06/03/2014 17h28
50 - Parab?ns pra mim
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<strong>50 - Parabéns pra mim</strong></p>
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Hoje faço 50. Deveria ser doloroso, mas não é, muito pelo contrário. Por incrível que pareça tenho mais saúde hoje do que tinha com 25...30 anos. Tudo bem que os cabelos se foram, mas tudo o mais continua funcionando muito bem. Em algumas coisas, sinto até que evoluí bastante, noutras preciso melhorar...</p>
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<strong>Desabafo</strong></p>
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Há coisas que são dolorosas, que não a saúde física individual. O que dói é ver o povo ser enganado sem saber e a gente impotente pra aclarar as coisas.Tem coisas que tem me deixado muito indignado nos últimos tempos, nervoso de perder o sono à noite. A questão da BR 381, por exemplo, é algo de assombroso pela falta de sensibilidade dos nossos homens e mulheres públicos, de empurrar com a barriga algo que é tão vital para a nossa gente. Já prometeram essa obra inúmeras vezes e estão prometendo de novo como se não tivesse sido prometido antes. Como é que conseguem prometer e mentir de forma repetida e reafirmandomentiras como se verdades fossem?</p>
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<strong>Prioridades</strong></p>
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E não adianta escreverem releases e publicarem em jornais de circulação nacional tentando convencer que o Porto em Cuba era prioridade. Agora a presidenta dá entrevista dizendo que a obra da BR 381 é de alta complexidade. E um porto num país estrangeiro não é de alta complexidade? E não fizeram lá? Mas vamos ter de aguentar.</p>
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<strong>Cheque em branco</strong></p>
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A popularidade dá cheque em branco para que o governo faça o que quiser com o país. Não me surpreenderá se aparecer um projeto sugerindo inserir mais uma cor na bandeira do Brasil, no caso o vermelho. E deverá ser a cor preponderante. </p>
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<strong>Stop</strong></p>
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Já me disseram que eu devia parar de escrever sobre política. Em todo momento me prometoparar, mas acabo não resistindo. Nem adianta propor reflexões,pois as pessoas não debatem com racionalidade. A paixão toma conta e com isso, são vãs as tentativas de estabelecer uma dialética, uma conversa balizada na razão objetiva. Há algum tempo confesso que estava obcecado com a ideia da depuração da verdade.Não existe verdade depurável. Existem versões dos fatos. Mesmo que você conseguir comprovar através de dados e provas, as pessoas continuarão batendo o pé e compartilhando as “verdades”que considerarem vantajosas para seus interesses . Se você perguntar a um bandido como foi preso, ele não só se declarará inocente como acusará a polícia de tortura e maus tratos. E na questão política, dá-se o mesmo. Por exemplo, todos querem o fim da corrupção, mas a corrupção dos outros. A que é cometida pelos companheiros não é corrupção. São delitos leves e afinal de contas, para atingir objetivos maiores, portanto justificáveis. Mas e as leis? Ora, as leis são para os inimigos do rei. Imperativo é formar maioria em todas as instâncias. Isso feito, tá tudo dominado e tudo é possível. </p>
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<strong>Síndrome de Regina Duarte ou Cegueira Vermelha?</strong></p>
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Nessa de absolver todo tipo de conteúdo, passei a observar melhor, comecei a checar fontes, tirei velhas lentes e de repente vi um país nu a minha frente. E não foi uma nudez bonita de se ver. Comecei a enxergar além da neblina ideológica e essa visão começou a derrubar velhos mitos. Já me disseram que estou sofrendo de Síndrome da Regina Duarte. Os petistas criaram esse termo para carimbar as pessoas que criticam o Lula ou a Dilma. Alguns direitistas também já insinuaram que eu sofria de cegueira vermelha, pela defesa que fazia do PT e do socialismo. Eu só queria elogiar o que ia bem e criticar o que ia mal. Simples assim. Mas quando eu falava bem levava lenhadas e era “xingado” de petista .Quando disse que era a favor da copa e que os protestos eram tardios, choveram pedras nas minhas vidraças. Quando falo que muitos programas do governo são bons, pedem meu escalpo. Mas ai tem as coisas que não concordo, como o caso da BR 381 que não sai do papel nem que vaca tussa e comecei a enxergar e a opinar sobre várias coisas que me incomodavam, comecei a enxergar coisas que muitas vezes meu coração se recusava a ver. Parece até que a síndrome da Regina Duarte suplantou a cegueira vermelha. Os absurdos começaram a pesar na balança e me vejo completamente desolado e desesperançoso com o país.</p>
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<strong>Num país de cegos, quem tem olho é inconveniente.</strong></p>
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O que me resta então? Parar de me preocupar e me ocupar com o que não tem conserto. Usar os outros 50, 60 anos que me restam para coisas realmente construtivas. Resignar-me com minha condição de formiguinha que pouco pode contra o elefante, que não faz caso nem do meu esquálido voto. O povo espelha os políticos e os políticos espelham o povo, e os alvos são móveis. Como diz meu amigo Dindão, do micro ao macro a cadeia está toda contaminada. E cadeia mesmo que é bom, só pros ladrões de galinha. Vamos falar mais de arte e cultura que vai dar mais certo...</p>