Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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28/02/2014 15h58

Carnaval sem DST: clam?dia ? pouco conhecida e pode levar ? infertilidade

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<p> &nbsp;&ldquo;Sexo seguro, pode fazer tudo. Contanto que seja com camisinha. Isso &eacute; importante lembrar&quot;. Quem disse sabia do que falava. O alerta est&aacute; registrado na voz de Renato Russo durante a grava&ccedil;&atilde;o do Ac&uacute;stico MTV da Legi&atilde;o Urbana, em 28 de janeiro de 1992 ap&oacute;s a interpreta&ccedil;&atilde;o de &lsquo;Mais Do Mesmo&rsquo;, terceira m&uacute;sica do disco. Portador do HIV, poucos anos depois, em outubro de 1996, morreria de complica&ccedil;&otilde;es da doen&ccedil;a.</p> <p> E aqui estamos, v&eacute;spera de mais um carnaval, temporada de liberdade sexual, euforia e prazer. Mas escutemos o alerta de Renato: sexo seguro sempre, porque as doen&ccedil;as sexualmente transmiss&iacute;veis (DSTs) est&atilde;o a&iacute;, em grande diversidade e expressiva incid&ecirc;ncia na popula&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Nunca vi um estudo estat&iacute;stico que prove que a incid&ecirc;ncia de DSTs aumenta no carnaval, mas o que se nota nos postos de sa&uacute;de e consult&oacute;rios &eacute; um aumento no n&uacute;mero de pessoas que procuram ajuda ap&oacute;s os quatro dias de folia&rdquo;, afirma o ginecologista e diretor da Associa&ccedil;&atilde;o de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (SOGIMIG), D&eacute;lzio Bicalho.</p> <p> O mote deste ano para a campanha do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de (MS) amplia o foco da preven&ccedil;&atilde;o de DSTs para outros grandes eventos brasileiros como a Festa de S&atilde;o Jo&atilde;o e a Copa do Mundo: &lsquo;Se tem festa, festa&ccedil;o ou festinha, tem que ter camisinha&rsquo; &eacute; o slogan da a&ccedil;&atilde;o. Nesta ter&ccedil;a-feira (25), foram distribu&iacute;dos 104 milh&otilde;es de preservativos. &ldquo;DST n&atilde;o tem preconceito com idade: acomete jovens, adultos, idosos e crian&ccedil;as (com transmiss&atilde;o atrav&eacute;s da m&atilde;e nos casos de Aids e s&iacute;filis). Tamb&eacute;m n&atilde;o tem preconceito com orienta&ccedil;&atilde;o sexual ou estado civil e muito menos com o tipo de sexo, seja ele oral, vaginal ou anal&rdquo;, &eacute; o recado de D&eacute;lzio Bicalho.</p> <p> Nas duas &uacute;ltimas d&eacute;cadas, segundo o especialista, a incid&ecirc;ncia de DSTs v&ecirc;m aumentando. &ldquo;N&atilde;o somente pelo aumento populacional. Com os medicamentos de disfun&ccedil;&atilde;o er&eacute;til, entra em cena uma faixa et&aacute;ria acima de 60 anos que n&atilde;o era ativa sexualmente e passou a ser&rdquo;, diz. D&eacute;lzio lembra que todas as DSTs t&ecirc;m tratamento e, com exce&ccedil;&atilde;o da Aids, todas t&ecirc;m cura. Para ele, informa&ccedil;&atilde;o, preven&ccedil;&atilde;o e acompanhamento m&eacute;dico s&atilde;o os pilares para uma vida sexual saud&aacute;vel.</p> <p> <strong>Clam&iacute;dia e a infertilidade feminina</strong></p> <p> Aids, HPV, clam&iacute;dia e s&iacute;filis puxam a fila das doen&ccedil;as sexualmente transmiss&iacute;veis com consequ&ecirc;ncias mais s&eacute;rias. Entre elas, a clam&iacute;dia &eacute; a menos conhecida. Com diagn&oacute;stico dif&iacute;cil, a bact&eacute;ria &eacute; transmitida principalmente pela via sexual e provoca a chamada doen&ccedil;a inflamat&oacute;ria p&eacute;lvica da mulher. &ldquo;O grande problema &eacute; que com a aus&ecirc;ncia de sintomas, passa desapercebida&rdquo;, alerta o ginecologista e coordenador do Centro de Medicina Reprodutiva da Maternidade Santa F&eacute;, Ricardo Le&atilde;o. O especialista explica que, no contato com o organismo feminino, o microorganismo pode provocar a inflama&ccedil;&atilde;o do &uacute;tero e das trompas e causar dano permanente. &ldquo;A trompa &eacute; o local onde o espermatoz&oacute;ide encontra o &oacute;vulo. Dessa forma, a mulher tem chance aumentada de ter uma gravidez tub&aacute;ria, al&eacute;m da dificuldade de engravidar&rdquo;, informa. O m&eacute;dico explica que nem com o ultrasson ou o papanicolau &eacute; poss&iacute;vel identificar a les&atilde;o. &ldquo;Para descobrir, &eacute; preciso se submeter a um exame de sangue espec&iacute;fico para a clam&iacute;dia. Em caso positivo, pedir um raio X das trompas para saber se o contato com a bact&eacute;ria gerou algum dano&rdquo;, detalha. No Brasil, o sistema p&uacute;blico de sa&uacute;de n&atilde;o oferece gratuitamente o exame de sangue para essa doen&ccedil;a.</p> <p> &ldquo;Para quem trabalha com reprodu&ccedil;&atilde;o &eacute; um desafio muito grande. O exame n&atilde;o &eacute; feito de rotina e como &eacute; assintom&aacute;tico n&atilde;o &eacute; solicitado pelo ginecologista. Entre 17 e 25 anos, em geral, &eacute; a fase em que a mulher entra em contato com a clam&iacute;dia, mas ela s&oacute; vai descobrir o problema aos 30, quanto estiver tentando engravidar&rdquo;, diz. Outro problema, aponta Ricardo Le&atilde;o, &eacute; o aumento da incid&ecirc;ncia da doen&ccedil;a em fun&ccedil;&atilde;o da inicia&ccedil;&atilde;o da vida sexual mais cedo e do maior n&uacute;mero de parceiros.</p> <p> No caso dos homens, n&atilde;o existe consenso cient&iacute;fico de que o contato com a clam&iacute;dia tenha rela&ccedil;&atilde;o com a infertilidade masculina. &ldquo;O homem fica como transmissor, n&atilde;o aparece sintoma. Se a mulher apresenta algum problema, investigamos o casal. O exame de sangue detecta se o paciente j&aacute; teve o contato com a clam&iacute;dia ou se est&aacute; doente no momento do exame&rdquo;, explica Ricardo. Segundo ele, as estat&iacute;sticas apontam que entre 15 e 20% das mulheres tiveram clam&iacute;dia. &ldquo;No entanto, esse n&uacute;mero n&atilde;o reflete a realidade porque muitas delas tiveram ou t&ecirc;m e n&atilde;o sabem. Outro dado interessante mostra que 30% das causas de infertilidade em mulheres s&atilde;o por danos na trompa, que pode ter sido causado pela clam&iacute;dia, mas tamb&eacute;m por outras doen&ccedil;as&rdquo;, diz.</p> <p> &nbsp;&ldquo;Come&ccedil;a a sair uma secre&ccedil;&atilde;o pela uretra. Se o homem notar um corrimento na cueca, deve procurar um m&eacute;dico para avaliar a suspeita dessa doen&ccedil;a&rdquo;. Para prevenir &eacute; simples: preservativo. &ldquo;A mulher poderia pegar clam&iacute;dia pela boca, mas n&atilde;o levaria &agrave; infertilidade porque a bact&eacute;ria tem predile&ccedil;&atilde;o pelas c&eacute;lulas do trato genital feminino&rdquo;, afirma Ricardo Le&atilde;o.</p> <p> <strong>Aids: sexo oral pode transmitir v&iacute;rus</strong></p> <p> D&eacute;lzio Bicalho afirma que o mais importante para se saber sobre a Aids &eacute; que o v&iacute;rus &eacute; transmitido por fluidos corp&oacute;reos como o esperma do homem ou a secre&ccedil;&atilde;o vaginal da mulher. No final de 2013, o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de divulgou que 340 mil brasileiros est&atilde;o em tratamento contra a doen&ccedil;a. No entanto, mais de 150 mil pessoas sequer sabem que s&atilde;o HIV positivo. &ldquo;S&atilde;o essas pessoas que est&atilde;o transmitindo o v&iacute;rus e aumentando a incid&ecirc;ncia da doen&ccedil;a&rdquo;, afirma o ginecologista.</p> <p> Por incr&iacute;vel que pare&ccedil;a, a falta de informa&ccedil;&atilde;o sobre a transmiss&atilde;o da Aids tamb&eacute;m &eacute; um desafio brasileiro. Bicalho diz que, com medo da gravidez, o sexo oral se tornou moda entre os jovens. &ldquo;S&oacute; que a ejacula&ccedil;&atilde;o &eacute; riqu&iacute;ssima em carga viral&rdquo;, alerta. No caso do sexo oral em mulher a situa&ccedil;&atilde;o ainda &eacute; mais complicada. &ldquo;A camisinha feminina n&atilde;o protege totalmente contra o HIV porque ela n&atilde;o ret&eacute;m tanto a secre&ccedil;&atilde;o vaginal&rdquo;, alerta.</p> <p> Nesse caso, o ginecologista diz que a melhor forma de se prevenir &eacute; manter rela&ccedil;&otilde;es sexuais com pessoas saud&aacute;veis. Para ele, a alternativa &eacute; fazer o teste do HIV. &ldquo;O exame est&aacute; dispon&iacute;vel em todos os 147 centros de sa&uacute;de de Belo Horizonte&rdquo;, diz.</p> <p> <strong>HPV: vacina n&atilde;o dispensa o papanicolau</strong></p> <p> O HPV &eacute; a doen&ccedil;a sexualmente transmiss&iacute;vel mais prevalente. &ldquo;Temos mais casos de HPV do que todas as outras DSTs somadas. A Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial de Sa&uacute;de (OMS) estima 300 milh&otilde;es de pessoas com o v&iacute;rus no mundo&rdquo;, diz Bicalho. O ginecologista explica que 32% desses casos englobam os tipos 16 e 18, que s&atilde;o os mais perigosos: podem provocar c&acirc;ncer de colo de &uacute;tero e s&atilde;o assintom&aacute;ticos.</p> <p> A vacina&ccedil;&atilde;o brasileira prevista para ser iniciada em 10 de mar&ccedil;o deste ano em meninas de 11 e 13 anos &eacute; a quadrivalente. Ela oferece prote&ccedil;&atilde;o contra quatro subtipos (6, 11, 16 e 18). Os 16 e 18 s&atilde;o respons&aacute;veis por cerca de 70% dos casos de c&acirc;ncer de colo de &uacute;tero em todo o mundo. A expectativa para 2015 &eacute; a amplia&ccedil;&atilde;o da vacina para meninas de 9 a 11 anos.</p> <p> J&aacute; os tipos 6 e 11, tamb&eacute;m conhecidos como verruga genital, s&atilde;o vis&iacute;veis, n&atilde;o causam c&acirc;ncer e o tratamento consiste na retirada das les&otilde;es. &ldquo;O importante a saber &eacute; que, mesmo assim, n&atilde;o &eacute; t&atilde;o simples. Esses tipos de v&iacute;rus nunca est&atilde;o sozinhos, s&atilde;o uma combina&ccedil;&atilde;o de v&aacute;rios subtipos e, se apareceu externamente, pode ser que tenha na parte interna tamb&eacute;m. Nesses casos, homens e mulheres devem procurar ajuda m&eacute;dica&rdquo;, sugere Bicalho. O especialista lembra tamb&eacute;m que a les&atilde;o interna pode demorar entre 10 e 12 anos para se manifestar ap&oacute;s o contato com o v&iacute;rus.</p> <p> O uso do preservativo tamb&eacute;m &eacute; a forma de preven&ccedil;&atilde;o do HPV e o ginecologista lembra: &ldquo;a vacina&ccedil;&atilde;o n&atilde;o dispensa o papanicolou anual&rdquo;.</p> <p> <strong>Hepatites virais</strong></p> <p> As mais problem&aacute;ticas, segundo D&eacute;lzio Bicalho, s&atilde;o as do tipo B e tipo C. &ldquo;A hepatite B pode ser transmitida por rela&ccedil;&atilde;o sexual, compartilhamento de seringas, uso de copos comunit&aacute;rios e pelo canudo usado para aspirar a coca&iacute;na&rdquo;, esclarece. Apenas a hepatite B tem vacina, mas no Brasil, &eacute; oferecida pelo sistema p&uacute;blico apenas para profissionais de sa&uacute;de e gr&aacute;vidas. Para contrair a hepatite C &eacute; preciso contato direto com sangue. &ldquo;&Eacute; mais raro, mas &eacute; perigoso&rdquo;, diz o m&eacute;dico. Os sintomas piores come&ccedil;am a aparecer quando diminui a fun&ccedil;&atilde;o do f&iacute;gado e pode acabar em cirrose ou c&acirc;ncer. A preven&ccedil;&atilde;o &eacute; a mesma que para o HIV: evitar contatos com os fluidos corp&oacute;reos como saliva, secre&ccedil;&atilde;o vaginal e esperma.</p> <p> <strong>Herpes e o beijo na boca</strong></p> <p> Os beijoqueiros de carnaval devem dar aten&ccedil;&atilde;o especial &agrave; herpes. O HVS ou herpes v&iacute;rus simples se manifesta na boca, vagina e p&ecirc;nis. &ldquo;As les&otilde;es bolhosas aparecem na transi&ccedil;&atilde;o cut&acirc;neo-mucosa e duram entre 7 e 10 dias&rdquo;, afirma Bicalho. O ginecologista diz que o l&iacute;quido dentro da bolha &eacute; que transmite o v&iacute;rus. &ldquo;Qualquer les&atilde;o na boca &eacute; motivo para n&atilde;o beijar&rdquo;, alerta.</p> <p> <strong>S&iacute;filis: DST antiga que pode levar &agrave; morte</strong></p> <p> Entre as DSTs antigas - gonorr&eacute;ia, linfogranuloma ven&eacute;reo, cancro mole, D&eacute;lzio Bicalho chama aten&ccedil;&atilde;o para a s&iacute;filis, doen&ccedil;a causada pela bact&eacute;ria Treponema. &ldquo;Apesar de n&atilde;o ser muito frequente vem acontecendo um recrudescimento em fun&ccedil;&atilde;o da permissividade sexual&rdquo;, observa o especialista. A doen&ccedil;a come&ccedil;a silenciosa, mas pode levar &agrave; morte. &ldquo;Mas &eacute; fac&iacute;limo de tratar com penicilina&rdquo;. No homem, a doen&ccedil;a se manifesta com uma ferida no p&ecirc;nis. Na mulher, os sintomas s&atilde;o inespec&iacute;ficos</p>

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