Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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28/07/2015 09h31

Os Sinos - CIRCO DA NOT?CIA - GUERRA PARTID?RIA

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<p> Joseph Pulitzer, um dos grandes jornalistas de todos os tempos, costumava dizer o que &eacute; jornalismo com tr&ecirc;s palavras: &ldquo;Precis&atilde;o! Precis&atilde;o!! Precis&atilde;o!!!&rdquo; Quando assumiu o comando do Saint Louis Post-Dispatch, em 1878, definiu assim a linha pol&iacute;tica do jornal: &ldquo;N&atilde;o servir&aacute; a um partido, mas ao povo. N&atilde;o apoiar&aacute; o governo, mas o criticar&aacute;&rdquo;. Pulitzer morreu em 1911. Sorte dele.</p> <p> Na guerra partid&aacute;ria maluca e sanguinolenta que o Brasil vive, ningu&eacute;m pode criticar as decis&otilde;es do juiz S&eacute;rgio Moro sem ser imediatamente acusado de defender os corruptos do governo. N&atilde;o pode dizer que apesar da estiagem recorde a &aacute;gua continuou a fluir em S&atilde;o Paulo, embora com falhas, sem ser acusado de tucano branco e rico de olhos azuis. Para quem diz que n&atilde;o houve estiagem em S&atilde;o Paulo e que os problemas no abastecimento de &aacute;gua foram causados pela incompet&ecirc;ncia do governo tucano, houve entretanto estiagem quando o assunto &eacute; eletricidade, coisa do governo federal. E, em qualquer caso, todo erro &eacute; justificado por algum outro erro cometido por um advers&aacute;rio: a Venezuela prende os opositores sem julgamento, mas em Guant&aacute;namo tamb&eacute;m h&aacute; presos n&atilde;o julgados, e ficam elas por elas. Quando algu&eacute;m diz que a Ucr&acirc;nia foi invadida, a resposta &eacute; do mesmo tipo: e os atiradores brancos que mataram negros nos Estados Unidos?</p> <p> &Eacute; a frase famosa em a&ccedil;&atilde;o: &ldquo;Somos, mas quem n&atilde;o &eacute;?&rdquo;</p> <p> <strong>A imprensa engoliu a isca inteira, mais anzol e carretilha</strong></p> <p> Alexandrino Alencar, at&eacute; recentemente diretor de Rela&ccedil;&otilde;es Institucionais da Odebrecht, preso, foi apontado como &ldquo;ligado a Lula&rdquo;. N&atilde;o &eacute; mentira; mas, at&eacute; por for&ccedil;a de seu cargo, foi tamb&eacute;m ligado da mesma maneira a Fernando Henrique, a congressistas, a ministros, a gente de todos os partidos. &Eacute; a mesma coisa que dizer que Sarney &eacute; ligado a Lula. &Eacute;, como foi ligado a Fernando Henrique, ao general Figueiredo, ao regime militar. E, seja quem for o substituto de Dilma no governo, Alexandrino, ou quem o substituir no cargo, ser&aacute; ligado a ele. Ou isso ou perde o emprego.</p> <p> Um cavalheiro de Curitiba que adora ser penetra pediu habeas corpus preventivo para impedir a pris&atilde;o de Lula &ndash; que, a prop&oacute;sito, nem estava sendo investigado, segundo informou oficialmente o juiz S&eacute;rgio Moro. A primeira not&iacute;cia foi de que Lula tinha pedido o habeas corpus. At&eacute; poderia ter pedido, j&aacute; que n&atilde;o h&aacute; ilegalidade nisso; mas o fato &eacute; que n&atilde;o pediu.</p> <p> O ex-ministro Ant&ocirc;nio Palocci foi acusado de ter recebido pagamento por consultoria prestada a empresas privadas durante o per&iacute;odo em que exercia mandato de deputado federal pelo PT. A not&iacute;cia &eacute; verdadeira; mas n&atilde;o &eacute; not&iacute;cia, j&aacute; que n&atilde;o h&aacute; qualquer proibi&ccedil;&atilde;o legal a isso. Quem considera que um parlamentar n&atilde;o deve prestar consultoria n&atilde;o tem que denunciar nada, tem apenas de propor a mudan&ccedil;a da lei com a qual n&atilde;o concorda. Este colunista, por exemplo, acha que esse tipo de atividade deveria ser ilegal. Mas, enquanto n&atilde;o &eacute; ilegal, ningu&eacute;m pode ser acusado por exerc&ecirc;-la.</p> <p> A mensagem do empreiteiro Marcelo Odebrecht a seu advogado, recomendando que determinado e-mail seja destru&iacute;do, &eacute; legalmente confidencial. As conversas entre clientes e advogados n&atilde;o podem, de acordo com a lei, ser interceptadas. O bilhete foi n&atilde;o apenas interceptado como distribu&iacute;do &agrave; imprensa, para ampla divulga&ccedil;&atilde;o. Isso pode, Arnaldo? A lei n&atilde;o ter&aacute; sido violada? Se admitirmos que a lei pode ser violada, por que essa e n&atilde;o outras &ndash; por exemplo, as que vedam a apropria&ccedil;&atilde;o de dinheiro p&uacute;blico?</p> <p> Imagine o caro colega que, por qualquer motivo, seja preso. Ao entregar um bilhete &agrave; Pol&iacute;cia, para que o encaminhe a seu advogado, n&atilde;o passar&aacute; por sua cabe&ccedil;a a possibilidade de que algu&eacute;m, ilegalmente, o leia? Escreveria no bilhete alguma proposta de a&ccedil;&atilde;o ilegal &ndash; por exemplo, &ldquo;destruir um e-mail&rdquo;? Como ningu&eacute;m, nem mesmo seus mais duros advers&aacute;rios, imagina que Marcelo Odebrecht seja burro, ser&aacute; que cometeria mesmo essa besteira? Ou estar&aacute; certa sua vers&atilde;o de que &ldquo;destruir&rdquo; n&atilde;o significa sumir com o e-mail (que, ali&aacute;s, j&aacute; estava em poder da Justi&ccedil;a, ap&oacute;s a busca e apreens&atilde;o), mas &ldquo;destruir&rdquo; a interpreta&ccedil;&atilde;o de que se tratasse de um crime?</p> <p> Enfim, esta &eacute; a cobertura dos fatos que a imprensa nos oferece. Voltando a Pulitzer, h&aacute; dele uma bela frase a ser relembrada: &ldquo;Nossa Rep&uacute;blica e sua imprensa ir&atilde;o crescer e cair juntas. A defini&ccedil;&atilde;o do futuro da Rep&uacute;blica estar&aacute; nas m&atilde;os dos jornalistas das futuras gera&ccedil;&otilde;es&rdquo;.</p> <p align="right"> <em>Observat&oacute;rio da Imprensa / Por Carlos Brickmann</em></p>

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