Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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08/01/2016 06h30

Dois meses ap?s rompimento de barragem, causas de trag?dia ainda n?o foram esclarecidas

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<p> Dois meses depois do estouro da Barragem do Fund&atilde;o, em Mariana, muitas perguntas continuam &agrave; espera de respostas do poder p&uacute;blico, da Samarco e de suas controladoras &ndash; a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. O maior mist&eacute;rio, as causas do vazamento dos 55 milh&otilde;es de metros c&uacute;bicos de rejeitos de min&eacute;rio, continua sem esclarecimento. Ontem, o delegado Rodrigo Bustamante adiantou que dever&aacute; pedir &agrave; Justi&ccedil;a novo prazo para concluir o inqu&eacute;rito.</p> <p> &ldquo;Vence em 9 de janeiro. Aguardo laudos e, possivelmente, pedirei nova prorroga&ccedil;&atilde;o&rdquo;, disse o policial.</p> <p> <strong>Enrrolando</strong></p> <p> A primeira extens&atilde;o de data ocorreu em 4 de dezembro. Paralelamente &agrave; investiga&ccedil;&atilde;o da Civil, a Samarco e suas acionistas contrataram a empresa norte-americana Cleary Gottlieb Steen &amp; Hamilton LLP para apurar os motivos do estouro da barragem. A propriet&aacute;ria da Barragem do Fund&atilde;o informou que &ldquo;em fun&ccedil;&atilde;o da complexidade do acidente&rdquo;, a expectativa &eacute; de que &ldquo;os laudos conclusivos sejam poss&iacute;veis dentro de seis meses a um ano&rdquo;.</p> <p> Ap&oacute;s dois meses, um plano de recupera&ccedil;&atilde;o da natureza ainda n&atilde;o foi apresentado. Para Leonardo Deptulski, presidente do Comit&ecirc; da Bacia Hidrogr&aacute;fica do Rio Doce (CBH-Doce) e prefeito de Colatina (ES), cidade de 120 mil habitantes que teve o abastecimento de &aacute;gua comprometido pelo tsunami de lama, a mineradora &ldquo;j&aacute; deveria ter apresentado propostas&rdquo;.</p> <p> A empresa contratou a Golder Associates, especialista em emerg&ecirc;ncias ambientais, para a execu&ccedil;&atilde;o do projeto. Segundo a Samarco, &ldquo;o plano geral deve ser apresentado nas pr&oacute;ximas semanas. (&hellip;) Nas cidades de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, a limpeza das &aacute;reas afetadas come&ccedil;ou. O material org&acirc;nico vem sendo retirado do Rio Doce e disposto de modo controlado&rdquo;.</p> <p> A companhia informou que iniciou a&ccedil;&otilde;es emergenciais, como as obras de constru&ccedil;&atilde;o de diques nas proximidades da Fund&atilde;o. &ldquo;As estruturas v&atilde;o conter os sedimentos, liberando a &aacute;gua mais limpa e tamb&eacute;m servir&atilde;o para barrar o material s&oacute;lido, evitando que as chuvas levem sedimentos para o Rio Gualaxo&rdquo;, informou.</p> <p> <strong>20 anos</strong></p> <p> O presidente do CBH-Doce calcula que a recupera&ccedil;&atilde;o de parte da calha do Rio Doce levar&aacute; at&eacute; 20 anos e alerta que a revitaliza&ccedil;&atilde;o depende muito de parte do dep&oacute;sito de R$ 2 bilh&otilde;es que a Justi&ccedil;a Federal exigiu da Samarco, em dezembro, para financiar os reparos socioambientais. A empresa informou que &ldquo;est&aacute; analisando o documento e responder&aacute; &agrave; Justi&ccedil;a no prazo determinado&rdquo;.</p> <p> <strong>Moradores atingidos</strong></p> <p> Moradores cobram a constru&ccedil;&atilde;o de casas para sobreviventes. &ldquo;O lugar do novo Bento j&aacute; deveria ter sido decidido&rdquo;, defende Marinalva Salgado, de 43 anos, que perdeu a casa e hoje vive em im&oacute;vel alugado pela Samarco.</p> <p> A &aacute;rea em que o lugarejo ser&aacute; reconstru&iacute;do come&ccedil;a a ser definida hoje.</p> <p> Grupo composto por desalojados e representantes do poder p&uacute;blico v&atilde;o definir o processo de reconstru&ccedil;&atilde;o da comunidade. Para isso, a mineradora contratou a Environmental Resources Management (ERM), uma multinacional brit&acirc;nica.&ldquo;&Eacute; um programa que precisa de di&aacute;logo e participa&ccedil;&atilde;o social e depende da constru&ccedil;&atilde;o conjunta com as comunidades&rdquo;, disse o coordenador de desenvolvimento socioinstitucional, Estanislau Klein.</p> <p> <strong>Licen&ccedil;a ambiental</strong></p> <p> O promotor Felipe Faria, do n&uacute;cleo de resolu&ccedil;&atilde;o de conflitos ambientais do Minist&eacute;rio P&uacute;blico de Minas Gerais (MPMG), informou que o inqu&eacute;rito que apura o licenciamento ambiental encontrou &ldquo;equ&iacute;vocos&rdquo; na autoriza&ccedil;&atilde;o para explora&ccedil;&atilde;o da mina do Fund&atilde;o. Ele preferiu n&atilde;o adiantar o n&uacute;mero e quais s&atilde;o esses equ&iacute;vocos.</p> <p> <strong>Apoio &agrave; inf&acirc;ncia</strong></p> <p> Um total de R$ 1.016.880,00 em doa&ccedil;&otilde;es ser&aacute; dividido igualmente entre as crian&ccedil;as de &aacute;reas atingidas pela lama de rejeitos que vazou da Barragem do Fund&atilde;o. O destino dos recursos &ndash; que ser&aacute; detalhado na segunda-feira &ndash; foi definido ontem pelo conselho criado para administrar o dinheiro. Ficou acertada ainda a realiza&ccedil;&atilde;o de um leil&atilde;o em Belo Horizonte, no m&ecirc;s que vem, para arrecadar fundos que poder&atilde;o ser acessados por meninos e meninas quando completarem 18 anos. Entre os atrativos est&atilde;o um agasalho esportivo doado pelo ex-jogador de futebol Zico e um rel&oacute;gio do apresentador Faust&atilde;o.</p>

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