Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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16/03/2016 08h37

Os Sinos - A Gera??o Blackout

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<p> Em nove meses estaremos presenciando o nascimento da gera&ccedil;&atilde;o apag&atilde;o ou blackout, para ser mais chique! Na &uacute;ltima noite de ter&ccedil;a dia, 10 de novembro de 2009, por volta das 22h, um apag&atilde;o como jamais se viu na hist&oacute;ria do Brasil, surpreendeu a popula&ccedil;&atilde;o. A grande maioria estava em suas casas assistindo TV. Qual n&atilde;o foi a surpresa, quando as luzes come&ccedil;aram a oscilar e por fim se apagaram completamente.</p> <p> No in&iacute;cio a sensa&ccedil;&atilde;o de impot&ecirc;ncia gera irrita&ccedil;&atilde;o por se tratar de algo local, como de costume. Mas o que se viu foi a efetividade das telecomunica&ccedil;&otilde;es. Em poucos minutos a maioria das pessoas j&aacute; estava ciente que a coisa era mais s&eacute;ria do que se imaginava. Os celulares de fato tornaram as pessoas acess&iacute;veis nos lugares mais diversos. Muitos, dessa forma, se comunicaram com amigos e parentes para saber o que estava acontecendo. Mas diferente dos telefonemas habituais de quando n&atilde;o temos o que fazer, pude perceber na noite do apag&atilde;o, ao conversar com diversas pessoas, que elas n&atilde;o ficaram penduradas no celular, foram r&aacute;pidas, tudo com objetivo de economizar a energia do aparelho, pois poderiam precisar depois.</p> <p> O que se viu ent&atilde;o de in&iacute;cio foi certo constrangimento nos lares do pa&iacute;s, pois as pessoas se olhavam e n&atilde;o sabiam sobre o que falar. A falta ou quase aus&ecirc;ncia de di&aacute;logo familiar foi comprovada. Afinal a TV substitui esse di&aacute;logo de uma forma excepcional. Ao inv&eacute;s de tomar conhecimento do que ocorre no seu mundo e das pessoas pr&oacute;ximas a voc&ecirc;, passamos o tempo na telinha vendo o mundo dos outros, na maioria das vezes em tempo real. Mas hoje n&atilde;o quero discutir o padr&atilde;o de comportamento do povo brasileiro &agrave; frente da TV, mas sim o que aconteceu quando a TV se apagou. Ficou &ldquo;claro&rdquo; para muitas pessoas, apesar do apag&atilde;o, como a falta de di&aacute;logo cria um grupo de estranhos que compartilham do mesmo teto. Ent&atilde;o algo interessante come&ccedil;ou a acontecer, muitas pessoas respiraram fundo e come&ccedil;aram a conversar:</p> <p> - Como foi seu dia?</p> <p> - Bom, e o seu?</p> <p> - Pra variar meu chefe est&aacute; pegando no meu p&eacute;, fora isso tudo bem.</p> <p> - E a faculdade?</p> <p> - O semestre est&aacute; acabando, me formo no ano que vem.</p> <p> - Nossa &eacute; verdade j&aacute; estamos chegando no fim do ano. Como o tempo passou r&aacute;pido.</p> <p> -Voc&ecirc; logo estar&aacute; formado.</p> <p> E por ai vai. Pais conversaram com filhos, irm&atilde;os trocaram hist&oacute;rias de seus dias. Para alguns casais talvez tenha sido muito assustador pensarem: O que fa&ccedil;o agora?</p> <p> Nasci no interior da Norte do Paran&aacute;, numa pequena cidade chamada Cambar&aacute;. Meu pai teve 9 irm&atilde;os e minha m&atilde;e tamb&eacute;m. Existe um ditado comum por l&aacute;, quando sabemos que algu&eacute;m tem muitos filhos. De fato n&atilde;o &eacute; um ditado, mas sim uma pergunta:</p> <p> -N&atilde;o tinha televis&atilde;o na sua casa, n&atilde;o?</p> <p> Na ter&ccedil;a &agrave; noite, milh&otilde;es de casas do pa&iacute;s estavam sem TV. Acredito que por falta de op&ccedil;&atilde;o muitos casais deitaram mais cedo que o habitual. Sem sono, acordados e juntinhos, o sexo aconteceu quase que naturalmente. Em muitos casos, foi o resultado mais da falta de op&ccedil;&atilde;o, que da paix&atilde;o do casal.</p> <p> Daqui a alguns anos, j&aacute; imagino alguns pa&iacute;s explicando aos seus filhos: &ldquo;foi no blackout. Acabou a luz, ficamos sem TV e sem o computador. Fomos fazer outras coisas, entre elas, amor. Voc&ecirc; &eacute; nosso filho, mas seu padrinho &eacute; o governo federal.</p> <p> Cuidando do Tempo para viver melhor!&nbsp;</p>

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