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<p> <strong>Enquanto isso no confession&aacute;rio...</strong></p> <p> - Padre, eu pequei.</p> <p> - Voc&ecirc; &eacute; humana minha filha, todos erramos.</p> <p> - Mas Padre, eu fiz aquilo que n&atilde;o podia fazer.</p> <p> - &Eacute; o livre-arb&iacute;trio. Voc&ecirc; pode at&eacute; fazer, mas paga as conseq&uuml;&ecirc;ncias.</p> <p> - Eu fiz o que n&atilde;o devia. Fiz amor com meu namorado.</p> <p> - Voc&ecirc; o ama?</p> <p> - Sou apaixonada por ele.</p> <p> - Paix&atilde;o antecede o amor. Voc&ecirc; s&oacute; sabe se &eacute; amor quando a paix&atilde;o acaba.</p> <p> - Pois &eacute;. Eu avancei os limites. E agora? O que &eacute; que eu fa&ccedil;o?</p> <p> - Calma. Como isso foi acontecer.</p> <p> - Ele estuda hist&oacute;ria. No come&ccedil;o est&aacute;vamos s&oacute; nos beijinhos. Mas ele me chamou pra ir na casa dele pra estudar hist&oacute;ria. Veja s&oacute; a est&oacute;ria. Falou dos livros sagrados da &Iacute;ndia. Eu sempre gostei muito daquelas batas indianas e de incenso, sabe?</p> <p> - Continue...</p> <p> - Sabe o que ele queria estudar comigo?</p> <p> - O que?</p> <p> - O Kama-sutra.</p> <p> - E voc&ecirc; aprendeu?</p> <p> - Sempre fui uma &oacute;tima aluna, n&eacute; Padre.</p> <p> - Mas por que est&aacute; arrependida? N&atilde;o foi bom?</p> <p> - A&iacute; &eacute; que t&aacute;, n&eacute; Padre. Dizem que uma menina nunca deve fazer amor muito r&aacute;pido com o rapaz, pois ele perde a motiva&ccedil;&atilde;o da ca&ccedil;a e parte pra ca&ccedil;ar outras meninas.</p> <p> - Minha filha, o proveito &eacute; m&uacute;tuo.</p> <p> - Como assim, Padre?</p> <p> - Ele se aproveitou de voc&ecirc;, voc&ecirc; se aproveitou dele. Se for amor, vai sobreviver. Se n&atilde;o for, vai queimar r&aacute;pido como fogo de palha.</p> <p> - Ent&atilde;o...o que acha que devo fazer?</p> <p> - Quer saber mesmo? Valorize-se. V&aacute; num bom sal&atilde;o e d&ecirc; uma caprichada nos cabelos, na maquiagem, tire umas fotos legais, saia pra rir com as amigas, d&ecirc; uma focada nos estudos, fique com quem tiver vontade, siga a sua vida, do jeito que for. Mas n&atilde;o deixe ningu&eacute;m te engaiolar. Seja dona de si.</p> <p> - Mas Padre, ent&atilde;o eu n&atilde;o pequei? N&atilde;o vai me pedir pra rezar 3000 aves marias, um milh&atilde;o de pais nossos?</p> <p> - Minha filha, voc&ecirc; peca contra voc&ecirc; mesmo e n&atilde;o contra Deus. Paix&atilde;o &eacute; assim. Te traz muito prazer e muita dor. Quer penit&ecirc;ncia maior?</p> <p> - Puxa, Padre. Valeu viu ... (e ela saiu satisfeita e aliviada)</p> <p> <strong><em>Alguns segundos depois algu&eacute;m abriu a porta do confession&aacute;rio e seguiu-se um di&aacute;logo</em></strong></p> <p> - Ol&aacute;, Seu Z&eacute;. Obrigado por tomar conta enquanto eu ia no banheiro.</p> <p> - De nada, Padre Jo&atilde;o.</p> <p> - J&aacute; tem meses que n&atilde;o aparece ningu&eacute;m pra confessar. Ouvi vozes. Apareceu algu&eacute;m?</p> <p> - Teve uma menina sim, Padre Jo&atilde;o. Uma menina nova, mas era muito novinha, n&atilde;o tinha pecados, gra&ccedil;as a Deus. S&oacute; essas bobagens mundanas, romances e ilus&otilde;es da carne, essas coisas.</p> <p> - Que bom.&nbsp; Fico te devendo essa. Voc&ecirc; &eacute; um santo, seu Z&eacute;.</p> <p> - Sou nada , Padre Jo&atilde;o. Sou apenas jeitoso...</p>