23/07/2014 17h33
Identifica??o de livros por Radiofrequ?ncia ? testada em Itabira
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Saber o conteúdo de um livro antes mesmo de abri-lo. Fazer levantamento de todo o acervo existente em um local com agilidade. Controlar a circulação das obras, evitando possíveis extravios. Essas são algumas possibilidades oferecidas pela Identificação por Radiofrequência (RFID), tecnologia que está sendo testada no Memorial Carlos Drummond de Andrade.</div>
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O trabalho começou em junho por meio da parceria entre o programa Voluntários Vale e duas empresas do setor de tecnologia: IF-RFID, que doou as etiquetas, e Intermec by Honeywell, que cedeu os leitores RFID. A Prefeitura de Itabira, por meio da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), apoia a iniciativa ao ceder o espaço do Memorial para realização do projeto-piloto.</div>
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Quem coordena a atividade é o analista sênior da Vale, Carlos Teixeira, que também foi responsável pela implantação da RFID em alguns setores da mineradora em Itabira. Ele começou a se dedicar ao trabalho no Memorial voluntariamente, nos horários de folga. Posteriormente, a iniciativa recebeu o apoio da Vale e agora está integrada ao programa de voluntariado da empresa.</div>
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Nessa primeira etapa, 100 livros receberam etiquetas inteligentes: elas contêm um chip com informações que são decodificadas pelos leitores RFID fixos ou móveis. Os materiais selecionados para a fase de testes são raros e/ou mais consultados pelo público. A aplicação das etiquetas foi analisada com cautela, para não provocar danos no material que será inventariado.</div>
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Com a RFID, será possível controlar a circulação das peças, livros e documentos que compõem o acervo do Memorial, evitando-se extravios. Também permitirá a realização de inventários mais constantes: enquanto o levantamento manual demora dias, todo o acervo poderá ser contado em apenas duas horas. O programa utilizado é capaz de memorizar o último inventário e indicar a ausência de alguma obra.</div>
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“Não será necessário tocar nos documentos raros, como as cartas do poeta, que hoje são manuseados com luvas. Após colocar etiqueta em cada carta, nem será necessário abrir a caixa protetora para identificar algum desvio. Haverá menor intervenção humana para proteger os documentos e mantê-los preservados”, ressaltou Carlos Teixeira.</div>
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Também será possível registrar o histórico dos objetos nas etiquetas individuais, como quem o adquiriu pela primeira vez, locais por onde passou, quem fez a doação ao Memorial, entre outros dados. “As etiquetas desenvolvidas especialmente para esse projeto-piloto são regraváveis e capazes de armazenar até 8 mil caracteres”, comentou. Outra funcionalidade será estabelecer perímetros para circulação das obras, sinalizando que ela não pode ser retirada de determinada sala, por exemplo.</div>
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Em uma mesa adaptada no Memorial, funciona um leitor RFID fixo. “Coloca-se o livro sobre ela e o sistema lê o resumo da obra gravado na etiqueta. O objetivo é que a pessoa saiba o conteúdo e decida se vai ou não fazer a leitura. Isso economiza tempo do visitante e evita desgaste das folhas de papel”, explicou o coordenador do projeto. De 23 de junho a 22 de julho, a novidade já foi testada por 730 pessoas.</div>
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A intenção é que o Memorial tenha, futuramente, um totem com monitor e recursos de áudio para que o público possa acessar informações complementares da obra: fotos, vídeos, músicas, entrevistas e outros conteúdos. “Será um atrativo para o visitante, pois a interação será agradável para ele”, acrescentou.</div>
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A fase do projeto-piloto termina em outubro. Após esse prazo, a intenção é buscar parcerias para que os equipamentos sejam adquiridos em definitivo. Estima-se que cada etiqueta custa de R$ 3 a R$ 5; os leitores custam de R$ 15 mil a R$ 20 mil e o programa, R$ 60 mil - este foi elaborado por Carlos Teixeira e será doado.</div>
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Segundo a coordenadora do Memorial, Solange Alvarenga, a tecnologia atrai a atenção de pessoas que visitam o local e recebe elogios, inclusive do cineasta Sylvio Back, que lançou o documentário “O Universo Graciliano” durante a programação do 40º Festival de Inverno de Itabira. Ela acrescentou que são necessárias cerca de 2 mil etiquetas para que todo o acervo do local seja integrado à tecnologia RFID.</div>
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<b>Saiba mais</b></div>
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Segundo Carlos Teixeira, a RFID é uma evolução do código de barras. Nesta, é necessário aproximar o objeto do leitor, um por vez, para que seja identificado o item que o código representa. Já com o sistema RFID, é possível armazenar informações básicas na própria etiqueta que for afixada no objeto. Além disso, permite que seja feita a leitura de vários itens a distância. Dependendo do equipamento, é capaz de ler mais de mil etiquetas inteligentes por segundo e identificar cada item.</div>
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“A abrangência do leitor depende da qualidade da etiqueta e do aparelho. No caso dos livros, é necessário afixar uma etiqueta mais delicada, para não machucar o papel. Por isso, no projeto-piloto do Memorial, a leitura dos livros pode ser feita a até três metros de distância”, explicou.</div>
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Ele acrescentou que a RFID já é utilizada em alguns pedágios no Brasil: o leitor verifica a etiqueta que está no veículo e registra a passagem automaticamente (a cobrança é feita por meio de fatura). Nos campeonatos de futebol no exterior, a etiqueta é embutida na bola para identificar se ela realmente ultrapassou a linha do gol. A tecnologia também é utilizada para controlar o número de bovinos nas fazendas e estoques de grandes armazéns. Na Vale, ela é empregada nos setores de estoque e ferramentaria. Em Itabira, na Mina Conceição, o inventário de 23 mil peças demorava três semanas; com a RFID, o tempo reduziu para uma hora. </div>