03/11/2014 09h15
Virose impede visita a detentos no Pres?dio e revolta familiares de detentos
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Dezenas de familiares de detentos do Presídio de João Monlevade ameaçaram fechar o trânsito na Avenida Getúlio Vargas, em frente à unidade prisional, em protesto pela proibição de visitas que aconteceriam neste sábado e domingo, 1 e 2 de novembro, das 8h às 16h, impostas pela direção da unidade prisional.</p>
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Segundo os familiares ao chegarem para visita, foram informadas pelos Agentes Penitenciários, que as visitas haviam sido suspensas em função de uma virose em cinco detentos.</p>
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Inconformados pelo aviso feito apenas quando já estavam prontos para entrar, os familiares alegaram que estavam se organizado na porta da unidade prisional para fechar a avenida, como forma de chamar a atenção da população e das autoridades, porque estavam sendo impedidas de realizarem as visitas, e que, não acreditavam na versão dos Agentes.</p>
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Muitos parentes dos detentos vieram de cidades distantes como Belo Horizonte, Governador Valadares, além de outros de cidades mais próximas como Alvinópolis, Rio Piracicaba, Nova Era e Dom Silvério.</p>
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Uma viatura da Polícia Militar foi acionada para dar apoio na porta do Presídio.</p>
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Segundo Pãmela Santiago Maia, 24, que é esposa de um detento, na tarde de ontem teria ligado para o Presídio onde foi informada que as visitas iriam ocorrer normalmente. Na manhã de hoje, ao chegar para ver o marido, recebeu a informação de um Agente Penitenciário que as visitas haviam sido suspensas. “Vim de BH para visitar meu marido e, aqui eles falam que foi cancelada a visita? Até ontem estava tudo normal, e de repente eles vem com essa história? É mentira deles, ta acontecendo alguma coisa que eles não querem falar. Na semana que vem vamos ficar sabendo o que realmente aconteceu ai dentro. Essa cadeia é um absurdo, tem quase 300 presos ai dentro, muitos dormindo no chão. O meu marido mesmo tem nove meses que está ai dormindo no chão porque tá superlotada, sem nenhuma condição. É uma vergonha. Eles [detentos] erraram mesmo, e já estão pagando por isso. Não tem nenhum santo ai dentro, nós sabemos, mas são seres humanos. Agora a pouco ouvimos eles “sacudindo” e batendo nas grades para chamar nossa atenção aqui fora. Tem alguma coisa errada. Os Agentes estão escondendo alguma coisa, isso não é virose nada, só pode ser alguma punição para os presos, é assim que eles fazem”, desabafou Pãmela.</p>
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Ronaldo das Neves Santos, que também tem um parente preso, estava bastante exaltado. Ele chegou a chutar um dos tambores, usados para delimitar um espaço próximo ao portão principal da unidade prisional, mas minutos depois, deixou o local em um ônibus para a cidade de Rio Piracicaba.</p>
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Uma mulher chegou a passar mal e foi amparada pelas amigas que estavam próximas. Ela dispensou atendimento médico.</p>
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Um Agente Penitenciário contou para a Polícia Militar que um homem teria subido em um barranco, localizado na parte de trás do Presídio, e arremessando pedras contra a unidade. Militares realizaram buscas no local e depois pelo Bairro Baú, a procura do autor, mas ele já havia fugido.</p>
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O advogado Adilson Magno Custódio, também foi chamado pelos familiares para tentar uma negociação com a direção do Presídio para liberar as visitas, mas também não obteve sucesso. Ele contou que, as informações eram realmente por questões de saúde em cinco presos.</p>
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Por volta das 9h40, o vice-diretor Wellington José Eustáquio chegou ao local para conversar com os familiares. Ele entrou primeiro na unidade e, ao sair, expôs a situação. “Infelizmente as visitas estão suspensas, hoje e amanhã, em função de uma virose que afetou cinco detentos e, para preservar a segurança e a saúde dos demais e de todos vocês, familiares, nós tivemos que suspender as visitas. Eu tenho que priorizar a saúde deles. Os presos já estão sendo medicados pelos Agentes de Saúde que estão ai dentro neste momento, fazendo o atendimento”, disse Wellington.</p>
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Após explicação do vice-diretor, a maioria das pessoas que aguardavam um posicionamento oficial, deixaram o local, ainda desconfiadas da situação.</p>
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Por telefone o Diretor do Presídio, Luiz Henrique Rosa, confirmou o problema de saúde apresentado em cinco detentos e que, dentro das celas, a situação com os demais presos estava tranquila.</p>