Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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25/03/2015 14h26

Nova lei americana protege os Empregados dom?sticos

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<p> Primeiro de Abril ser&aacute; comemorado no Estado americando de Massachusetts como o Dia da Mudan&ccedil;a para os milhares de imigrantes que trabalham como empregados dom&eacute;sticos. A partir dessa data eles estar&atilde;o protegidos por uma lei que assegura &agrave; categoria direitos importantes, como pagamento por todas as horas trabalhadas e garantia de descanso, entre outras.</p> <p> A lei vale apenas para o Estado de Massachusetts e &eacute; resultado de mais de quatro anos de mobiliza&ccedil;&atilde;o. Segundo Natal&iacute;cia Tracy (foto), diretoria executiva do Centro do Imigrante Brasileiro, com sede em Boston, as quest&otilde;es trabalhistas nos Estados Unidos s&atilde;o regulamentas em n&iacute;vel estadual e leis semelhantes que protegem os empregados dom&eacute;sticos j&aacute; est&atilde;o em vigor em Nova Iorque, Hawa&iacute; e Calif&oacute;rnia. O Estado de Connecticut tamb&eacute;m busca a regulamenta&ccedil;&atilde;o da profiss&atilde;o.</p> <p> Pelos dados do <em>U.S. Census</em>&nbsp;(&oacute;rg&atilde;o que equivale ao Censo do IBGE no Brasil), o Estado de Massachusetts tem cerca de 67 mil trabalhadores que se beneficiar&atilde;o da nova lei. Al&eacute;m disso, existem outros 30 mil cuidadores de idosos sindicalizados (que j&aacute; s&atilde;o protegidos), que ser&atilde;o beneficiados por um item espec&iacute;fico que prev&ecirc; prote&ccedil;&atilde;o contra discrimina&ccedil;&atilde;o e ass&eacute;dio no local de trabalho.</p> <p> Tracy informou que n&atilde;o existe um n&uacute;mero exato de brasileiros beneficiados pela nova lei, mas &eacute; fato que um n&uacute;mero expressivo de brasileiros que est&atilde;o nos EUA exercem atividades dom&eacute;sticas como forma de sobreviv&ecirc;ncia. Seja como cuidadores de idosos e bab&aacute; ou fazendo faxinas, cozinhando, lavando e passando.</p> <p> <strong>Imigrantes ilegais tamb&eacute;m est&atilde;o protegidos</strong></p> <p> A nova lei dos empregados dom&eacute;sticos de Massachusetts foi assinada em 6/6/2014 pelo ent&atilde;o governador Deval Patrick (Partido Democrata). Segundo Tracy, a lei beneficiar&aacute; todos os empregados dom&eacute;sticos do Estado, independente do status imigrat&oacute;rio. Isso significa que os imigrantes ilegais tamb&eacute;m est&atilde;o protegidos.</p> <p> S&atilde;o considerados empregados dom&eacute;sticos, pela lei: bab&aacute;s (que trabalham regularmente com uma fam&iacute;lia); faxineiras (que trabalham de 16 horas ou mais, por semana, para o mesmo patr&atilde;o) e os cuidadores de idosos e de pessoas com defici&ecirc;ncia (que moram na casa ou n&atilde;o).</p> <p> No caso de discrimina&ccedil;&atilde;o e sexual, a lei vale para todos, desde o primeiro instante que inicia o trabalho, independente da carga hor&aacute;ria.</p> <p> <strong>Relatos de abusos e explora&ccedil;&otilde;es</strong></p> <p> O Centro do Imigrante Brasileiro &eacute; uma organiza&ccedil;&atilde;o comunit&aacute;ria que apoia os brasileiros na Regi&atilde;o Metropolitana da Grande Boston. De acordo com Tracy, em 2014 foram realizados cerca de 4 mil atendimentos e 50% deles denunciaram problemas trabalhistas.</p> <p> Os problemas entre patr&otilde;es e empregados dom&eacute;sticos em Massachusetts incluem roubo de sal&aacute;rio (quando a pessoa trabalha, mas n&atilde;o recebe por isso), abuso verbal e f&iacute;sico, amea&ccedil;as de den&uacute;ncia de deporta&ccedil;&atilde;o, acusa&ccedil;&atilde;o de roubo sem provas, descontos abusivos a t&iacute;tulo de alimenta&ccedil;&atilde;o e moradia, carga hor&aacute;ria excessiva, n&atilde;o pagamento de horas extras, entre outros.</p> <p> De acordo com Tracy, outro problema s&eacute;rio &eacute; a chamada &ldquo;lista negra&rdquo;. Trata-se de uma lista informal, boca-a-boca, que inclui os nomes das empregadas que denunciam abusos por parte dos patr&otilde;es. Essas pessoas, disse Tracy, n&atilde;o conseguem mais trabalhar, porque perdem as refer&ecirc;ncias.</p> <p> L&uacute;cia Santos chegou nos EUA 20 anos atr&aacute;s. Desde ent&atilde;o trabalha como bab&aacute; e faxina. O principal problema que enfrenta &eacute; o n&atilde;o pagamento das horas extras. &ldquo;Os patr&otilde;es ligam e avisam que v&atilde;o se atrasar. A gente trabalha at&eacute; mais tarde, esperando por eles, mas no momento de receber o sal&aacute;rio, as horas extras n&atilde;o s&atilde;o consideradas&rdquo;, disse.</p> <p> Perguntada se a nova lei poderia gerar desemprego, L&uacute;cia foi direta em sua resposta: n&atilde;o. &ldquo;Eles precisam da gente, principalmente para cuidar das crian&ccedil;as. Aqui nos EUA &eacute; proibido deixar filhos menores de 16 anos sozinhos em casa. Ent&atilde;o os pais precisam pagar algu&eacute;m ou parar de trabalhar&rdquo;.</p> <p> L&uacute;cia concluiu: &ldquo;essa lei vai ser excelente, porque a gente fica sabendo de coisas de arrepiar&rdquo;. Ela se referia a problemas diversos entre patr&otilde;es e empregados, em situa&ccedil;&otilde;es em que as v&iacute;timas n&atilde;o t&ecirc;m aparo legal.</p> <p> Do outro lado tem patr&atilde;o preocupado. A.A (que preferiu n&atilde;o ser identificado) tem quatro filhos e precisa de algu&eacute;m para ajudar com as crian&ccedil;as. Mas para ele, a nova lei vai onerar a contrata&ccedil;&atilde;o do empregado dom&eacute;stico. &ldquo;Precisamos repensar o que fazer&rdquo;, disse. Uma das propostas &eacute; a m&atilde;e passar mais tempo em casa.</p> <p> <strong>Pr&oacute;pria hist&oacute;ria incentivando a mobiliza&ccedil;&atilde;o</strong></p> <p> O movimento para aprova&ccedil;&atilde;o de uma lei de defesa dos empregados dom&eacute;sticos em Massachusetts come&ccedil;ou em 2014, com Natal&iacute;cia Tracy, diretora executiva do Centro do Imigrante Brasileiro. Aos poucos ganhou corpo e a ades&atilde;o de in&uacute;meras outras entidades sindicais, assistenciais, religiosas etc.</p> <p> &ldquo;Comecei esse movimento motivada pela minha pr&oacute;pria historia. Quando cheguei nos EUA, 20 anos atr&aacute;s, trabalhava 90h semanais e recebia apenas 25 d&oacute;lares por semana. Muitas vezes eu n&atilde;o tinha comida e dormia numa varanda fechada&rdquo;, relata Tracy.</p> <p> Tracy venceu o preconceito e as dificuldades. De bab&aacute;, conquistou uma vaga de professora universit&aacute;ria de Sociologia. Hoje, leciona Ra&ccedil;a e Etnia, Hist&oacute;ria Racial dos Estados Unidos, Sociologia da Fam&iacute;lia e Metodologia de Pesquisa da Ci&ecirc;ncia Social, na conceituada Universidade de Massachusetts, em Boston.</p> <p> <strong>Direitos garantidos pela nova lei</strong></p> <p> Em Massachusetts, a lei dos empregados dom&eacute;sticos tem 12 itens, o dobro dos benef&iacute;cios conquistados em NY. S&atilde;o eles:</p> <ol> <li> Pagamento integral por todo o tempo trabalhado, incluindo o pagamento de horas extras.</li> <li> Garantia de dias de descanso.</li> <li> Possibilidade de entrar com a&ccedil;&atilde;o trabalhista, caso sofra um acidente causado por outro trabalhador.</li> <li> Limite de dedu&ccedil;&otilde;es referentes &agrave; alimenta&ccedil;&atilde;o e moradia.</li> <li> Privacidade (no caso de trabalhadores que moram com os empregadores).</li> <li> Prote&ccedil;&atilde;o contra o tr&aacute;fico de pessoas para o trabalho dom&eacute;stico.</li> </ol> <p style="margin-left:35.7pt;"> 7.&nbsp;&nbsp;&nbsp; Contrato de trabalho por escrito, para os dom&eacute;sticos que trabalham mais de 16h semanais.</p> <p style="margin-left:35.7pt;"> 8.&nbsp;&nbsp;&nbsp; Anota&ccedil;&atilde;o de todas as horas trabalhadas, para controle de ambas as partes.</p> <p style="margin-left:35.7pt;"> 9.&nbsp;&nbsp;&nbsp; Manuten&ccedil;&atilde;o da lei em local vis&iacute;vel, dentro de casa.</p> <p style="margin-left:35.7pt;"> 10.&nbsp; Aviso Pr&eacute;vio, moradia, multa em caso de rescis&atilde;o sem justa causa (para os trabalhadores que moram com os empregadores).</p> <ol> <li> &nbsp;Prote&ccedil;&atilde;o contra retalia&ccedil;&otilde;es.</li> <li> Acesso ao MCDA (assist&ecirc;ncia jur&iacute;dica gratuita) no caso de queixas contra discrimina&ccedil;&atilde;o e ass&eacute;dio sexual.</li> </ol> <p> Quando entrar em vigor, patr&otilde;es e empregados ser&atilde;o informados e ter&atilde;o acesso a materiais educativos elaborados pelo pr&oacute;prio governo.</p> <p style="text-align: right;"> <em>Jornalista Maria Terezinha</em></p> <p style="text-align: right;"> <em>Especial para o Bom Dia Online</em></p>

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