14/11/2016 20h47
Trump volta a atacar imigrantes ilegais
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Durou pouco o tom conciliador do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Em seu primeiro discurso após a vitória, ele falou em governar para todos. Uma semana após, voltou a atacar os imigrantes ilegais, confirmando as ameaças de deportação em massa.</p>
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Em entrevista no final de semana para uma emissora americana, Trump garantiu que cumprirá sua promessa de deportar os ilegais. Segundo ele, isso ocorrerá imediatamente após a sua posse e o alvo inicial será o imigrante criminoso. "O que iremos fazer é pegar essa gente que é criminosa e tem fichas criminais, membros de gangues, traficantes, que totalizam dois, talvez três milhões. E vamos tirá-los do país ou fazer com que sejam presos", enfatizou.</p>
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Durante a sua campanha para a presidência dos EUA, Trump ameaçou ir mais longe, mandando de volta pra casa todos os ilegais, isto é, aproximadamente 11 milhões de imigrantes. As “boas pessoas” serão aceitas de volta pelos trâmites legais, disse.</p>
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Além da deportação em massa, Trump falou, durante a entrevista, da proposta de construir um muro na fronteira com o México. Ele admitiu que, em algumas áreas, a proteção poderá ser por meio de cercas. Tudo isso para reforçar o controle de entrada ilegal de imigrantes no país.</p>
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"Quando o México manda gente para os EUA, eles estão mandando pessoas que têm muitos problemas e estão trazendo esses problemas para nós. Eles estão trazendo drogas, estão trazendo crime, estão trazendo estupradores e, alguns, presumo, são boas pessoas”.</p>
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<strong>Protestos</strong></p>
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Logo que foi anunciada a vitória do republicano Donald Trump, vários protestos foram registrados no país, inclusive em Boston, onde existe uma grande comunidade de imigrantes brasileiros. De acordo com o canal de TV Americano WCVB, a estimativa da polícia era de “10 mil manifestantes” nas ruas de Boston.</p>
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A socióloga Natalícia Tracy, diretora executiva do Brazilian Worker Center (Centro do Trabalhador Brasileiro) informou que está sendo organizado um protesto para o dia 20 de janeiro, em Washington DC. A manifestação é liderada por diferentes grupos socialistas, estudantes, muçulmanos entre outros.</p>
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<strong>Medo e insegurança</strong></p>
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Pouco antes das eleições americanas, o jornalista Jehozadak Pereira entrevistou imigrantes residentes no estado de Massachusetts. Na reportagem, ele relata as histórias de famílias que podem ser divididas ou separadas, caso Trump leve adiante seus planos de deportar os ilegais. Leia o relato de um brasileiro, cujo nome foi omitido para proteção e privacidade dele.</p>
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“Somos do Espírito Santo e moramos nos Estados Unidos há 18 anos. Cheguei primeiro e, um ano depois, vieram minha esposa, dois filhos dela do primeiro casamento e três filhos que tivemos juntos. Apliquei para a legalização em 2001 e logo saiu o nosso Green Card. Os dois filhos do primeiro casamento da minha esposa não puderam entrar no processo, porque tinham ultrapassado o limite de idade. Hoje, eu, ela e os nossos três filhos somos cidadãos Americanos. Todos estamos integrados à vida aqui e não pensamos em retornar ao Brasil. Os nossos dois filhos mais velhos, pois eu os considero como filhos, estão casados e, como não têm documentos, terão que voltar ao Brasil, caso o Donald Trump vença. Me dói o coração pensar que estaremos separados dos nossos filhos. Fazemos tudo em família e nos reunimos nos finais de semana. Como ficaremos se isto acontecer? </p>
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Jornalista Tereza Leite</p>