germano, que terá que ser refeito.</p>
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<strong>Afastamento</strong></p>
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O presidente da Samarco, Roberto Carvalho, comentou a transferência dos promotores que comandavam a Força Tarefa do Ministério Público de Minas para apurar o rompimento de Fundão. “Nada muda na nossa relação com o MPMG e com relação ao retorno das atividades”, disse.</p>
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<em>(Bernardo Miranda)</em></p>