Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

notícias

10/02/2015 07h48

Os Sinos Anunciam: Je Suis Le Carnaval

Compartilhe
<p> Originalmente tr&iacute;duo &ndash; espa&ccedil;o de tr&ecirc;s dias &ndash;, estendeu-se al&eacute;m da Quarta-Feira de Cinzas at&eacute; o domingo seguinte. Agora, com o pretexto politicamente correto de resgatar o carnaval de rua e dar um refresco ao povo espoliado, o reino momesco inicia-se, no m&iacute;nimo, com duas semanas de anteced&ecirc;ncia.</p> <p> Inamov&iacute;vel, inabal&aacute;vel, inalter&aacute;vel, inapel&aacute;vel, irrecorr&iacute;vel, insubmerg&iacute;vel: o carnaval &eacute; uma gloriosa ilha cercada de melancolia por todos os lados; somos absolutamente felizes e nunca percebemos. Entidade &uacute;nica, cora&ccedil;&atilde;o valente, o carnaval &eacute; a trincheira contra a degenera&ccedil;&atilde;o gringa, capaz de resistir aos eventos extremos, pontos fora da curva, anticiclos, tsunamis econ&ocirc;micos, terremotos pol&iacute;ticos, manchas solares, surtos autorit&aacute;rios, descalabros administrativos, corrup&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-salina, delinqu&ecirc;ncia de contraventores e guerrilha do narcotr&aacute;fico.</p> <p> Se, porventura, os quarenta dias e quarenta noites do dil&uacute;vio b&iacute;blico abarcassem o per&iacute;odo da folia, nossas autoridades dariam um jeito de manter a bicharada na arca, mesmo correndo o risco de insurrei&ccedil;&atilde;o zool&oacute;gica ou imediata reforma pol&iacute;tica. N&atilde;o &eacute; preciso reinventar partido algum &ndash; s&atilde;o (ou est&atilde;o) &oacute;timos, respeitosamente carnavalescos.</p> <p> <strong>Li&ccedil;&atilde;o grega</strong></p> <p> A infal&iacute;vel Petrobras, apesar da situa&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-falimentar, decidiu manter o subs&iacute;dio de 12 milh&otilde;es de reais destinados &agrave;s escolas de samba. O carnaval &eacute; um formid&aacute;vel neg&oacute;cio, fator de congra&ccedil;amento mundial, est&iacute;mulo &agrave; inova&ccedil;&atilde;o e ao empreendedorismo. A Petrobras &eacute; a m&atilde;e da distribui&ccedil;&atilde;o de renda.</p> <p> A tal crise h&iacute;drica n&atilde;o pode impor-se &agrave; soberania popular. &Eacute; um benef&iacute;cio social, inalien&aacute;vel, sem retrocesso. Independente dos respectivos volumes mortos, nossos reservat&oacute;rios ter&atilde;o que manter-se quase vazios fingindo que est&atilde;o quase cheios. O carnaval &eacute; imex&iacute;vel, inquestion&aacute;vel, inalter&aacute;vel. Sem carnaval e sem apoteoses como conseguiremos sobreviver, &oacute; S&atilde;o Darcy Ribeiro?</p> <p> A m&iacute;dia est&aacute; a&iacute; para mant&ecirc;-lo assim, inc&oacute;lume, intoc&aacute;vel, insubstitu&iacute;vel, invulner&aacute;vel. Se a imprensa vacilar no amor &agrave; folia, regula&ccedil;&atilde;o nela. Ou uma rajada de AK-47 com balas de chiclete. Colapso h&iacute;drico &eacute; um insulto &agrave;s nossas cren&ccedil;as religiosas, perversa desconstru&ccedil;&atilde;o da nossa exuber&acirc;ncia. Escassez &eacute; balela, puro derrotismo burgu&ecirc;s, o camarada Stalin sabia lidar com essa conversa pra boi dormir (primo da vaca que tosse porque n&atilde;o toma Rum Creosotado).</p> <p> Austeridade, conten&ccedil;&atilde;o, racionamento? Nunca! &Eacute; inven&ccedil;&atilde;o da troika para impedir o samba no p&eacute;. Desmatamento na Amaz&ocirc;nia n&atilde;o pode afetar a chuva nas nascentes que abastecessem a Cantareira. Pura artimanha neoliberal. Jogada da CIA. Chamem a Katia Abreu, interrompam sua lua de mel, ela entende de florestas.</p> <p> Viva a Gr&eacute;cia que acabou com a trag&eacute;dia grega e est&aacute; feliz da vida.</p> <p> Se na Bahia &eacute; permitido fazer xixi na rua, por que raz&atilde;o aqui, no Sudeste maravilha, n&atilde;o podemos ceder a incontin&ecirc;ncia urin&aacute;ria? Homens e mulheres, brasileiros e brasileiras, abaixo a intoler&acirc;ncia, tudo pelo xixi livre e descriminalizado.</p> <p> Libertas quae sera tamem &eacute; latim, mas est&aacute; valendo.</p> <p> <strong>Clima &amp; tempo</strong></p> <p> Encerrado normalmente em 31 de dezembro, 2014 foi o mais quente desde 1850. Quatorze dos quinze anos mais acalorados da vida do planeta ocorreram desde 2000. Fonte: Organiza&ccedil;&atilde;o Meteorol&oacute;gica Mundial da ONU (The Guardian, 2/2).</p> <p align="right"> <em>Por Alberto Dines / Observat&oacute;rio da Imprensa</em></p>

Bom Dia Online- Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.

by Mediaplus