Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

notícias

04/02/2016 18h46

Apresentado medidas para a recupera??o dos munic?pios da Bacia Rio Doce

Compartilhe
<p> O Governo de Minas Gerais apresentou nesta quinta-feira, 4, a vers&atilde;o final do relat&oacute;rio com o levantamento global dos danos materiais, ambientais, econ&ocirc;micos e humanos causados pelo rompimento da barragem Fund&atilde;o, da Samarco, na cidade de Mariana, em novembro do ano passado. Al&eacute;m de consolidar o levantamento dos danos, o relat&oacute;rio conclusivo da for&ccedil;a-tarefa criada pelo governador Fernando Pimentel sugere medidas corretivas e restauradoras a serem executadas para a recupera&ccedil;&atilde;o dos munic&iacute;pios atingidos e da Bacia do Rio Doce.</p> <p> Ao todo, considerando o impacto socioecon&ocirc;mico, a for&ccedil;a-tarefa calculou um preju&iacute;zo da ordem de R$ 1,2 bilh&atilde;o causado ao Estado e aos 35 munic&iacute;pios que integram a Bacia do Rio Doce. N&atilde;o est&atilde;o inclusos neste valor recursos compensat&oacute;rios e indeniza&ccedil;&otilde;es, bem como situa&ccedil;&otilde;es derivadas da trag&eacute;dia que ainda podem surgir. Para o secret&aacute;rio de Desenvolvimento Regional Pol&iacute;tica Urbana e Gest&atilde;o Metropolitana, Tadeu Martins Leite, que tamb&eacute;m &eacute; o coordenador da for&ccedil;a-tarefa, o relat&oacute;rio &eacute; apenas ponto de partida para a discuss&atilde;o.</p> <p> &ldquo;Avaliamos todos os efeitos do rompimento da barragem e entregamos o relat&oacute;rio dentro do prazo. Fizemos o relat&oacute;rio com base no levantamento feito pelos 35 munic&iacute;pios da Bacia do Rio Doce e no trabalho dos &oacute;rg&atilde;os estaduais e federais. Institui&ccedil;&otilde;es do Brasil e do mundo se debru&ccedil;aram sobre o documento e tamb&eacute;m fizeram suas contribui&ccedil;&otilde;es. Agora, temos um ponto de partida para come&ccedil;ar a cobrar a compensa&ccedil;&atilde;o e o ressarcimento. &Eacute; o ponto inicial da discuss&atilde;o&rdquo;, ressaltou o secret&aacute;rio.</p> <p> Ao todo, mais de 80 entidades contribu&iacute;ram com pesquisas, relat&oacute;rios, an&aacute;lises, trabalhos de campo, programas e projetos que agregaram novas perspectivas ao mapeamento realizado, e conduziram &agrave; proposi&ccedil;&atilde;o de medidas corretivas restauradoras e compensat&oacute;rias ambientais, materiais e humanas, de curto, m&eacute;dio e longo prazo. O documento traz, ainda, algumas diretrizes para a minera&ccedil;&atilde;o sustent&aacute;vel e discute formas de monitorar as a&ccedil;&otilde;es da Samarco. Agora, o documento vai ser enviado aos munic&iacute;pios e &agrave; Uni&atilde;o, bem como para diversos &oacute;rg&atilde;os p&uacute;blicos e entidades.</p> <p> <strong>&nbsp;A&ccedil;&atilde;o judicial coletiva</strong></p> <p> As propostas para a revitaliza&ccedil;&atilde;o dos munic&iacute;pios e da Bacia do Rio Doce poder&atilde;o integrar a a&ccedil;&atilde;o judicial coletiva (entre Minas Gerais e Esp&iacute;rito Santo, Uni&atilde;o e munic&iacute;pios contra a Samarco e suas controladoras, Vale e BHP) que reivindica indeniza&ccedil;&atilde;o para cada dano provocado. A a&ccedil;&atilde;o prev&ecirc; uma indeniza&ccedil;&atilde;o estimada de R$ 20 bilh&otilde;es para a pr&oacute;xima d&eacute;cada, sendo disponibilizado R$ 2 bilh&otilde;es por ano.</p> <p> &nbsp;&ldquo;Levantamos o volume de preju&iacute;zos causados com uma precis&atilde;o muito grande. Um levantamento bem feito, sensato, com o p&eacute; no ch&atilde;o. &Eacute; o que precisamos neste momento. Em paralelo, fizemos uma a&ccedil;&atilde;o conjunta e tentamos atrair os minist&eacute;rios p&uacute;blicos para usar toda a for&ccedil;a dos &oacute;rg&atilde;os a favor da causa&rdquo;, destacou o advogado geral do Estado, Onofre Alves Batista J&uacute;nior.</p> <p> <strong>&nbsp;An&aacute;lise dos prefeitos</strong></p> <p> O relat&oacute;rio foi elaborado a partir das informa&ccedil;&otilde;es fornecidas pelos munic&iacute;pios pertencentes &agrave; calha do Rio Doce, que levantaram os impactos sofridos pelo desastre e demandaram a&ccedil;&otilde;es de restaura&ccedil;&atilde;o. O prefeito de Mariana, Duarte J&uacute;nior, acredita que o relat&oacute;rio facilita entendimento da real dimens&atilde;o dos preju&iacute;zos.</p> <p> &ldquo;O secret&aacute;rio est&aacute; entregando um trabalho elaborado com dados concretos, dando o resultado esperado. Foi feito o levantamento e temos, hoje, algo que &eacute; concreto. Conseguimos finalizar um trabalho de extrema import&acirc;ncia e temos mais argumentos para buscar as indeniza&ccedil;&otilde;es e os ressarcimentos&rdquo;, enfatizou o prefeito.</p> <p> Para a prefeita de Governador Valadares, Elisa Costa, essa &eacute; a grande oportunidade para recuperar toda a Bacia do Rio Doce. &ldquo;Estamos chegando em um momento importante que nos d&aacute; um caminho a percorrer. Vamos transformar este momento em uma grande oportunidade de recupera&ccedil;&atilde;o da nossa Bacia. Se usarmos bem os recursos, daqui 10 anos teremos um novo rio&rdquo;, pontuou a executiva municipal.</p> <p> <strong>&nbsp;Eixos</strong></p> <p> A an&aacute;lise dos impactos do rompimento da barragem foram detalhadas no relat&oacute;rio em escala microrregional, que descreve os efeitos da destrui&ccedil;&atilde;o nos munic&iacute;pios de Mariana, Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, e em escala macrorregional, que diz respeito aos desdobramentos do desastre ao longo do Rio Doce, e foi dividida nos eixos Ambiental, Material e Humano, tanto no levantamento de danos, como no plano de respostas.</p> <p> A enxurrada de lama e rejeitos comprometeu a qualidade da &aacute;gua desde o local do rompimento da barragem at&eacute; o delta do Rio Doce, prejudicando o abastecimento humano e animal em 11 munic&iacute;pios e a capta&ccedil;&atilde;o em diversas localidades, aumento do n&iacute;vel de turbidez e altera&ccedil;&otilde;es da &aacute;gua, al&eacute;m dos impactos em nascentes e assoreamento dos rios Gualaxo do Norte, Carmo e de parte do Rio Doce.</p> <p> A deposi&ccedil;&atilde;o dos sedimentos provocou processos erosivos, remodelamento do relevo, encrostamento, altera&ccedil;&atilde;o do curso dos rios e baixa fertilidade do solo, que apresenta redu&ccedil;&atilde;o de nutrientes e presen&ccedil;a de metais pesados. A lama provocou a morte de mais de 11 toneladas de peixes, amea&ccedil;ou esp&eacute;cies de extin&ccedil;&atilde;o e comprometeu a reprodu&ccedil;&atilde;o animal e o fluxo migrat&oacute;rio.</p> <p> <strong>&nbsp;Danos materiais</strong></p> <p> A paralisa&ccedil;&atilde;o das atividades industriais dos setores de agropecu&aacute;ria (R$ 47 milh&otilde;es), com&eacute;rcio e servi&ccedil;os (R$ 58 milh&otilde;es) provocou impactos na base produtiva e comercial da regi&atilde;o e gerou preju&iacute;zos privados da ordem de R$ 540.466.816,00, de acordo com as informa&ccedil;&otilde;es fornecidas pelos munic&iacute;pios.</p> <p> Os preju&iacute;zos econ&ocirc;micos p&uacute;blicos somam R$ 146.066.455,33, sobretudo no que diz respeito &agrave; presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os municipais como abastecimento de &aacute;gua, que ultrapassaram R$ 84 milh&otilde;es, servi&ccedil;os de limpeza urbana (R$ 16 milh&otilde;es), seguidos pelo esgotamento pluvial e sanit&aacute;rio (R$11 milh&otilde;es), seguran&ccedil;a p&uacute;blica (R$10 milh&otilde;es) gera&ccedil;&atilde;o e distribui&ccedil;&atilde;o de energia, telecomunica&ccedil;&otilde;es e assist&ecirc;ncia em sa&uacute;de, educa&ccedil;&atilde;o e transportes, que foram interrompidos ou utilizados em maior escala, em decorr&ecirc;ncia da situa&ccedil;&atilde;o de emerg&ecirc;ncia e para ameniza&ccedil;&atilde;o da desordem e caos.</p> <p> J&aacute; os impactos sobre a base tribut&aacute;ria podem ser sentidos com a queda de cerca de 80% da arrecada&ccedil;&atilde;o de Mariana e de Rio Doce, em fun&ccedil;&atilde;o da paralisa&ccedil;&atilde;o da extra&ccedil;&atilde;o do min&eacute;rio e da produ&ccedil;&atilde;o de energia el&eacute;trica, respectivamente, e na queda das compensa&ccedil;&otilde;es financeiras, especificamente a Compensa&ccedil;&atilde;o Financeira pela Explora&ccedil;&atilde;o de Recursos Minerais &ndash; CFEM, em Mariana e a Compensa&ccedil;&atilde;o Financeira pela Utiliza&ccedil;&atilde;o dos Recursos H&iacute;dricos - CFURH, em Rio Doce.</p> <p> <strong>&nbsp;Danos humanos</strong></p> <p> Mais de 321 mil pessoas, segundo o relat&oacute;rio, foram atingidas pelo desastre, que matou 17 pessoas (dois corpos n&atilde;o foram encontrados), inclu&iacute;da a popula&ccedil;&atilde;o de Governador Valadares, que sofreu impactos diretos do desabastecimento de &aacute;gua.</p> <p> Vale destacar o impacto psicol&oacute;gico intang&iacute;vel dos atingidos, que perderam suas identidades e refer&ecirc;ncias, em decorr&ecirc;ncia das consequ&ecirc;ncias do desastre, como a destrui&ccedil;&atilde;o de seus lares e v&iacute;nculos sociais, interrup&ccedil;&atilde;o de suas atividades, risco de novo rompimento, inseguran&ccedil;a e criminalidade.</p> <p> O impacto sobre os &iacute;ndios Krenak tamb&eacute;m &eacute; alvo de preocupa&ccedil;&atilde;o, uma vez que cinco comunidades ind&iacute;genas foram atingidas, totalizando cerca de 450 pessoas. O rio possui relevante significado religioso e a suspens&atilde;o do seu uso impossibilita a pr&aacute;tica de cultos e ritos da etnia, al&eacute;m de impactar no sustento da tribo.</p> <p> <strong>Medidas corretivas</strong></p> <p> O relat&oacute;rio apresenta propostas que v&atilde;o orientar e balizar as a&ccedil;&otilde;es corretivas, restauradoras e compensat&oacute;rias a serem executadas pelas empresas, baseadas nas demandas dos munic&iacute;pios e na contribui&ccedil;&atilde;o de especialistas e do poder p&uacute;blico, que foram compiladas em um plano de respostas.</p> <p> No contexto ambiental, prop&otilde;e-se a incorpora&ccedil;&atilde;o do Plano Integrado de Recursos H&iacute;dricos da Bacia Hidrogr&aacute;fica do Rio Doce, elaborado em 2010 pelo Comit&ecirc; da Bacia, e os apontamentos feitos pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent&aacute;vel - Semad e pelo Ibama, &oacute;rg&atilde;o respons&aacute;vel pelo Meio Ambiente, ao trabalho realizado pela for&ccedil;a-tarefa.</p> <p> &nbsp;As a&ccedil;&otilde;es propostas incluem desde o monitoramento, realiza&ccedil;&atilde;o e divulga&ccedil;&atilde;o peri&oacute;dica dos exames toxicol&oacute;gicos nas &aacute;guas tratada e bruta, at&eacute; a implementa&ccedil;&atilde;o de um plano emergencial de recupera&ccedil;&atilde;o da Bacia do Doce que contemple solu&ccedil;&otilde;es para o abastecimento de &aacute;gua, gest&atilde;o de rejeitos, recomposi&ccedil;&atilde;o da mata ciliar, recupera&ccedil;&atilde;o do solo, zoneamento ecol&oacute;gico ambiental do rio e suas margens, invent&aacute;rio e restaura&ccedil;&atilde;o de fauna e flora, al&eacute;m de est&iacute;mulo de incentivos financeiros, como Bolsa Verde.</p> <p> A partir de um mapeamento dos setores impactados e da base produtiva regional, ser&atilde;o tra&ccedil;ados planos para a retomada das atividades prejudicadas, com aumento da produtividade e diversifica&ccedil;&atilde;o da economia regional, por meio do incentivo &agrave; ind&uacute;stria, ao empreendedorismo e ao consumo local, por exemplo. Tudo isso, por meio de uma rede de capacita&ccedil;&atilde;o, qualifica&ccedil;&atilde;o e fomento &agrave; novas oportunidades de desenvolvimento.</p> <p> Na &aacute;rea humana, o relat&oacute;rio apresenta, as primeiras medidas propostas priorizam o levantamento, ressarcimento e indeniza&ccedil;&atilde;o dos atingidos, prote&ccedil;&atilde;o social e reintegra&ccedil;&atilde;o da popula&ccedil;&atilde;o. Existe uma preocupa&ccedil;&atilde;o em garantir a presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os p&uacute;blicos, a preserva&ccedil;&atilde;o da hist&oacute;ria, da cultura e do patrim&ocirc;nio e o fomento de novas pr&aacute;ticas e atividades nas &aacute;reas de educa&ccedil;&atilde;o, lazer e cultura.</p> <p align="right"> <em>Cr&eacute;dito foto: Osvaldo Afonso/Imprensa MG</em></p>

Bom Dia Online- Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.

by Mediaplus